Summer Strike: um slice of life com uma pitada de romance e melodrama

Summer Strike: um slice of life com uma pitada de romance e melodrama

Olá, como estão? Aqui quem escreve é a Brenda, hoje vou resenhar o drama sul-coreano Summer Strike, uma produção da emissora ENA que possui 12 episódios, tendo como principais gêneros romance, vida, drama e melodrama. Summer strike está disponível para ser assistido no streaming do Viki e Netflix.

O drama conta a história de Yeo Reum (Kim Seol Hyun), uma jovem que sofre uma série de acontecimentos desagradáveis em sua vida e percebe que não está se valorizando o suficiente, a rotina estressante que ela vive suga toda a sua felicidade e a deixa esgotada. Assim, em um belo dia, Yeo Reum decide tomar as rédeas de sua vida, ela abandona seu emprego, muda para uma cidadezinha do interior (Angok) e proclama que está em greve. Isto é, nossa protagonista decide dar uma pausa e viver apenas com suas economias em Angok por um tempo, se livrando de tudo que é desnecessário. Lá, ela encontra o adorável bibliotecário, Dae Beom (Im Si Wan), ele também possui seus problemas pessoais e está em Angok buscando paz assim como nossa protagonista. Os dois iniciam uma bonita jornada de cura em que a premissa de “não fazer nada” ganha o centro.

Eu amo slice of life, é um dos meus gêneros favoritos, e o fato de Summer strike ser um slice of life com uma pitada de romance e melodrama me chamou atenção instantaneamente. Mas, além disso, eu precisava assistir Im Si Wan de long hair e sendo adorável como é. Então, esse foi o drama que mais queria assistir no segundo semestre de 2022. E já adianto que Summer Strike entregou exatamente o que eu precisava assistir. Uma história que tem como objetivo mostrar personagens machucados se curando, bem como é uma trama que nos convida a entrar em greve com eles, a tirar uma pausa em nossos dias corridos para relaxar, para entender o significado da felicidade e o proposito da nossa vida.

Assim, a pausa de verão que o título do drama propõe não fica restrita somente aos personagens não fazendo nada e valorizando o que é importante, mas também evoca a nossa participação, já que Summer Strike transmite uma sensação de conforto, felicidade, deixando nosso coração quentinho, como um banho de piscina no meio do calor do verão, um pedaço de melancia que adoça os dias quentes ou um sorvete delicioso que refresca nosso corpo, o drama nos traz as sensações que as férias de verão exprimem. Logo, assistir Summer Strike é como entrar de férias junto com os personagens, é como tirar um tempo para respirar, para deixar o ar entrar na janela, aproveitar o verão e perceber que vida pode ser vivida vagorosamente com a liberdade que essa estação do ano exterioriza.

Justamente por isso, os personagens de Summer Strike são tão identificáveis em certo ponto, eles estão/estavam como a maioria de nós, vivendo suas rotinas estressantes, se cobrando demais, tentando atingir um ideal imposto pela sociedade sem olhar seu próprio interior. Em muitos momentos, somos sugados pela nossa rotina, não é? Os dias parecem iguais, a direção e o sentido não parecem certo, e as vozes das outras pessoas ganham mais importância do que a nossa, nos silenciamos e negligenciamos. Yeo Reum fez isso com ela durante muito tempo, Dae Beom também. Eles apagaram suas próprias vozes, desejos e se culparam.

Dae Beom, que era um gênio da matemática no passado, ficou sem fôlego e largou tudo para ir em Angok e ser um bibliotecário. Yeo Reum trabalhava em uma editora em que seus colegas só a insultavam e vai em direção a Angok para se reencontrar.  O que os dois personagens principais têm em comum não é só a decisão de viver tranquilamente e o fato de estarem esgotados, mas, a natureza gentil, fofa e doce de ambos. A Yeo Reum e o Dae Beom são pessoas altruístas que não pensam duas vezes em se doar para as pessoas, eles são tão adoráveis que é impossível você não querer proteger nossos protagonistas desse mundo cruel, pois, já sofreram tanto. Eles apreciam o silêncio, são introvertidos, mas quando se juntam formam um lindo laço em que as conversas se tornam constantes, em que a gentileza ganha primazia. É refrescante acompanhar sua lenta aproximação, a forma como dois estranhos criam um vínculo de amizade e romance. Eles são pessoas tão simples que seu romance também se assemelha a eles, sendo simples e minimalista, não precisa de grandes declarações dramáticas e beijos trocados, sentimos o amor ali em cada gesto simples, em cada interação deliciosamente engraçada, em cada momento atrapalhado, principalmente, todas as vezes que fazem bem um para outro.

Com isso, fica claro que o romance não é o foco da narrativa do drama, porém, mesmo não sendo o enfoque principal, ele me propiciou mini surtos, muito amor e coração quentinho, bem como cenas para lá de fofas. Esse romance se mostra de forma mais explicita na trama do casal secundário formado pelos estudantes Kim Bom (Shin Eun Soo) e Jae Hoon (A.mond/Bang Jae-Min). A Bom e o Jae Hoon formam um romance muito fofo e jovial, eles são completos opostos, ela é mais fechada e mal humorada e ele mais bobo e alegre, a química entre os dois é muito boa e o contraste entre os personagens torna cada interação deliciosa. Muito bonitinho como o Jae Hoon é bobinho pela Bom e gradualmente percebemos que o elemento em comum de ambos é a solidão. Não esperava que iria gostar tanto dos dois juntos, eles me conquistaram lentamente e quando vi estava encantada.

A Bom, o Jae Hoon, o Dae Beom e a Yeo Reum formam um quarteto de amizade maravilhoso, acredito que uma das coisas que Summer Strike faz muito bem é ressaltar os laços entre as pessoas. A amizade entre esses quatro é bastante improvável e eles são muito diferentes entre si, mas é delicioso ver como se divertem juntos e se preocupam uns com os outros. O que é mais legal nisso é definitivamente a amizade feminina entre Bom e Yeo Reum, já que é um dos pontos que abrilhantam o drama, é tão bonito assistir a relação de irmãs que elas constroem, como a Yeo Reum chegou na vida da Bom como uma pessoa decisiva que apoiava, entendia e não a julgava. Ambas são essenciais na vida uma da outra, rompendo a solidão que sentiam. Aliás, apesar de serem pessoas com personalidades diferentes uma da outra, acredito que Yeo Reum viu na Bom um pouco dela mesma quando mais jovem e vice versa, parece que em meio ao sofrimento elas se reconheceram, apesar das idades e personalidades diferentes. Esse laço entre as duas foi uma das minhas coisas favoritas no drama e que me arrancou definitivamente lágrimas e risadas.

Além disso, Summer Strike tem a proeza de desenvolver satisfatoriamente os quatro personagens principais da trama, no sentido que conhecemos a história de cada um deles e entendemos suas dores. Por exemplo, a Bom tem uma história muito atrelada ao alcoolismo do pai, então é dolorido e interessante assistir esse contexto em que modifica a vida da jovem e impregna o pessimismo em sua postura diante do mundo. Ao longo dos 12 episódios, o drama diz que todo mundo tem suas preocupações, que elas devem ser respeitadas e que a maioria das pessoas estão lutando dia após dia para viver nesse mundo caótico. A história denota a desesperança e a esperança, palavras intrínsecas a vida.

O melhor nisso tudo é que o drama consegue manter a leveza diante dos problemas dos personagens, certamente iremos nos emocionar, mas nada é melancólico demais, ainda é possível sentir uma doçura e singeleza. Um dos pontos que ajudam nesse clima da obra é o senso de comunidade criado, não sei vocês, mas amo dramas que se passam em cidades pequenas, pois existe toda uma vizinhança e laço entre as pessoas que ajudam e reconhecem uma as outras, Summer Strike também tem isso. Quando a Yeo Reum chegou em Angok ela não foi bem recebida, mas é gostoso notar como os estigmas a respeito da jovem vão se rompendo e ela vai encontrando seu lar ali, acho que é isso… Summer Strike também é sobre uma jovem que encontra seu verdadeiro lar, denotando que família é aqueles que escolhemos para abrigar no coração, indo além de laços de sangue.

Com a trajetória da Yeo Reum e a adaptação a pequena cidade mais uma vez eu entendi que não podemos desistir da gentileza, da doçura, o Dae Beom e ela mostram exatamente isso, o mundo foi cruel com eles, mas eles sempre devolveram tudo com amor e gentileza. Admiro muito os dois por isso. No fim, o drama também nos diz que gentileza gera gentileza, pode ser clichê, mas é delicioso pensar que o bem que você faz modifica. Vi comentários de pessoas que acharam os dois personagens sem ação, sem graça e que eles deixavam as pessoas pisarem em cima deles, devo dizer que discordo disso, as pessoas não estão acostumadas com pessoas gentis, todas as vezes que era necessário eles mostravam sua força e voz.

Um dos pontos que não esperava ao assistir Summer Strike era o fato da narrativa ter o elemento mistério, foi definitivamente uma surpresa. Na trama existe um mistério a respeito de um assassino que atormenta o prédio que a protagonista mora em Angok. Eu sou fã de mistério, no entanto, não gosto da inserção desse na trama, não acho que tinha muita necessidade. Na verdade, eu até gosto dele até certo ponto, mas quando chega nos episódios finais não acho que tinha muita necessidade de inserirem aqueles acontecimentos, com certeza foi emocionante, mas não gosto de como o enredo resolveu conduzir o mistério e trabalhou com ele. Às vezes destoava um pouco do clima geral da história. Sem contar que o drama possui apenas 12 episódios, então fazer isso de forma perfeita com pouco tempo é realmente uma tarefa difícil, e por isso o aspecto apressado da reta final, a qual senti falta da finalização mais redonda dos conflitos.

Ademais, o elenco de Summer Strike é composto por atores/atrizes relativamente desconhecidos na cena de atuação, talvez o mais conhecido seja o Si Wan. Porém, o mais surpreendente é que eles entregam atuações consistentes, adequadas a seus personagens. Não conhecia a atuação da maioria do elenco, foi meu primeiro contato com a Seol Hyun e ela foi bem interpretar a Yeo Reum transmitiu a doçura da personagem muito bem. Quem me chamou atenção foi a Shin Eun Soo no papel de Bom, ela merece mais destaque, foi ótima e conseguiu me emocionar em muitos momentos com sua atuação.

Outrossim, Summer Strike faz um trabalho interessante com analogias e simbolismo, não é tão acentuado, mas está lá e eu sou muito fã disso. Por exemplo, o direcionamento do enredo através das estações do ano, como o verão e a primavera, representando fases na vivência dos personagens e o fato do nome dos personagens centrais da trama também remeteram as quatro estações do ano, uma forma de marcar a transitoriedade da vida, a ligação entre eles. A corrida que a Yeo Reum e o Dae Beom começam a fazer juntos todas as manhãs quando se aproximam, que denota como o laço que eles estão construindo os leva em direção a libertação, a superação de suas preocupações. Ou até mesmo o fato de a biblioteca ser colocada no enredo como um local que os personagens sempre estão, assim, a representação da biblioteca como um local de refúgio, de paz, de pausa. E amo isso da biblioteca, pois é exatamente o que esse espaço sempre representou para mim, um lar e um lugar para se desligar do mundo.

Em suma, Summer Strike é esse ponto de paz, muitas vezes me transmitiu a mesma sensação que tinha enquanto assistia Run On, outro drama protagonizado pelo Si Wan, os sentimentos de leveza e felicidade estavam lá, eu podia realmente relaxar e me encher de amor, fofura e reflexões muito boas. Summer Strike nos convida buscar nossa felicidade e ressignifica a ideia de felicidade que a maioria das pessoas acredita; Felicidade não é sentir constantemente uma alegria imensa, não é acumular riqueza ou mil coisas desnecessárias, não está tão longe de nós o quanto pensamos, não é tão difícil quanto imaginamos, o drama nos reconforta dizendo que para ser feliz você não precisa de muito, a felicidade está nas pequenas coisas, nos laços, nas nossas memórias, em uma corrida em que sentimos a brisa e liberdade em nosso rosto, nesses pequenos momentos que quando olhados em retrocesso se tornam grandes.

Felicidade é bem-estar. Felicidade, nas palavras de Summer Strike, é não faltar nada, não é olhar para o que não temos, mas valorizar nossa personalidade e cada pequena coisa ao nosso redor. Felicidade é uma decisão. É não se cobrar tanto, ser gentil consigo e com todos. Felicidade é harmonia. Summer strike evidencia que não precisamos de tudo que achamos que precisamos, que não tem nenhum problema em tirar uma pausa e colocar nossas ideias no lugar, que respirar para sobreviver é preciso, que relaxar é necessário. Summer Strike ensina a sermos seres humanos que acrescentam, que não julgam e que cultivam. Não fazer nada às vezes é a melhor decisão que se pode tomar. E tudo bem. Afinal, por que temos que fazer tudo o tempo todo? No final de nossas vidas, o que vai sobrar? Quais memórias vão ficar? Você está vivendo de acordo com seus próprios padrões? Está feliz? Crie suas próprias regras, respeite seu tempo e agarre sua felicidade. Não há problema em pegar a estrada oposta e entrar em greve para se reencontrar, para recomeçar.

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Imagens|Gifs: Reprodução/Han Cinema

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Brenda Mendes

Historiadora, professora e criadora de conteúdo digital, está sempre em busca de uma nova história para desbravar e aquecer seu coração, apaixonada por doramas de romance e slice of life, é uma leitora ávida há mais de 10 anos.

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