Your House Helper: você é o que sua casa apresenta

Your House Helper: você é o que sua casa apresenta

Oii, pessoas!! Como estão? A resenha de hoje é do drama Your House Helper (2018) ou simplesmente ‘Seu ajudante de casa’, este é um drama de 32 episódios produzido pela emissora sul-coreana, KBS2, com cada episódio contendo em média 30 min de duração. Atualmente, o drama está disponível no Viki e Kocowa. O drama que foi baseado em uma web comic de Seung Jung Yeon, e tem em seus gêneros principais slice of life e romance, me alimentou com uma bela retração de histórias que nos entregam muitas lições de vidas.

Your House Helper discorre sobre a vida um homem que divide sua vida entre superar seu passado e ser o melhor ajudante de casa possível, e sobre quatro jovens que precisam achar uma forma de arrumar suas casas e seguir em frente. E um dia, Ji Woon (Ha Seok Jin), o ajudante de casa, entra na casa que Im Da Young (Bona) divide com suas três amigas, Han So Mi (Seo Eun Ah) e Yoon Sang A (Ko Won Hee); e esta única visita é capaz de mudar a vida tanto do trio, quando da amiga comum do trio Hye Joo (Jeon Soo Jin). Com esse ponto de partida, o drama passa a desenvolver os relacionamentos dessas pessoas, suas vidas cotidianas e o crescimento que acontece dentro delas graças a novos encontros e reencontros. E também, denota como o auxílio do ajudante foi importante, pois, como o próprio diz, a organização de sua casa não afeta apenas o espaço físico, mas também o bem-estar interior de cada cliente. (OBS: Além disso, após os créditos finais de alguns episódios, Ji Woon dá algumas dicas interessantes e práticas para os espectadores em suas tarefas domésticas – dá até vontade de realizar todas essas dicas).

Outrossim, acompanharemos nesta trama a vida de quatro mulheres e um homem, sendo essas mulheres, pessoas de personalidades opostas que estranhamente se completam, com a convivência elas conseguem superar as mais diversas fases da vida e complicações do dia a dia, como questões sobre a saúde da mulher, colegas de trabalhos ruins, solidão, assédio moral, abuso sexual, perdas e relacionamentos variados. Logo, o drama realmente faz um bom trabalho em retratar a evolução de cada um dos personagens diante suas provações pessoais e interpessoais. A trama trás, de uma maneira única e especial, a realidade sobre limparmos nossa casa e nosso interior através de um ajudante de casa (o que eu adorei já que é uma profissão que nunca vejo os dramas colocarem os personagens masculinos).

Kim Ji Woon é um homem de fachada rude, meticuloso, muito organizado e extremamente direto em suas falas e feitos, por muito tempo trabalhou como agente bancário, porém, após um evento traumático passou a repensar sobre o que realmente quer de sua vida e qual é o significado dela, e em meio a tantas questões e turbulências internas, ele resolve sair do seu emprego e criar a sua empresa de limpeza de casas. Ademais, na sua perspectiva, limpar a casa é algo que transcende o nível físico, o ato de deixar ir as coisas velhas e acumuladas e as sujeiras, também mostra que estamos limpando nossa mente, assim como ele denota que quando aceitamos que alguém entre em nossa casa, estamos permitindo que entrem em nossa vida também. Ji Woon não é um homem de sorrisos (o que é típico dos personagens do Ha Seok Jin né, mas não precisam ficar com medo, o personagem dele não é ruim) mas é um personagem que realmente tem uma trajetória interessante na trama, uma vez que ele tem fardos grandes demais e assuntos inacabados que fazem com que se sinta ‘preso’ a monotonia.

A jornada deste personagem se dá através da sua superação interna do passado e a criação de novos vínculos. O Ji Woon é um homem um tanto solitário, por mais que tenha o apoio do amigo, ele não se abre inteiramente, principalmente quando o assunto é sobre sua ex-namorada. Embora ele ajude muito as meninas e as demais pessoas ao seu redor, por vezes esquece de olhar para si mesmo. Com isso, a trama denota que sua jornada é acerca do crescimento que ainda precisava ocorrer para que assim, ele mesmo pudesse ter a iniciativa de se ajudar. Contudo, o personagem aos poucos vai conseguir se curar dessas feridas, seguir em frente e encontrar um pilar de apoio carinhoso e reconfortante em Da Young. Porém, ele não encontra uma mão amiga apenas na Da Young, quando resolve abrir a porta de sua casa para mais pessoas, seu ciclo não para de crescer e assim nasce uma nova família de coração.

A jovem In Da Young é uma estagiária numa agência de publicidade que ainda sofre muito com a perda do pai, logo, por mais que não tenha recursos para bancar, não quer renunciar à casa que o pai lhe deixou. Esta personagem é uma menina que se faz de forte e consegue retratar perfeitamente sua casa, sendo bela e bem estruturada do lado de fora, mas por dentro acumula bagunças de memórias, mágoas, tristezas e coisas aleatórias que deveriam ser esquecidas. Por ainda se tratar de uma estagiária, ela é extremamente dedicada ao trabalho (mesmo que muitas vezes finjam que não sabem de sua existência e/ou reduzem seu trabalho a pegar café), seu dia a dia é uma completa bagunça, sai cedo, chega tarde e nunca arruma sua casa – sendo este último, gerado por motivos pessoais -. Por conseguinte, Da Young abre a porta de sua casa (e coração) para Kim Ji Woon que ajuda limpando a bagunça de sua casa (e de seu coração).

A trama da personagem se trata da luta entre o machismo e o ambiente hostil de trabalho, ao decorrer da trama. Além disso, Da Young também precisa superar a solidão que se encontrava e começar a abrir sua vida tanto para que suas amigas pudessem a ajudar, como para poder encontrar o amor. Aos poucos, ela tornou-se uma pessoa mais forte à medida que aprendeu a se defender e a expressar o que sabia estava certo no trabalho, e ganhou coragem para finalmente seguir em frente em relação à morte de seu pai. Eu amei o fato de que a Da Young fez do Ji Woon seu pilar de conforto e apoio assim como ela se tornou o dele. Esses são dois corações que carregam mágoas e possuem uma fachada dura, mas que não conseguem deixar de ceder quando se conhecem e se aproximam.

Ji Woon e Da Young foram um belo casal que denota que a diferença de idade não é empecilho para o amor, o único empecilho entre eles pode ser a sujeira presente na casa que denota os fardos de relacionamentos mal terminados, ademais, esses são fardos que podem ser limpos e revitalizados. O seu relacionamento não é rápido e sim lento (acredito que até mesmo possa haver pessoas que tiveram dificuldade em shippar o casal), outrossim, é um casal belo que realmente mostra o quão importante é se abrir com seu companheiro sem mentiras ou omissões, e sim, tratar sempre com muito amor e apoio mútuo. Mas ainda assim foi um casal que denotou que o amor pode ser simples, maduro e bonito.

Nosso trio feminino também é composto por Sang Ah, ela é uma designer de joias que aguarda sua tão esperada promoção para poder resolver seus problemas financeiros, enquanto isso, ela vive sua na casa bagunçada cuidando do cachorro do seu namorado de longa data, enquanto assiste seu relacionamento desmoronar. Essa personagem em si teve uma jornada bem interessante na trama, por muito tempo viveu em uma relação sem futuro, onde acaba sendo jogada para escanteio quando menos esperava. E quanto mais o tempo passava, mais a Sang Ah era consumida e machucada, até que um dia o ajudante de casa, Ji Woon, visita sua casa para limpá-la, e o processo a ajuda a enxergar coisas na sua vida diária que por muito tempo não havia reparado, e tal limpeza a fez conseguir seguir seu caminho sem obstáculos e encontrar um novo lar, assim como, encontrar um novo amor.

Logo, a jornada de Sang Ah foi superar a prisão de sujeira onde ela se colocou, onde não poderia levar uma vida habitual e sim, entrar na personagem que a sociedade desejava. O seu processo é lento, mas acontece, aos poucos ela aprende a se reconhecer e ver o tamanho de sua força para criar sua marca no mundo, assim como, poder se dar ao luxo de encontrar o amor novamente no olhar de uma pessoa que está realmente disposta a lhe valorizar. E é nisso que entra o nosso amorzinho (sim, nosso, meu e dela, porque esse homem é um amor), o advogado Jin Kook (Lee Ji Hoon), Jin Kook é quase o homem maravilhoso que toda mulher espera (literalmente, eu posso ter me apaixonado pelo personagem nesse drama), não estou dizendo que ele é um exemplo de perfeição, uma vez que ele pode se tornar um ‘bobo’ quando o assunto é relacionamento amoroso e encontros, ademais, é incrível como em sua trajetória, ele aprende o quão bom é levar a vida sem muitos planos e amar sem medo de se arriscar no desconhecido.

Jin Kook e Sang Ah são um casal lindo, que sem dúvidas fizeram bem um para o outro, pois enquanto estavam em seu processo de amadurecimento sozinhos eles se encontraram e ajudaram a agregar na vida um do outro, o Jin Kook dando leveza aos dias da Sang Ah e fazendo com que ela recuperasse o seu amor próprio em meio a declarações bonitas e um apoio incondicional (ai gente, foi tudo para mim ele fazendo busca atrás de busca para apoiar o sonho dela), assim como, Sang Ah faz muito por ele, mostrando que a vida não é como um calendário onde tudo acontece como o planejado, ela faz com que o Jin Kook aprenda a ser mais espontâneo e se arriscar. Além disso, é lindo vê-los se apaixonando, uma vez que ele se apaixona primeiro e realmente se esforça para poder estar perto da Sang Ah. Enfim, deu para perceber que eu amei esse casal né?

A trama também nos apresenta a fofa e quieta So Mi, essa personagem por muitas vezes vemos ela quieta e reclusa, o que mostra o reflexo de tantas coisas que passou. So Mi é uma jovem manicure que vive diariamente com medo tendo que lidar com sua androfobia (que é a fobia e horror ao sexo masculino), que foi adquirida durante alguns eventos traumáticos de sua adolescência. Essa é uma personagem que apesar de não ser completamente explorada como as demais, ela nos apresenta uma narrativa interessante de superação dos medos, logo, e sem dúvidas é uma das personagens a qual mais gostei de ver o crescimento, uma vez que foi ela mesma quem tomou a decisão de superar seu trauma. Seu processo não é rápido, demora muito e pode ser agonizante ver as coisas que ela passa, como seu medo de andar no transporte público, mas é realmente gratificante vê-la compreender que pode expor o que acha e não precisa se esconder no seu casulo.

Durante seu processo, ela passa a perceber que a questão traumática estava no passado e com isso, deveria aprender a olhar para frente, para seu futuro (SPOILER – Contudo, devo confessar que gostaria que a trama tivesse inserido ou apenas mencionado que ela também estava indo a consultas com psicóloga ou terapeuta, pois o trauma dela era forte demais para que ela tratasse sozinha, com um copo de bebida ou com a ajuda do garçom novinho – SPOILER). Enfim, foi realmente incrível ver seu crescimento de mulher quieta e introvertida, para uma mulher que compreende que pode se abrir mais com as pessoas, e que também está livre para abrir as portas do seu coração para experimentar o amor. Logo, não posso deixar de dizer que amei seu envolvimento com o fofo Park Ga Ram que realmente se empenhou em poder ajudá-la em seu processo de cura, enquanto também respeitava o tempo dela.

Não menos importante, temos Hye Joo, a jovem que é dona de uma pequena loja de joias junto com seu melhor amigo é uma mulher forte e determinada, mas que infelizmente está presa a um sentimento não-correspondido/impossível. Com isso, a jornada da Hye Joo é aprender a não colocar mais roupas no cabide do que ele suporta, assim como, aprender a não empilhar roupas (sentimentos e frustrações), assim como seu guarda-roupa era uma bagunça e misturava roupas limpas com velhas, sujas e rasgadas, sua mente era uma bagunça, mas essa questão é devido ao fato dela não saber como lidar com questões simples. Em uma tentativa de acabar com seus sentimentos por seu amigo gay ela o chama para morar com ela, o que só faz com que os sentimentos cresçam se tornando um verdadeiro nó de sujeita a qual ela não sabia lidar, até que o Ji Woon a ajuda a entender que muitas coisas precisam ser ditas, e tal sentimento só iria embora quando ela resolvesse realmente o libertar e deixar ser limpo. No mais, acho que por mais que a personagem tenha tido muitos momentos de tela, ela não foi tão aproveitada quanto poderia ter sido.

Este é um daqueles dramas de fatia de vida doces com pessoas comuns e suas vidas diárias ele não se concentra em uma pessoa ou tem grandes tramas de vida ou morte, mas apresenta muitas pessoas diferentes, o que torna todos os personagens bem desenvolvidos e interessantes. A história dos personagens vai crescendo ao longo dos episódios e podemos sentir cada vez mais empatia por eles, e também, nos divertir com suas interações. À vista disso, por mais que tenha um valor muito importante na trama em apoiar e incentivar as personagens femininas, eu não acho que Ji Woon seja o elemento mais importante da trama, este título pertence a amizade e sororidade transpostas no drama, essas meninas se apoiam em todos os momentos, e são bastante honestas umas com as outras durante todo o show. A amizade feminina apresenta as histórias de quatro mulheres diferentes que vivem juntas em uma mesma casa e sua amiga em comum. Nossas três amigas Da Young, Sang Ah e So Mi, eram melhores amigas do ensino médio que acabaram se reunindo e reacendendo sua amizade de uma maneira improvável, mas ainda assim importante. Contudo, elas acabam se tornando um quarteto a partir do momento em que Hye Joo, que foi a responsável pelo reencontro delas, passa a ser inserida nessa linda amizade. Cada uma delas tem suas lutas e dificuldades na vida e todas são uns amores. O drama também apresenta amizades masculinas que são realmente incríveis através dos membros do Go Café, pois eles se apoiam constante.

Por mais que a trama seja calma e leve, temos muitos assuntos importantes sendo tratados – apesar de que, tenho algumas reclamações sobre como retrataram alguns temas –. Tais como, um personagem homossexual (este personagem se encontra como amigo de uma das personagens femininas, eu – particularmente – gostaria muito que o drama lhe desse mais abertura e maior desenvolvimento, contudo, me senti bem ao fato deles ao menos lidaram com esse aspecto sem estereótipos ofensivos); o assédio sexual e ambiente de trabalho hostil (apesar de a trama não se alonga muito em trabalhar esses dois temas de uma maneira que eu desejava, ele retratam muito bem algumas conversas, terapia com outros, colegas de trabalho se apoiando e outros pontos); E o minha tag tão amada, ‘Found Family’ (não tenho nenhuma reclamação sobre este ponto, a trama mostra os personagens se curando juntos e no processo se tornando uma grande família, foi algo realmente lindo de se ver). Além disso, o drama não coloca a ex-namorada do protagonista como antagonista da história, e sim, mais uma mão amiga que os ajuda e não atrapalha.

O drama se preocupa em nós ensina que com o sistema de apoio certo e com tempo suficiente, as pessoas mudam e encontram cura para melhor, mesmo que cada um siga seu próprio ritmo. O drama não coloca nenhum grande vilão ou complicações na história, apenas nos mostra a vida e seu próprio conjunto particular de complicações, e como cada personagem crescer como indivíduo. Logo, não posso deixar de dizer que amei o crescimento de cada um dos personagens tanto o crescimento interno, quanto o externo.

Your House Helper é um drama sobre a vida, como lidamos com tudo e todos que nos cercam, então, para as pessoas que gostam de dramas que falam sobre o nosso dia a dia e como levamos a vida, como Miss Hammurabi (2019), Because This is My First (2017) e talvez, um pouco de Dear My Friends (2016), fica a minha indicação deste drama que conquistou um lugar especial no meu coração e na minha lista de favoritos. Your House Helper captura a beleza do amor e da amizade que se apoiam, celebram e choram juntos. Talvez se não pudermos limpar a bagunça sozinhos, podemos pedir ajuda e limpar nossos espaços juntos. Então terminarei essa resenha com uma frase do drama: “Se você ignorar seu problema, com passar do tempo se torna mais difícil de resolver. Você pode não saber como resolver, mas, se você se comprometer, quase sempre não é tão ruim”.

Alice Rodrigues

Estudante de Comunicação social – Jornalismo, e atuando como social media, criadora de conteúdo digital e assessora de imprensa. Além de amar conhecer novas culturas, é viciada em ler e ouvir inúmeros podcast de assuntos variados. Dorameira desde de 2016, adora acompanhar e analisar narrativas e conteúdos que fazem parte da criação de um drama (elenco, filtros usados, fotografia, simbologia das cenas e outros).

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