Vincenzo: quando laços se tornam família e um prédio se torna um lar

Vincenzo: quando laços se tornam família e um prédio se torna um lar

Saudações!! Quem está escrevendo esse texto é a Brenda, mais conhecida como órfã de Vincenzo, desamparada, que nem sabe o que vai escrever nessa resenha de hoje, jesus ajude, pois eu até tentei procrastinar esse texto. Vincenzo é um drama de 20 episódios da tvN, que nos fez companhia todos os sábados e domingos, está disponível na Netflix, estando presente em vários momentos no top 10 da plataforma. O drama é o sucesso de 2021, por todo lugar do nosso universo doramático, só se fala de Vincenzo e, já adianto, não é pra menos! Vincenzo merece, tentarei fazer uma resenha merecedora do meu amado. Aliás, não sou uma pessoa imparcial para falar de Vincenzo, na verdade, eu nem tento. Inclusive, temos uma série de impressões semanais até o episódio 17 do kdrama com muito spoiler viu.  Vamos acompanhar a minha tagarelice nessa resenha de hoje?

O K-Drama é sobre o Consigliere da máfia Italiana Vincenzo Cassano, que vai para a Coreia do Sul atrás de uma fortuna em barras de ouro escondidas dentro de um edifício. O objetivo de Vincenzo é claro, tirar as barras de ouro do prédio o mais rápido possível, se for preciso até mesmo explodi-lo. No entanto, quanto mais tempo demora para o mafioso conseguir colocar as mãos no ouro, mais ele vai formando laços inesperados, e descobrindo que a podridão na Coreia do Sul é tão grande, podendo ser pior até que máfia, afinal, ela está alastrada por todos os cantos. Então, Vincenzo, com sua sede de vingança, e em parceria com a advogada Hong Cha Young, entra em disputa com um poderoso grupo denominado Babel e resolve ser o vilão responsável por derrotar esses vilões.

A proposta do enredo de Vincenzo é nítida, o drama coloca como centro um personagem que foge de todos os padrões de herói, o primeiro aspecto a se saber sobre a obra é esse, o Vincenzo não é um herói, e por mais que o personagem durante todo o drama insista em dizer que é um vilão, e ainda que esteja mais próximo disso do que um herói, eu diria que o nosso protagonista se encontra na área cinzenta entre o herói e o vilão, para mim ele é mais como um anti-herói, afinal, ele não é o antagonista da história, e sim, o personagem principal, ele não busca causar o mal apenas pelo mal, durante todo o drama vamos conhecendo as motivações de Vincenzo, seu passado, suas prisões pessoais, a forma como ele se relaciona com um mundo e como os personagens da obra se relacionam com ele. Durante todo o drama ele é humanizado. É obvio dizer isso, mas Vincenzo é sobre Vincenzo Cassano, acompanhamos sua luta contra o grupo Babel, mas também sua luta contra ele mesmo. Isso faz o drama tudo que ele é, isso compõe as características ricas da obra. Aliás, isso não quer dizer que por ter o centro o Vincenzo, o drama não vai oferecer um olhar especial para todos os personagens, ao contrário, todos os personagens principais são bem trabalhados.

Inclusive, o que me marcou em assistir Vincenzo nos primeiros episódios foi justamente o trabalho que o enredo faz com as máscaras, com as camadas que existem detrás de toda pessoa, o potencial de evolução de cada personagem. Temos uma ideia inicial de todos os personagens que, aos poucos, durante toda a história vai sendo desmitificada, ou melhor, vamos conhecendo os outros lados dos personagens principais que compõe a trama. O Vincenzo não é apenas o mafioso frio e calculista, a Cha Young não é somente a advogada ávida por dinheiro capaz de usar de métodos sujos para ter o que quer. O roteirista escolheu sabiamente mostrar as características “ruins” dos personagens primeiro, para já termos uma ideia do que esperar, do que esses personagens são capazes. O drama brinca com essa ideia inicial dos personagens, e nos permitir, gradualmente, conhecer todos eles, seus lados bons e ruins, suas facetas e surpreende ao mostrar elas.

O próprio crescimento do Vincenzo durante a história denota isso, o mafioso também possuir um crescimento emocional, o drama não busca redimir o personagem pelos seus erros, mas sim, que o personagem se aceite como é, lide com cada um dos seus atos da melhor forma possível, saiba o que o diferencia ele dos demais, mas não perca sua essência, isto é, enfrente seus monstros internos. Na minha opinião, a história é muito mais sobre como Vincenzo enfrenta seus monstros internos do que os monstros externos da sociedade. Quando Vincenzo volta para Coreia do Sul, o personagem se encontra naquele limbo onde não sabe onde definitivamente é seu lar, não sabe como lidar com os sentimentos perturbadores que o assolam, não sabe como formar laços ou se deve e merece forma-los, tudo que ele mais quer é fugir para um lugar distante, fugir dele mesmo. Só que as situações que ele enfrenta na sua batalha contra a Babel e sua permanência na Coreia do Sul, o obrigam a encarar cada um de seus problemas, é como se aos poucos ele vai encontrando seu verdadeiro lar, sua verdadeira família e aceitando. Foi muito bonito ver isso, o ajuste do personagem e o encontro de seu lugar, a reconciliação, a iluminação de Vincenzo ao longo da obra é encontrar seu lugar no mundo, que por mais que não seja o lugar de um herói bonitinho ou do próprio buda, é um lugar perfeito para ele.

O que mais gosto em Vincenzo Cassano e sua construção, talvez seja a capacidade dele de reconhecer que ele não é o mocinho, mas também sua capacidade de mostrar que também tem sentimentos, que é humano, que tem angustias e arrependimentos. O enredo do K-Drama torna muito fácil se relacionar com o Vincenzo, pois, ele também tem imperfeições. Aliás, o trabalho que o drama faz nessa identificação do telespectador com o personagem é excelente, pois sentimos cada uma de suas emoções. Até mesmo nas cenas de comédia, desde os primeiros episódios, é possível perceber essa tentativa de trazer o telespectador para dentro da obra, as situações de “perrengue” que Vincenzo passa nos primeiros episódios vão quebrando aos poucos a imagem inicial distante dele, e cada vez mais notamos Vincenzo Cassano se permitindo ter e vivenciar novas emoções e novas expressões faciais também, fazendo chorar e sentir raiva junto com ele. O personagem carrega em si uma comicidade e também uma seriedade encantadora. Essas características extraem cenas icônicas de comédia, mas também cenas icônicas reflexivas, o que são os conselhos do nosso consigliere favorito? É possível fazer um livro de citações com todas as falas de Vincenzo durante o drama que impactam e nos ensinam algo. O drama sabe o momento perfeito de se levar a sério e o momento perfeito de fazer rir.

A trajetória da Hong Cha Young no drama também é encantadora, se Vincenzo é sobre Vincenzo Cassano, o drama não seria o que seria sem Hong Cha Young, não é? É possível traçar a linha de Vincenzo antes e depois de Cha Young, e também a linha de Cha Young antes e depois de Vincenzo, temos muito da parceria dos dois na jornada do K-Drama contra os malfeitores. Por mais que Cha Young possua características que a diferem do Vincenzo, no fundo eles são bem parecidos, ambos sabem o que é arrependimentos, e utilizam a máxima os fins justificam os meios, ambos não são heróis. Eu amo a personagem da Cha Young, no primeiro episódio, não gostei muito dela não, mas, aos poucos, a sua ousadia, determinação e suas palhaçadas me conquistaram. O jeito espontâneo e teatral da Cha Young e a capacidade dela de sempre nos arrancar uma risada é maravilhoso. Assim, se o Vincenzo é um personagem mais reservado, a Cha Young é bem mais extrovertida. O interessante é exatamente esse contraste entre eles, a Cha Young é uma personagem muito mais emoção, é o que move ela, muitas de suas ações são maravilhosas, porque ela fala o que pensa e age de acordo com o que sente.

A trajetória da Cha Young é também sobre encontrar um novo lar depois de ter perdido o antigo, digo isso, pois para mim é muito bonito como a nossa protagonista vai crescendo ao longo do drama. A personagem aprende como controlar melhor suas emoções, como se tornar uma “vilã” e, acima disso, o lugar dela no mundo também, no começo a Cha Young não sabia pelo que se deveria lutar, o que ela deveria ser.  Ela mascarava todas as suas características que associavam a fraqueza – seu pai uma delas – pois, aparentemente, achava que elas atrapalhavam seus planos de ser forte e conseguir o que almeja. Aos poucos, vemos essa reconciliação dela com sua essência, não é um personagem preto ou branco, ela também se encontra na área cinzenta, que possuir características moralmente duvidosas, mas, que também possuir sentimentos e dores como qualquer outro ser humano. Hong Cha Young é um ótimo exemplo de personagem feminina bem representada nos K-Dramas, que tem suas próprias vontades e obstinação. Se eu fosse reclamar de algo sobre o desenvolvimento da personagem, é como ela aparece pouco nos episódios finais – spoiler a seguir a briga passa a ser resumida a Vincenzo e Babo, e a personagem é deixada de lado em determinado momento da narrativa no final, chegando a cair no clichê da donzela em resgate.

Sabe aquela expressão “se separados já arrasam, imagine juntos?” ela serve perfeitamente para Cha Young e Vincenzo, ao acompanhar a luta de nossos personagens com o grupo Babel também assistimos a formação de um laço entre eles, a Cha Young e o Vincenzo combinam perfeitamente. O foco do K-Drama não é romance, ele é um dos gêneros da obra, mas não o central, mas acredito que a inclusão de romance na narrativa foi muito bem equilibrada, a trama proporcionou as doses certas para fazer amar os personagens juntos. Os dois personagens esbanjam química entre si, é bonito ver a parceria e a sintonia que ambos têm um com o outro, adorava as cenas que o Vincenzo falava e a Cha Young completava ou vice-versa. É possível ver que eles também conversavam entre si e entendiam perfeitamente um ao outro, as vezes sem precisar falar apenas por meio de um olho, muitas das cenas de Cha Young e Vincenzo estão na sutileza do não dito ou do dito por trás de certas palavras. Não é novidade eu afirmar que torci loucamente para esse casal se oficializar. Sendo bem brega, acredito que ambos se complementavam no sentido de terem as características que faltava um no outro, a Cha Young trouxe mais emoção para a vida do Vincenzo e o Vincenzo mais racionalidade para a Cha Young, gostei que durante a maior parte da história os dois estavam colocados como iguais na narrativa, lutando pela mesma causa. Foi uma parceria extremamente maravilhosa de se assistir, se eu favoritei esses dois juntos? Mas é claro, muito bom ver suas ideias foram da curva para enfrentar os vilões da história e como um ajudam ao outro nos seus problemas internos.

Enfim, aproveitar que estou discorrendo sobre laços e escrever também sobre outro laço que amo no K-Drama que é o formado entre o Vincenzo, Cha Young e os moradores do prédio. Um dos pontos centrais da narrativa do drama é o prédio Guemga Plaza, toda a história começa com ele, principalmente porque o ouro que o Vincenzo busca está nele. Como esquecer a frase “Questo edifício é mio”? até mesmo quem não assistiu o drama reconhece essa frase, para mim essa frase é interessante, pois, a medida que o Vincenzo vai se relacionando com as pessoas do prédio e lutando para ele não ser demolido, o prédio realmente se torna dele, não no sentido material, mas no sentido emocional mesmo, aos poucos, todos os moradores do prédio vão formando uma grande família com o Vincenzo, em que todos se apoiam, é lindo ver esse laço se solidificando, eles se aproximando e permanecendo unidos, passa aquela ideia de que a união faz a força. A desconfiança inicial vira um amor genuíno. Entrementes, a noção de família é muito palpável no drama, as questões familiares são abordadas no enredo, seja em relação ao Vincenzo, a Cha Young, aos dois irmãos da Babel, aos moradores, podemos pensar no verdadeiro significado de família e no valor que é atribuído a ela.

Os moradores do prédio também muito agregam no drama no sentido de comédia da obra, é muito divertido assistir todas as cenas deles, cada um com sua peculiaridade, as interações deles com o Vincenzo. Aos poucos, vamos percebendo também que cada um deles também possuir uma máscara ou um segredo que carrega, até mesmo nos surpreendendo. Gostei de como o roteirista criou isso para trazer algumas soluções rápidas para a história, fazendo com que cada um deles agrega-se em determinado momento da narrativa.

A trajetória dos moradores também nos proporciona momentos reflexivos, isso porque o grupo de moradores é uma representação também do povo Coreano, mas, que também se amplia para todas as pessoas além de Coreanas. Assim, eles nos fazem pensar sobre a tomada de consciência a cerca das explorações sofridas, sobre o lado injustiçado, é bom ver os moradores começando a se importar com os acontecimentos injustos da sociedade, antes eles estavam muito preocupados tentando sobreviver, mas, aos poucos, nos ensinam que só sobreviver não basta, mas também enfrentar e se importar. A trajetória deles é uma exemplificação da saída do processo de alienação, uma verdadeira lição para questionarmos até onde estamos presos ao que as estruturas podres nos submetem.

Existem também em Vincenzo os personagens que chamamos de “podres”, o que denominamos de vilões, os que estão do outro lado da história. O principal vilão no enredo é o grupo Babel, envolvido em injustiças, corrupção e mortes, junto com o escritório de advocacia Wusang. A característica do enredo de Vincenzo se baseia na noção de que “só monstros para derrotarem os monstros”, isto é, só o mal para derrotar o mal, então a linha que separa os personagens principais dos vilões é tênue, já que não existem mocinhos na história. Muitas vezes acompanhamos Vincenzo utilizando métodos comparáveis aos dos vilões ou até mesmo piores para derrotar eles. O drama não entra no maniqueísmo do bem contra o mal, usando o mal contra o mal, afinal, só quem conhece a essência perversidade do mal pode derrotá-lo. Assim, os vilões de Vincenzo são a exemplificação da sociedade corrupta, eles concentram em si todos os pecados contidos nos seres humanos, em muitos momentos, eles dão nojo por suas características, contendo em si um comportamento desesperado, e nenhum princípio moral, o aspecto cômico que cada um contém contribuir para tudo no enredo parecer ser uma grande satirização da sociedade.

É isso. O enredo apresenta personagens vilões que, inevitavelmente, nos fazem pensar sobre que tipo de pessoas nossa sociedade é formada, a respeito da hipocrisia das pessoas, sobre os males que corrompem o ser humano, instituindo a máxima que todos estão suscetíveis a se corromper. O próprio Babo junto com sua trupe denota ânsia pelo poder desenfreado, a ganância, mas também a covardia, o desejo de estar escondido enquanto controla as pessoas.  O embate entre os dois lados da história é o que movimentam a trama e trazem as temáticas centrais da narrativa. Logo, o drama também fala da deterioração da concepção e busca por justiça, o quanto a ideia de justiça não funciona mais em uma estrutura corrupta em que as partes estão podres, a banalização dos aspectos sociais em prol do dinheiro, a dicotomia traição e lealdade, o desejo por poder, a punição, o perdão, a culpa e os arrependimentos, a vingança. Assistir Vincenzo é constantemente se questionar sobre a sociedade que vivemos, é também um exercício de sair da alienação e passar a se importar com os problemas sociais. Vincenzo aos poucos vai tirando o telespectador da torre que está preso e sem vergonha nenhuma rir de todos os defeitos presentes na sociedade.

Uma das sacadas do enredo de Vincenzo é a utilização do elemento do ouro para evidenciar a ganância do ser humano, mostrando como esse mal pode cegar e como a maioria das pessoas ou quase ninguém está isenta dela, é interessante ver como os moradores do prédio vão ficando absortos nessa questão do ouro, a ponto de esconderem coisas um do outro. Não poderia deixar de mencionar o plot do ouro, pois ele adveio com muitas cenas divertidas e reflexões também, aos poucos, percebemos a  mensagem sobreo valor material das coisas e o valor emocional, uma vez que de certa forma, o drama mostra que o ouro mais precioso está em nossos corações, na ligação que os personagens tem com prédio e uns com os outros. Mas, ao mesmo tempo que o drama deu certa centralidade para esse momento em determinado ponto da narrativa, a história deixou de centralizar nele. O final de Vincenzo fechou todos os pontos, mas, pensando melhor, não posso deixar de achar que gostaria de saber se os outros moradores do prédio realmente esqueceram o ouro, aparentemente sim, mas ainda acho que isso poderia ter sido melhor trabalhado.

Voltando para o tópico dos antagonistas da trama, o único aspecto que gostaria de criticar seria o potencial de aproveitamento do Babo, acredito que ele poderia ser mais aproveitado principalmente no arco final, sempre pensei que sua capacidade de atrocidades e como o psicopata que o enredo colocou como ele sendo, ele poderia ter ações mais pensadas e engendrar o conflito para um nível mais alto. No fim, a maior parte do tempo, ele apenas fez o que a ex-promotora sugeriu, disse que achava divertido jogar mas pouco jogou, não mostrando todo o seu potencial, ao meu ver, poderia ter sido melhor trabalhado nesse sentido.

Em contraponto, se fosse indicar um personagem que me surpreendeu foi o Han-Seo, ele é um personagem muito interessante, pois, aos poucos, vai mostrando sua real faceta e que não é somente o bobo. Durante a trama, o personagem conquista e faz com que criemos afetos por ele. Han-Seo também tem uma história emocional bem trabalhada ao longo do enredo, já que vemos um garoto que passou a vida vivendo como fantoche e com medo do que poderia acontecer com ele, sofrendo diversos abusos físicos e emocionais. O que acho bonito na trajetória dele é como aos poucos ele vai assumindo ou tentando assumir o controle de sua própria vida, se permitindo ter laços e sentimentos próprios. De forma, silenciosa ele vai resistindo e não tem como não rir e torcer pelo Han-seo e todas as suas fragilidades. Inclusive, gostei muito como o enredo tratou a relação dele com o Babo, foi interessante acompanhar essa diferença e distância entre os irmãos, e a situação de sujeição. Minha critica só vai para a forma que ocorreu o fechamento da história do personagem no enredo, não gostei e não superei do uso que fizeram ao personagem, ele merecia realmente um fim melhor, que mostrasse esperanças, a regeneração de sua trajetória.

Ademais, o gênero central da história é a comédia, Vincenzo possuir elementos de direito, romance, crime e drama, mas, o verdadeiro protagonista é o aspecto cômico, a forma que a própria obra parece não se levar a sério mesmo tendo momentos sérios. Logo, o drama possuir muitas cenas inusitadas com o Grupo Babel e o Grupo Vincenzo, o que propicia diversos risos, já que a maioria das cenas de embates são carregadas de situações inesperadas vivenciadas pelo lado inimigo, muitas delas são um verdadeiro teatro que beira ao exagero e que funciona muito bem para escancarar a podridão. Inclusive, a história usa muito do recurso ao exagero e ao humor sátiro, já vi pessoas atribuindo esse tipo de humor do drama como algo forçado, mas para mim é genial, é um humor ácido que possuir muitas críticas sociais por trás. O uso disso surpreende e divertir horrores, eu mesma rir demais – spoiler a seguircomo o próprio uso do pombo na cena de salvamento do Vincenzo -, é inesperado e uma ótima sacada de humor e significado.

Aliás, o que o drama tem muito é significado, a história também possuir muitas referências, inclusive a outros K-Dramas, isso torna tudo bem mais divertido. O fato do Vincenzo ser da Máfia Italiana traz para o enredo algumas citações ótimas, mas também uma ligação com o aspecto religioso e familiar. Inclusive, eu quase não falei sobre como a Máfia foi introduzida no drama, pois não conheço do assunto, mas, pelo visto, o drama bebe de filmes clássicos sobre o assunto. Acredito que a máfia não é o elemento central na trama, ela é só uma justificação do que formou o personagem principal, seus princípios, Vincenzo não é uma história sobre a máfia em si, mas sobre como a corrupção e a maldade pode estar em todo lugar, como todos as pessoas podem ser piores do que a máfia e formarem suas próprias organizações, denotando que o homem é lobo do próprio homem.

No tocante ao elemento religioso na trama, ele é bem presente na história, a todo momento o drama faz analogias bíblicas, o próprio fato do Vincenzo ter um pombo de estimação, as concepções de pecado e punição, a relação dos irmãos comparada a história de Caim e Abel, a grande referência  a torre de babel que norteou toda a história e o embate com o grupo corrupto, já que o Babo parece querer ser comparado a uma divindade, a dicotomia divindade e diabo, a utilização do fogo em muitas cenas como elemento de punição. Na verdade, não apenas ao catolicismo, o drama também faz referências ao budismo em muitas cenas.

Isto é, o drama atribuir muitos significados, principalmente em alguns objetos postos em cena e menções criadas, assim, tenho que elogiar o excelente trabalho de direção da obra, que parece estar ligado a todos os detalhes, em relação a comédia a direção se destaca com certeza. Além disso, os momentos finais de cada episódio do drama geram curiosidade para continuarmos assistindo, surpreende e engana, em todos os episódios a história utiliza o recurso ao flashback, que é muito bem introduzido, já que geram as emoções necessárias, principalmente surpresa.

Ainda nas partes técnicas, a Ost (estou viciada nessa trilha sonora) e a fotografia são excelentes, o excelente trabalho gráfico também, já que as cenas na Itália não foram gravadas na Itália, mas, contaram com uma produção ótima. Por último, mas não menos importante, devo elogiar com grandes elogios, as atuações, que elenco espetacular!. Conseguimos sentir todas as emoções em Vincenzo porque a atuação dos atores também nos permite isso, eu quero eles sendo aclamados para sempre, criei empatia e ligação com todos. Song Joon Ki encarnou realmente o Vincenzo, aprendendo até mesmo falar Italiano, por ser o personagem central, o Vincenzo tem muitas cenas na obra e algumas bem difíceis de serem interpretadas, adorei como o Joon Ki conseguiu mostrar todas as facetas do nosso anti-herói favorito, ainda acho que se eu for pra Malta posso encontrar o Vincenzo lá, pois, o mesmo parecia real. Jeon Yeo Bin, que só conhecia de Be melodramatic, mas que arrasou, a atuação da atriz foi única, pois passou toda a intensidade da Cha Young e todas as nuances exageradas e engraçadas da mesma, emoções palpáveis, ela merece muito sucesso e ainda acho também que se for para Malta posso encontrar a Cha Young e o Vincenzo lá (KKK perceba o sonho dessa garota kkkkkk).  Quanto ao Taecyeon ele realmente entregou tudo e mais um pouco com esse vilão que a gente não conseguia odiar totalmente, as cenas dele realmente me impressionaram, atuação impecável, passou tudo no olhar e interpretou muito bem as duas faces do Babo. Gente! Eu vou parar por aqui, pois não posso ficar falando o quanto amei a atuação de todos até amanhã, mas eu poderia viu? KKKK (Dong Yeon, você também arrasou kkk).

Por fim, e agora é o fim mesmo desse texto doido e sem rumo, Vincenzo realmente me conquistou e se tornou um dos meus dramas favoritos, para minha pessoa rendida pela história é um dos melhores dramas de 2021 e tenho certeza que mesmo quando o ano se finalizar ele vai estar lá no top 5, é difícil e impossível eu superar Vincenzo e tudo que esse K-drama proporcionou. Sim, Vincenzo é isso tudo sim, e quem disse o contrário pode ver de novo. Gostei de como a história finalizou, acredito que fechou todas as pontas que se propôs, e foi pé no chão ao fazer isso.  A mistura de personagens carismáticos, enredo envolvente e critica social foi o prato perfeito. Vincenzo é um drama que nos alegra e que tira nossas esperanças tudo ao mesmo tempo, é um drama que finca nossos pés na realidade, que pode não ser tão maravilhosa assim, mas, que ao mesmo tempo, nos faz rir de nós mesmos e da merda que é nossa sociedade. Vincenzo faz pensar sobre quão longe o ser humano é capaz de ir, ensina que o mal está bem próximo e que nosso verdadeiro lar são as pessoas.

Brenda Mendes

Historiadora, professora e criadora de conteúdo digital, está sempre em busca de uma nova história para desbravar e aquecer seu coração, apaixonada por doramas de romance e slice of life, é uma leitora ávida há mais de 10 anos.

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