The Makanai: o amor através da simplicidade

The Makanai: o amor através da simplicidade

Oii pessoinhas, vamos dialogar um pouco? A resenha que vos trago hoje é do dorama japonês ‘The Makanai: Cozinhando para casa Maiko’, este foi um drama produzido originalmente pela Netflix e lançado em janeiro de 2023, contendo apenas 9 episódios (que possuem cerca de 40 minutos cada). O drama que retrata o belo caminhar de duas amigas que se mudam para uma cidade estranha em busca de realizar seus sonhos tem como gêneros principais o slice of life e a amizade, com isso, sabemos que este será um caminhar lento e bonito, mas isso falaremos mais ao longo desta resenha.

Quando penso na melhor maneira de definir esse drama, eu diria que ele pode ser facilmente descrito na frase “seja você mesmo”, The Makanai mostra o processo de duas jovens que deixam a escola para seguir um sonho, contudo, o sonho a ser seguido pertencia apenas a uma  delas, mas devido a ligação tão forte entre ambas, a outra acaba acompanhando, mas isso não quer dizer que a escolha dela de acompanhar a amiga foi ruim, o drama mostra que para toda escolha que fazemos é possível ressignificar e fazer disso uma oportunidade, basta você querer e se arriscar no difícil, basta você escolher se você ‘vai ser a pessoa que vai ficar ou que vai ir embora’, como dito pela vovó.

Na trama somos apresentados a Sumire (Yuuki Luna) e Kiyo (Nana Mori), duas jovens de 16 anos totalmente diferentes, enquanto uma consegue ser mais ‘refinada’ a outra é muito desajeitada e distraída, entretanto, são igualmente fortes, sonhadoras e alegres. Sozinhas, as duas saem de sua pequena cidade do interior com destino a casa Saku, em Kyoto, para se tornarem maikos, as aprendizes de geikos-gueixas. E nessa mudança, não demora para que elas logo percebam a diferença entre os lugares, principalmente quando se trata de costumes, alimentos e formas de preparar a comida, mas uma coisa elas aprendem que tem em todo lugar, a companhia uma da outra e o conforto de que a comida lhes trará um bom sentimento.

Kiyo é uma menina muito amável, eu amei como ela sempre é grata pelas coisas as quais passa e pelas pessoas que conhece, não que ela nunca fique triste, ela realmente fica chateada com a possibilidade de ter que sair da Sako House, mas como sempre, ela consegue transformar o momento ruim em algo bom e cura sua dor. Na verdade, a Kiyo é como a ‘vitamina’ da Sako House, por meio de pratos comuns ela consegue alegrar e ‘curar’ a dor e a ansiedade dos personagens, levá-los, mesmo que por poucos segundos, para um lugar ou memória boa que clareia o caminho a qual estão andando.

Sumire é uma jovem calma e também amável, eu diria que ela é como o amuleto da Sako House (como também foi definida por uma das maikos), uma jovem sonhadora e esforçada que sempre está lá para defender suas amigas que tem fervor em aprender e sonha poder finalmente alcançar sua estreia como uma geiko. Gentil e esforçada, Sumire, ou Momohana – como também fica conhecida, vivência seus dias sorrindo enquanto continua a caminhar pelo seu sonho.

A amizade dessas duas sem dúvidas foi o ponto mais lindo desse drama, a forma que elas conseguem se entender com o olhar e realmente se alegrarem com os feitos uma da outra. Eu diria que o laço delas não é uma simples amizade, é como se realmente fossem irmãs que se preocupam e amam intensamente uma a outra. O tipo de amizade que realmente apoiamos e queremos ter por perto. Sem dúvidas, minhas cenas favoritas eram as quais a Kiyo olhava com orgulho da Sumire, bem como quando a Sumire ficava com orgulho da Kiyo.

Como dito anteriormente, esse é um slice of life, logo, podemos nos deleitar com os pequenos detalhes da trama que passeia devagar com o tempo, nos mostrando a beleza da transformação e o amadurecimento das jovens, bem como, a própria narrativa mostra através dos costumes da Saku House, onde é proibido o uso de aparelhos eletrônicos, o que mostra um pouco a resistência da cultura de entrar na modernidade (mas não uma resistência tão grande, a mamãe é moderna uma vez que tem um altar para o Hyun Bin com fotos atuais kkkkk e uma das jovens diz que seu novo crush é nosso querido Lee Je Hoon).

A leveza da trama captura em detalhes simples as complexidades e belezas da cultura maikos e geikos, uma arte tradicional do Japão que infelizmente vem enfraquecendo, pela tentativa de preservação da sua cultura, se recusarem a entrar na modernidade (como elas não poderem usar artigos tecnológicos ou usar seus cabelos soltos). The Makanai nos mostra que não é tão fácil vivenciar essa arte nos dias atuais onde ela vem enfraquecendo, mas que ainda assim, há pessoas que ainda são apaixonadas pela tradição e que esperam ansiosamente para o ‘debut’ de novas geikos, logo, acredito que mesmo que não tão grandiosamente, o drama nos explica sobre a prática da tradição. E é louvável o fato de que o drama de forma alguma fetichiza a cultura das gueixas.

The Makanai também mostra com veemência o quanto foi um drama difícil de ser produzido e realizado tanto para a edição quanto para os atores, as cenas pareciam ser extremamente trabalhosas, seja por conta da tonelada e maquiagem que usavam, os penteados desconfortáveis, as danças que deveriam aprender ou outros pontos. Acredito que por isso, o fato de termos muitas cenas as quais temos mais movéis e cenários do que as personagens não me incomodaram, elas conseguiram dar voz ao drama, principalmente no ato de mostrar a Sako House como um lugar caloroso, oferecendo simplicidade a trama.

Contudo, por mais que seja notório que amei o enredo, não posso deixar de dizer que gostaria que tivesse um pouco de aprofundamento de alguns aspectos da narrativa, seja no quesito da amizade das duas jovens com o Kenta (Jyo Kairi), na indicação do ‘triângulo’ amoroso’ do Kenta com as meninas, nos sentimentos da filha da mamãe ou na relação mãe e filha delas. Outrossim, não acho que a trama teve um tempo hábil para isso, uma vez que a todo momento havia algo sendo discorrido e era necessário.

Este não é tipo de drama que dará a vontade de maratonar ou implorar por uma sequência, principalmente por se tratar de um slice of life (inclusive, se não gosta do gênero NÃO ASSISTA A THE MAKANAI). O drama mostra a simplicidade da vida de jovens que desejam seguir a arte milenar, bem como, mostra que algumas se arrependem de seguir essa vida e outras sentem orgulho, algumas podem sair e voltar, outras saem sem olhar para trás. Ele mostra que tudo é uma questão de ser verdadeira(o) com seus sonhos e anseios, ser realista com você mesma, se você está ou não está feliz no lugar onde está e no que você tá fazendo, se você vai ou não vai se arrepender sobre seus feitos.

Enfim, The Makanai é um drama lindo que mostra o quanto a amizade é importante, ele é como um lembrete que na vida você precisa seguir seus sonhos e ser 100% você a todo momento, lembra que as vezes, os pratos mais simples são os quais nos dão mais felicidade. A trama é como um retrato sobre o que uma vida enclausurada pode gerar e também é um lembrete gentil que uma amizade e pequenos atos de bondade valem muito.

The Makanai está disponível para assistir na Netflix.

Alice Rodrigues

Estudante de Comunicação social – Jornalismo, e atuando como social media, criadora de conteúdo digital e assessora de imprensa. Além de amar conhecer novas culturas, é viciada em ler e ouvir inúmeros podcast de assuntos variados. Dorameira desde de 2016, adora acompanhar e analisar narrativas e conteúdos que fazem parte da criação de um drama (elenco, filtros usados, fotografia, simbologia das cenas e outros).

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