My Unfamiliar Family: uma jornada familiar

My Unfamiliar Family: uma jornada familiar

Oii pessoinhas, vamos dialogar um pouco? A resenha que vos trago hoje é do drama sul-coreano My Unfamiliar Family (2020) ou como também conhecido “Minha família desconhecida”, o drama foi produzido pela emissora tvN em 2020 e contêm 16 episódios que podem ser assistidos através do Viki e da Netflix. O drama que retrata o dia a dia de uma família que foi distanciada por conta de magoas e assuntos não resolvidos, tem como seus gêneros principais o slice of life e melodrama. Através desses gêneros, a trama nos emociona ao ver como a família precisa se manter de pé diante a acidentes e outras situações, mas isso falaremos mais ao longo desta resenha.

Seus familiares realmente sempre são as pessoas que mais te amam? My Unfamiliar Family nos traz uma forte reflexão sobre como uma família que possui uma ruptura tem tendência a se machucar mais, afinal, as pessoas que mais têm o poder de te ferir, são as quais mais lhe conhecem. A trama nos apresenta a família Kim, que é composta por cinco pessoas: Lee Jin Sook (Won Mi Kyung) e Kim Sang Sik (Jung Jin Young) que são os pais de meia idade de três filhos; Kim Eun Joo (Choo Ja Hyun), a filha mais velha; Kim Eun Hee (Han Ye Ri), a filha do meio; e Kim Ji Won (Shin Jae Ha). Por mais que mantenham uma casa arrumada e pareçam ser uma família comum, a trama mostra que por baixo do belo tapete e da fachada de perfeição, há muita ‘sujeira’, assuntos mal resolvidos que fazem com que diariamente os componentes dessa família se machuquem mais. A narrativa se inicia quando o patriarca da família sofre um acidente e diante a sua amnésia, ele só se recorda dos belos dias de sua juventude quando era perdidamente apaixonado por sua esposa. O relacionamento da família que até então era distante, sofre uma reviravolta inesperada a partir do momento que realmente precisam se ajudar e cuidar um dos outros.

A nossa protagonista é a Kim Eun Hee, a amorosa filha do meio e a mais pressionada entre os irmãos. Enquanto batalha para prosperar em sua carreira em uma editora, Eun Hee sempre se vê em meio a conflitos. Por mais que seja a mais emotiva entre os irmãos, ela sempre exerce sua função de filha do meio, sendo a intermediária quando acontece conflitos entre a família, logo, é interessante que ela conhece literalmente todos os problemas de sua família – e infelizmente tenta resolvê-los sozinha. Eu diria que a Eun Hee é muito emocionada, ela se apaixona facilmente, lamentavelmente, ela se doa demais e com isso, sempre quebra a cara, gosto como a trama a faz evoluir e amadurecer, aos poucos ela reconhece seus pontos positivos e negativos, nesse ínterim, percebe como os conflitos são gerados e a importância da confiança no meio familiar”

Kim Eun Joo, a filha mais velha, é uma mulher fechada e introvertida, é notório que durante seu amadurecimento, ela segue o caminho mais rápido para fugir de sua família, isto é, o casamento sem conhecer direito seu marido e sua história, ela se casa, e assim, foge em busca de recomeçar e criar sua própria família, mas novamente, a desonestidade também a atinge e seus planos não saem como o desejado. Seu amado marido sempre guarda seus segredos e a deixa solitária e com dor pela falta de carinho daquele a quem jurou amor. Sua história é interessante pois inicialmente vemos apenas sua camada dura e um pouco arrogante, mas conforme o drama vai passando, vemos sua face frágil e sofrida. Afinal, ela sofreu intensamente com a rejeição.

Ji Woo, o filho mais novo dentre os irmãos é o que menos aparece na narrativa. Mas que ainda assim tem sua parcela de amadurecimento, jovem e doce. Ele é um dos mais quietos, por muitas vezes, é esquecido e anulado pela dor dos outros membros da família. Por ser um personagem mais recluso e quieto, acabamos não dando atenção a ele e se torna um choque o vermos escolher fugir e ficar longe de sua família, é doloroso, mas isso faz com que a gente perceba que ele é um personagem que tem tendência a fugir quieto das coisas e dos conflitos, Contudo, ainda assim é um menino de bom coração e que se arrepende dos seus atos, Bem como é um dos que mais aprendem com seus erros, Ji Won incorpora lições difíceis e que só valorizam seu crescimento.

Sang Sik,o patriarca da família, é um homem quieto e recluso, mas que nem sempre foi assim, devido a um erro cometido no passado, o qual não comunica sua família, ele acaba por se afastar daqueles que mais amava e sua desonestidade custa muito a ele. No decorrer de nossa história, o personagem nos mostra facetas mais distintas de sua personalidade e gradualmente conheceremos como foi sua luta. Nos emocionamos junto com ele quando a solidão e a tristeza o atinge, atreladas aos sentimentos de que sua vida chegou ao fim quando seu casamento está na berlinda. É interessante que no olhar do personagem conseguirmos ver sua dor, doçura e tristeza quando sua face dura é quebrada.

Como matriarca da família, temos Won Mi Kyung, uma mulher maravilhosa e lutadora! É interessante notar como essa personagem reticente e demasiadamente reservada esconde tantas cicatrizes emocionais, feridas e bagagem. Apesar de ser uma personagem contida, também vemos nela uma sensação de dor muito forte, seu desejo é apenas a felicidade dos seus filhos e foi por eles que aguentou por tanto tempo viver uma vida infeliz, notamos nela um olhar de melancolia e tristeza muito forte. Sua jornada não é fácil, mas é gratificante acompanhar sua evolução, compreender que não é errado tirar um momento só para ela e criar algumas memórias alegres sozinha.

Não menos importante, temos o ‘conselheiro da família’, mais conhecido como Park Chan Hyuk (Kim Ji Suk), o melhor amigo da Eun Hee. Por mais estranho que isso possa parecer, por ser amigo de longa data da protagonista, ele frequentou bastante sua casa e com isso acabou por conhecer todos os conflitos e esporadicamente dá conselhos para que possam lidar melhor. O personagem em si não é amplamente explorado (para minha tristeza, já que ele é muito bom), mas ainda assim, é gratificante ver sua inserção e como ele foi importante para o amadurecimento da Eun Hee. E a inserção do romance entre eles também é muito bem colocada, uma vez que é um processo lento e a admissão só acontece quando realmente se veem prontos para dar um passo maior em seu relacionamento e mudar seus status de melhores amigos.

Todos os relacionamentos neste drama parecem muito fiéis à vida. Sinto que esses membros da família se conhecem tão bem e, no entanto, às vezes não se conhecem. My Unfamiliar Family apresenta todos os personagens muito humanos, pois ninguém é perfeito, mas também não são pessoas ruins. São Seres humanos decentes fazendo o possível para viver uma vida boa. Além de apresentar as questões familiares, o drama mostra perfeitamente conceitos sobre o amor, a solidão, o perdão e principalmente, alguns tabus, como a orientação sexual e o aborto.

A relação entre os pais é uma das mais delicadas e emaranhadas que o drama aborda na história, com eles notamos como o clássico mal-entendidos e conflitos sem resoluções podem se transformar em problemas maiores e mais sérios, na mesma proporção que se tornam os responsáveis pelo desgaste da relação. É doloroso acompanhá-los revisitando todas as suas dores e enxergando que teria sido mais fácil se no passado tivessem tido uma conversa e se entendido. Não foi um trajeto fácil, mas esse arco nos dá esperança de que mesmo um relacionamento gravemente danificado e atado, pode ser recuperado com tempo, paciência e amor, e absolutamente, vale a pena o esforço e a luta.

Um dos relacionamentos que mais vemos os dramas abordarem são as relações pai e filho, logo, nesse drama não seria diferente, My Unfamiliar Family nos mostra diversas variações desse relacionamento pai e filho, tais como: o pai frustrado com um filho problemático; o pai arrependido com uma criança afetada; a criança ferida tentando se comunicar com um dos pais; o pai bem-intencionado fazendo o que acha melhor para o filho. E meio a isso tudo constatamos como a dor enlaçada neles os impede de caminharem, e a única alternativa para se livrarem dessas amarras é restaurar seus sentimentos e relações, conversar e se entender, compreender e olhar para aquele que está ao seu lado e tanto te que tanto anseia pelo seu bem.

Gosto que no próprio título do drama ele nos apresente uma ironia ao dizer “minha família desconhecida”, pois sempre vemos a grande mídia passar a ideia de que toda família é unida e que a família é única fonte de felicidade, quando na realidade nem todas são, e neste drama, especificamente, vemos que por mais que compartilhem laços sanguíneos, eles não se sentem tão familiarizados um com o outro e não possuem a intenção de serem honestos, com isso, eles inevitavelmente se machucam. O drama denota que dentro de uma família sempre podem existir muitos conflitos e histórias não compartilhadas que não são expostas facilmente, e que isso não é errado, é normal que existam conflitos, afinal, NENHUMA família é perfeita. My Unfamiliar Family retrata que quando a família não é unida, ao passar do tempo e o envelhecer dos membros, eles tendem a se separar.

O drama em si, lentamente, mostra como um acidente foi o suficiente para fazer o relacionamento deturpado deles começasse a se desenvolver significativamente, aos poucos eles aprendem a aceitar os jeitos um dos outros, bem como, aprendem a serem honestos, carinhos e atenciosos uns com seus familiares. Juntos eles aprendem a importância de manter a família unida e que é difícil se manterem pacíficos quando estão em uma casa com pessoas de personalidade tão diferentes, mesmo que essas pessoas sejam sua família. Logo, em uma história dolorosa e comovente, aprendemos juntos a família Kim os valores sobre uma família, aprendemos a agradecer pelas pessoas e amizades que temos, compreendemos que viver em família não é fácil e sempre será feliz, mas que é normal haver conflitos. Assimilamos que é importante sermos honestos com aqueles que nos querem bem e quando não o fazemos, nossas famílias podem se tornar um ‘grupo de desconhecidos’.

Eu gosto que o drama também transmita a ideia de que está tudo bem deixar para trás um sonho que você já sonhou; não precisa definir sua vida e nunca é tarde para sonhar um novo sonho. Também é interessante que a narrativa apresente através da protagonista a visão de que está tudo bem você escolher se priorizar, e que na verdade, esse é o ponto mais necessário pois se amar é o primeiro passo para conseguir amar os outros.

Apesar de ser um drama que gostei muito, também tenho minhas reclamações sobre ele, gostaria que a trama tivesse dado um arco maior para algumas situações e para alguns personagens, realmente senti falta de um arco maior para o romance e o desenvolvimento do personagem do Ji Suk, compreendo que ele não é um personagem central, mas por ser um membro frequente no drama, eu realmente gostaria que tivéssemos conhecido mais sobre ele e seu relacionamento com sua família.

O que realmente é ser uma família? Como lidar com ocultações e desvios de conflitos? Como lidar com a separação advinda da falta de proximidade entre aqueles que em teoria, são os que mais nos conhecem e amam? My Unfamiliar Family é uma representação perfeita de como a desonestidade pode fazer uma ruptura em uma família, mostra de forma bela e lúdica como uma família aprende a progredir e se amar novamente, bem como, retrata os outros tipos de conexões que a vida nos oferece, como a amizade, o amor e os pequenos momentos de alegria gerados por nossas conquistas. Não acho que esse drama seja para todo mundo e nem que ele tenha sido produzido para ser maratonado, indico a ele a todas as pessoas, este é um drama para ser apreciado na calmaria.

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Imagens|Gifs: Reprodução

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Alice Rodrigues

Estudante de Comunicação social – Jornalismo, e atuando como social media, criadora de conteúdo digital e assessora de imprensa. Além de amar conhecer novas culturas, é viciada em ler e ouvir inúmeros podcast de assuntos variados. Dorameira desde de 2016, adora acompanhar e analisar narrativas e conteúdos que fazem parte da criação de um drama (elenco, filtros usados, fotografia, simbologia das cenas e outros).

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