My Dearest: quando as flores ecoam e os sonhos ganham rosto

My Dearest: quando as flores ecoam e os sonhos ganham rosto

Quando Gil Chae (Ahn Eun Jin) conheceu Jang Hyun (Namgoong Min), ela era uma jovem nobre atrevida e protegida que vivia em um vilarejo em Joseon. Ele era um estranho misterioso que estava de passagem pelo vilarejo em mais uma de suas andanças. Gil Chae sabia que podia conseguir a atenção de todos os homens do vilarejo e, com seu jeito ousado e esperto, era determinada o suficiente para ir atrás do que desejava, mesmo que fosse vista como egoísta e mimada. 

Jang Hyun não era um homem para casamento, ele não queria, e os boatos diziam que seu título de nobreza fora comprado, especulavam que sua origem verdadeira era escrava. Em tese, Jang Hyun não estava à altura de Gil Chae, que era apaixonada por um nobre de seu vilarejo e Gil Chae era para Jang Hyun uma raposa, nenhuma mulher havia conseguido adentrar nas fortalezas do coração fechado dele. Mas, mesmo assim, existia algo que atraía os dois e o destino parecia fazer questão de brincar com suas vidas. 

Jang Hyun – Imagem: MBC

Nosso protagonista é dotado de obstinação, coragem, força e inteligência, ele é tão profundo que quem o ver em um primeiro momento pode se enganar com todas as camadas que detém. A sensibilidade de Jang Hyun é notória e as injustiças e hipocrisia não são digeridas por ele, mas rebatidas. Um personagem humano com suas imperfeições, mas, contém tantas características boas e fortes que parece irreal, afinal, ele é corajoso, ousado e romântico. 

Gil Chae – Imagem: MBC

A Gil Chae é uma personagem que cresce bastante durante a trama, ela presencia seu mundo ruir com a chegada da guerra. De uma vida confortável e cheia de privilégios, a jovem terá que lidar com a ausência da família, a constante perseguição e várias violências que perpassam seu caminho. Outrora, os maiores problemas de Gil Chae estavam concentrados em quem ela iria se casar, agora ela também precisa lidar com o turbilhão de sentimentos que não consegue lidar. 

Além dos dilemas que a guerra acarreta nos protagonistas, os personagens secundários também sofrem com o cenário caótico que passam a vivenciar, já que tanto Gil Chae como Jang Hyun têm pessoas queridas próximas. Eun ae (Lee Da In), amiga de Gil Chae, precisa lidar com o peso de um acontecimento traumático, da sobrevivência e de um amor relapso. Ryang Eum (Kim Yoon Won), cantor e amigo de Jang Hyun, suporta a dor de um amor impossível que ele nutre pelo protagonista. Yeon Jun (Lee Hak Joo), jovem nobre estudioso do vilarejo de Gil Chae, carrega sua covardia, arrogância e adoração pelo país que o coloca em situações complicadas, enquanto esquece das pessoas amadas ao redor.

Jong Jong (Park Jeong Yeon), serva e parceira de Gil Chae, e Gu Jam (Park Kang Sub), braço direito de Jang Hyun, formam um casal secundário adorável à medida que os seus amigos se aproximam e se apaixonam, eles também se conhecem e compartilham sentimentos românticos. Os dois vivenciam as tormentas de Gil Chae e Jang Hyun, enquanto não deixam os protagonistas sozinhos. Inclusive, os laços de amizade formados no drama são muito bonitos e sólidos, é precioso testemunhar a lealdade e sinceridade deles enquanto não desistem um dos outros, mesmo em um cenário desolador de guerra.

Gil Chae, Jong Jong e Eun Ae durante a guerra – Imagem: MBC

Assim, o drama também mostra o poder real, mas de uma perspectiva diferente que os K-dramas históricos costumam exprimir, ele parte do ponto de vista da população, retrata a pobreza alastrada pelo caminho, a fome, as violências, a sobrevivência de quem está a mercê de um governante egoísta, confuso e medroso. Um cargo de rei requer muito mais do que ficar preso em um trono. Assim, é interessante assistir como o drama representa a família real e suas divergências, bem como a trama política entre Qing e Joseon. Em destaque, o Príncipe herdeiro (Kim Moo Joon) e suas emoções diante da nação e do pai.

Os momentos finais da história é também a hora do amor de Gil Chae e Jang Hyun caminhar para a resolução final, declarações potentes e dolorosas estão contidas nessa trajetória, pois, à medida que o tempo transcorre o sentimento entre os dois só cresce e resiste às intempéries. Muitos pontos precisam ser solucionados na trama nessa segunda metade.

Gil Chae e Jang Hyun – Imagem: MBC

Minhas críticas também giram em torno das cenas de violência, eu fico me perguntando até que ponto elas eram realmente necessárias e como ainda é sensível e complicado retratá-las. Ainda fico feliz pelo drama ter feito o mínimo de ocultar aquelas que diziam respeito a violência sexual, inclusive, achei o cúmulo algumas pessoas querendo que fossem mostradas e desconfiando da credibilidade do que as palavras da personagem emitiam. Infelizmente, é um retrato desolador do que é nossa sociedade atual. Não acho que violência seja entretenimento, ainda mais quanto diz respeito às mulheres.

Gil Chae e Jang Hyun – Imagem: MBC

Brenda Mendes

Historiadora, professora e criadora de conteúdo digital, está sempre em busca de uma nova história para desbravar e aquecer seu coração, apaixonada por doramas de romance e slice of life, é uma leitora ávida há mais de 10 anos.

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