My Magic Prophecy: quando o amor é a profecia

My Magic Prophecy: quando o amor é a profecia

Será que todas as coisas só podem ser compreendidas pela razão? O que realmente guia nossas crenças: a lógica ou aquilo que sentimos? Se essas perguntas fossem feitas ao médico Thapfah (Jimmy), ele certamente responderia que tudo o que é místico não passa de mentira, que o destino não existe e que cartomantes são apenas charlatães. Com uma confiança inabalável em si mesmo e em seu conhecimento médico, acredita que o melhor é contar apenas com sua própria determinação, beleza e coragem. No entanto, quando várias tentativas de assassinato cruzam o seu caminho, para sobreviver, ele se vê obrigado a recorrer justamente à ajuda de um cartomante.

In (Sea) é esse cartomante, e, obviamente, aquele que presta auxílio a Thap. Se essas mesmas perguntas fossem feitas a ele, a resposta seria completamente diferente: In acredita que a razão não é suficiente para compreender todas as coisas e que, em muitos casos, o destino simplesmente acontece, mesmo quando não o desejamos. Ele sabe que existe algo místico por trás de tudo, embora nem sempre queira lidar com isso. A razão definitiva é que, além de cartomante, In possui o dom ou a maldição de ter visões envolvendo pessoas queridas em situações perigosas. Quando cruza o caminho do médico, o jovem vidente enxerga algo que o perturba profundamente: a morte de Thap. E agora é impelido a fazer de tudo para evitá-la.

A melhor coisa em My Magic Prophecy é a dinâmica entre os dois protagonistas. O drama tem essa relação como eixo central e se sustenta na formação do laço entre eles. Como posso dizer? Thap e In são, à primeira vista, duas pessoas que não têm nada a ver uma com a outra — seja em relação às crenças ou ao próprio estilo de vida —, mas têm seus destinos entrelaçados por visões e tentativas de assassinato. As diferenças entre eles geram uma dinâmica envolvente, que só pode surgir de uma implicância imediata, fruto do desconhecimento que ambos têm sobre as personalidades um do outro. Quando vê In pela primeira vez, Thap se sente imediatamente atraído, ele faz exatamente o tipo dele, e o mesmo acontece, de certa forma, com In. Mas, quando suas visões de mundo colidem, um pequeno caos se forma. Inicialmente, o telespectador é levado por suas pequenas intrigas e provocações, aquela antipatia instantânea que só nasce de algo que, no fundo, já está ali.

Nesse ponto, My Magic Prophecy já tinha me conquistado. Mas quando eles são obrigados a morar juntos, tive certeza de que estava diante de uma história que eu ia amar assistir. O BL se propõe a narrar o encontro de duas pessoas com crenças tão diferentes e como, ao conviverem, uma passa a entrar no mundo da outra e a compreender o valor do que é importante para o outro. Há uma leveza intrínseca na história de In e Thap, nesses momentos fofos e provocantes, que são potencializados pelo jeito direto e maduro de Thap. Quando ele passa a compreender In, também aprende a aceitar cada parte dele e a cuidar de todas como se fossem suas. E tudo isso funciona porque é recíproco: enquanto Thap oferece um ouvido atento e um colo para que In se sinta menos sozinho, In oferece um amor correspondido, uma lição sobre não precisar entender tudo para acolher, e um espaço para que Thap finalmente descanse.

É por isso que, a cada interação fofa entre os dois, em meio a todos os clichês que esse tipo de trama costuma trazer, meu coração era constantemente aquecido. Fiquei encantada com o romance saudável que florescia, com cada gesto de cuidado e com cada pequeno reparo feito na casa de In durante o processo. Aliás, para fugir dos assassinos que querem sua morte, Thap e In passam a viver juntos na casa de In, em uma pequena vila rural, o que potencializa a atmosfera serena da história. Em uma casa abandonada, Thap conhece e conserta cada canto, assim como faz com o coração de In. É como se cada espaço que ele tocasse abrisse também uma porta para as feridas que o jovem vidente guarda no coração. E isso é bonito. Do mesmo modo, é como se aquele lugar também se tornasse dele, e In lhe oferecesse um lar, um refúgio para repousar, enxergar além de suas crenças e conhecer pessoas preciosas.

Diante de um romance construído com tanta delicadeza, surgem cenas preciosas e emocionantes, com diálogos sinceros e divertidos. Há uma naturalidade nas interações que torna fácil se encantar por esse casal, tudo parece terno, real e autêntico entre eles.

Posso falar por horas sobre o quanto amo In e Thap como casal, mas grande parte dessa conexão se deve ao bom trabalho de Jimmy e Sea. Eles já haviam me conquistado em Last Twilight, e aqui mostram certo amadurecimento como atores. Sea, especialmente, me surpreendeu. Juntos, eles entregam uma química perfeita, equilibrada e genuína.

Não apenas isso, mas preciso ressaltar o quanto eu não esperava nada desse BL. Gostar tanto dele foi uma surpresa enorme, porque comecei a assistir apenas por amar Last Twilight, então, naturalmente, eu precisava ver o próximo trabalho do couple. Meu maior presente foi descobrir que My Magic Prophecy era exatamente o tipo de história que eu precisava naquele momento. Eu não queria grandes tramas mirabolantes; só buscava suavidade. E o drama tem, de fato, esse aspecto leve e curativo. Mesmo sendo uma fantasia com elementos de mistério, ele não parece nem um pouco interessado em se dedicar a isso.

Enquanto constrói o romance, acompanhamos também os protagonistas interagindo com os moradores da vila, ajudando e criando momentos simples e divertidos. Pensando bem, talvez o BL queira nos mostrar, por meio dessas cenas, a importância de viver o agora. Enquanto In é perturbado pelas visões do futuro e pelas lembranças do passado, ele aprende, aos poucos, que o presente é o que realmente importa, isto é, cuidar do que temos de precioso, valorizar quem ficou e aproveitar cada instante. Isso também é amor, não é? Além do amor romântico, existe o amor pela própria vida e por aqueles que nos amam. Perceber que esse amor permanece é uma das dádivas que o enredo oferece, tanto aos personagens quanto ao público.

Mas My Magic Prophecy não vive só de fofura ou melhor, não é apenas isso que o compõe. O mistério sobre quem está atrás de Thap e quer matá-lo está presente desde o primeiro episódio e, de certo modo, é um dos pontos principais que a narrativa tenta explorar. Thap está escondido por essa razão, sua vida está em risco por isso. No entanto, se no início o telespectador acredita que esse elemento ganhará relevância, o desenrolar da trama mostra o contrário. Conforme os episódios avançam, este aspecto se torna cada vez mais superficial. E, na reta final, quando tudo é revelado, o mistério já perdeu força. O vilão é previsível, e a história, em muitos momentos, parece não saber o que fazer com ele ou com o próprio enredo investigativo. No fim, esse arco funciona apenas como um acessório, usado para sustentar as justificativas da narrativa, mas sem grande impacto. Até mesmo as visões — que tinham tanto potencial — acabaram sendo mal aproveitadas. Definitivamente, a trama de mistério/investigação é mal desenvolvida.

Do mesmo modo, o casal secundário é fofo, mas também um tempo hábil de desenvolvimento necessário, gostaria mesmo que tivessem mais cenas deles, mas gostei dos seus poucos momentos adoráveis.

Ainda assim, os pontos negativos não me incomodaram a ponto de estragar a experiência. Eu estava encantada demais pela doçura de In e Thap para me importar com falhas. Mas é bom avisar, caso alguém decida assistir esperando uma fantasia complexa ou um suspense bem amarrado.

Por outro lado, as cartas de tarô foram um acerto encantador. Gostei muito de como cada episódio correspondia a uma carta, sempre integrada à mensagem central do capítulo. Foi criativo, significativo e divertido. As cartas apareciam em momentos românticos e sempre deixavam algo para refletir. E, convenhamos, existe caso do acaso mais bem marcado em cartas de tarô do que o romance de In e Thap?  O amor deles está escrito nas estrelas! e essa, aliás, é a trilha sonora perfeita deles!

Brincadeiras à parte, My Magic Prophecy transmite uma mensagem sobre destino, esperança, fé e, acima de tudo, sobre o maior deles: o amor. O encontro de Thap e In é uma verdadeira lição sobre como o amor é construído aos poucos, dia após dia, entre diferenças, crenças e ajustes, mas também em meio à alegria compartilhada. O drama talvez seja simples e não almeja grandes feitos, porque quer nos lembrar de que é no simples que a felicidade se constrói.

É precioso como o BL nos mostra que o coração é o melhor guia, que certas verdades não se provam, apenas se sentem. É necessário reconhecer o momento de deixar o coração decidir, de enxergar o mundo através dele, mesmo com os riscos que isso envolve. Afinal, o coração também pode ser uma bússola que percebe o que a mente não alcança.

O amor entre In e Thap não foi resultado de um presságio, mas foi a força que permitiu que bons presságios se revelassem. É o reconhecimento de que, às vezes, o destino não se lê nas cartas, nem se prevê nos sinais, tampouco se explica pela ciência. O destino se sente no coração. E, nesse sentido, a verdadeira profecia que devemos seguir é a de espalhar e cultivar o amor

Disponível para ser assistido no canal do youtube da GMMTV!

Brenda Mendes

Historiadora, professora e criadora de conteúdo digital, está sempre em busca de uma nova história para desbravar e aquecer seu coração, apaixonada por doramas de romance e slice of life, é uma leitora ávida há mais de 10 anos.

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