Mr. Queen: uma troca de corpos diferentes

Mr. Queen: uma troca de corpos diferentes

Olá! Brenda aqui. Vocês pensaram que eu não resenharia Mr. Queen (2020-21)? Pois estou aqui! Kk a verdade é que eu enrolei muito para começar a escrever essa resenha, a falta de tempo aliada com a preguiça e a desorientação contribuíram para isso também. Justamente por isso, essa resenhista que aqui escreve, mais uma vez, não sabe se será capaz de transmitir tudo que queria sobre a obra. Enfim, para não enrolar muito nessa introdução, vou contar as informações básicas do queridinho, é um drama histórico/Sageuk, de 20 episódios que estão disponíveis para assistir no Viki e na Netflix.

O primeiro desafio dessa resenha é explicar do que se trata Mr. Queen, basicamente é sobre o Jang Bong Hwa, um Chef de cozinha da Casa Azul que, ao cair em uma piscina, sua alma é transportada para a Era Joseon, mais especificadamente, para o corpo de Kim Soo Young, uma jovem Rainha que tem como marido o Rei Cheol Jong. Ao chegar no passado, além de muitas loucuras, o Chefe vai ter que enfrentar a estranheza de estar preso no corpo de uma mulher, a relação de casamento com sua majestade, o Rei, que é literalmente um lobo em pele de cordeiro, bem como as brigas por poder no que diz respeito ao trono e os mistérios que rondam a trama.

Quando eu terminei o episódio final de Mr. Queen consegui visualizar um pouco de toda a história e das mensagens que a trama queria nos passar, ou pelo menos, acho que consegui. Isso só aconteceu no final, pois, assistir Mr. Queen para mim foi uma verdadeira aventura, era como se eu estivesse no escuro, sem saber o que a história poderia me reservar, isso não é ruim, porque Mr. Queen assim como uma aventura é extremamente  divertido, empolgante, inesperado ás vezes, há uma incerteza sobre o que estar por vir, desperta curiosidade, traz emoção. Isto é, da mesma maneira que o Jang Bong Hwan teve que aprender a viver em um lugar ou tempo-espaço que ele não estava familiarizado, tivemos também que trilhar passos desconhecidos ao assistir, mas, dessa mesma forma, também aprendemos e gargalhamos muito.

Então, a principal característica que faz o drama ser o que ele é, vem com sua imensa capacidade de executar o elemento comédia muito bem, utilizando de todos os recursos disponíveis, existem muitas cenas icônicas nessa história, que muito dificilmente poderão ser esquecidas. A maioria dos personagens carregam consigo um toque de humor muito bem vindo, que faz até mesmo algumas interações com os ditos ‘vilões” da história serem fruto de risos. Não estou dizendo que o drama não se leva a sério, ele tem seus momentos de seriedade e de choro, mas, o que permanece é o desejo de aquecer nossos corações por meios das gargalhadas, acredito que principalmente pelo evidente desejo da narrativa de transmitir leveza que a trama, dentre tantos rumos possíveis, escolheu percorrer o caminho que foi mostrado até o final.

Portanto, o grande trunfo da história é como ela utiliza a situação criada – o fato da alma de um cozinheiro e ir parar no corpo de uma Rainha no passado – para criar situações cômicas e inferir um aprendizado. Mr. Queen brinca também com a própria história, em outras palavras, brinca com o tempo, o drama propositalmente cria o contato do presente com o passado e, magistralmente, usa esse encontro para criar, mais uma vez, humor. O Chef-Rainha (vou me referir assim agora) possibilita trazer informações do presente para o passado, isso não gera como vemos em ficções cientificas linhas temporais e mudanças drásticas, pelo contrário, traz vários momentos divertidos e uma interessante troca do presente com o passado em termos de conhecimento, como por exemplo, quando elx diz palavras desconhecidas para os habitantes do Castelo gerando confusão e humor, ou quando elx faz comidas desconhecidas, ou o próprio contato, estranhamento e descobrimento de costumes da própria Era Joseon. Esses aspectos fazem, mais uma vez, a experiência de assistir Mr. Queen como uma descoberta. Pronto. É isso. Assistir Mr. Queen é como uma aventura, pois, traz essa sensação de descoberta, não só dos lugares, da época histórica, das injustiças, não só uma descoberta e despertar das nossas gargalhadas, mas uma autodescoberta dos próprios personagens enquanto eles mesmo, de suas posturas e de seu interior.

Como assim, Brenda? Você não está viajando demais? KKKK eu estou, mas porque a própria história é uma viagem doida. O que quero dizer é que quando o Jang Bong Hwa passa a experimentar viver no corpo da Kim Soo Young, obviamente, ele cresce muito, no episódio final não é mais a mesma pessoa, veja só, ele experimentou viver a vida de outra pessoa, por uma perspectiva diferente da dele e em uma época diferente da dele, durante essa jornada ele aprende a ser menos arrogante, a depender de outras pessoas, a formar laços reais, sente sentimentos que nunca sentiu, a sentir a dor e querer proteger a outra pessoa, entre outras coisas que potencializam suas qualidades. Não apenas ele, mas também os outros personagens aprendem algo com essa peripécia central da trama, com o contato com o Chef/Rainha. Por exemplo, o Rei, que nos primeiros episódios não sabemos o que esperar dele, vai revelando cada camada sua aos poucos, conquistando nossos corações pelo seu passado, esperteza, sonhos e encantos, ele também não só mostra sua capacidade, mas também aprendeu no processo, entre tantas coisas, viu que para sair do poço que se encontrava precisava de uma mão, que as pessoas são muito mais do que aparentam ser, que não importa o final, o importante é lutar e fazer valer a pena. Em suma, em maior ou menor medida, todos os personagens de Mr. Queen ensinam, mas também aprendem algo (espero que os vilões tenham aprendido a ficar no lugar deles kk).

Aproveitando o gancho, eu fiquei falando em “vilões”, no entanto, a verdade é que eles geram certa tensão, fazem a gente passar um tanto de raiva, mas, olhando mais de perto, o principal vilão em Mr.Queen para mim é o tempo, ele é mais aliado do que vilão, mas, o tempo que uniu os personagens e a ameaça do tempo de algum desses personagens vim a se findar, são os verdadeiros inimigos. Pior ainda, o tempo terminar sem antes eles terem cumprido os objetivos que se proporam, já que os personagens principais da história, em meio ao elemento político presente, lutam contra a corrupção para a construção de um reino justo. Ainda assim, deixando minhas divagações de lado, os antagonistas do drama são bem construídos, alguns mais e outros bem menos, no entanto gosto sobremaneira da construção do personagem do primo da Kim Soo Young, por ele conseguir despertar em mim dois sentimentos contrários, a irritação e, um que não sei descrever direito, acho que simpatia.  Contudo, se tem uma personagem que não consegui engolir essa é a Concubina, talvez porque toda sua trajetória ao longo da história me pareceu um tanto irresponsável, não consegui me correlacionar com seus sentimentos e na minha opinião a personagem poderia ser melhor usada. Por fim, existem outros antagonistas em Mr. Queen, a Rainha viúva, a Grande Rainha, o ministro, todos eles são, de certa forma, como frutas podres, por mais que sua vilania não tenha me atingido com força total, eles me irritaram em alguns momentos, mas também me fizeram pensar que as fronteiras entre o bem e o mal estão próximas, que uma pessoa quando alimenta sentimentos ruins pode se tornar um monstro para si mesmo e para os outros, e ver que o amor e a obsessão não é a mesma coisa.

O amor é o que os nossos personagens principais sentem um pelo outro, e é sobre esse romance que vamos conversar agora. Para a minha pessoa o romance não é o elemento central de Mr.Queen, já devo ter deixado claro anteriormente, mas preciso reafirmar em palavras. Entretanto, o romance está presente de forma bem equilibrada e maravilhosa na obra. Acredito que ele tenha, se não todos, a maioria dos aspectos que considero importante no romance, entre eles, o que mais gosto é a possibilidade de troca e aprendizado que a parceria desses dois personagens possibilita. É bonito e cômico acompanhar a aproximação dos dois, a relutância no aprofundamento desses sentimentos e a entrega ao amor. O apoio e a força que ambos transmitem um ao outro. Sabemos também que o romance em Mr. Queen tem uma particularidade, o que faz dele único, que é o romance se desenvolver entre o Chef/Rainha e  o Rei, o que gera também muitas discussões e dúvidas em muita gente, não vou me exceder na explicação a fim de evitar spoiler, resumidamente, eu acredito que o desenvolvimento do romance durante a história foi muito bom, muita química esses dois atores têm, e que também ele não finaliza como eu queria, mas consegue construir um bom episódio final, dentro do esperado, acho que a Spin off que  lançou deve servir de solidificação da verdadeira mensagem consolidada pelo romance em Mr. Queen, que é o amadurecimento dos personagens, a aproximação e junção das características do Chef e da Rainha, e a coragem que os personagens principais fortificam para enfrentar suas limitações exteriores e interiores através da presença um do outro.

Para terminar minha montanha de elogios a Mr. Queen, preciso dizer o quanto eu achei essa trilha sonora boa, bem colocada em todas as cenas, ela foi usada para o riso, mas também serviu muito aos momentos de choro (Sim, derramei umas lagrimas enquanto assistia), gerou todos os sentimentos necessários. O que contribui também para a excelência desse conjunto da obra, são as atuações maravilhosas, eu queria dizer que amei a atuação da Shin Hye Sun, já sabíamos que ela era excelente dado todos os seus trabalhos anteriores, mas aqui ela fez um show a parte. Um dos verdadeiros motivos, que permitiu Mr. Queen ser o que é, foi a capacidade multifacetada da Hye Sun, que conseguiu perfeitamente fazer cenas cômicas difíceis, passar verdade, e ir da comédia para o drama, de uma personagem para outra perfeitamente, todos os gestuais estavam maravilhosos, aplausos, por favor!  Contudo, não só a Hye-Sun arrasou, acredito que o Kim Jung Hyun também foi muito bom em sua atuação, já conhecia um pouco da veia cômica dele, mas acho que aqui podemos receber uma atuação mais aperfeiçoada do mesmo. Em suma, os dois conseguiram passar todas as emoções certas para seus personagens, é por isso que Mr. Queen conseguiu atingir em cheio quem estava assistindo. Aliás, todo o elenco fez um ótimo trabalho em seus papéis, a que fez a Concubina, o primo, as rainhas, adorei a atuação de todos. É um elenco de qualidade.

Bem, não só de elogios essa resenha vai se sustentar, na verdade, se tivesse que definir Mr. Queen eu diria que ele não foi perfeito para mim, diria que por estar trilhando um caminho escuro em que não sabia o que ia dar, criei algumas expectativas e, por mais que entenda plenamente as escolhas do enredo e até goste em certo ponto, ainda ao terminar o drama tive uma sensação agridoce, o final não foi ruim, longe disso, foi condizente e fechou a maioria das pontas que se propôs. Veja só, por Mr. Queen ter uma proposta de ser uma trama muito mais fonte de humor e relaxamento do que grandes complicações – apesar de ter seus episódios tensos – as explicações em torno do plot principal se mantiveram simples, se por um lado Mr. Queen acertou em pisar em ovos e não andar por caminhos mais complicados tornando mais fácil resolver o conflito principal, também pecou em não ter destrinchado as principais explicações dos acontecimentos, falo isso partindo da minha experiência pessoa, porque por mais que tenha sido um final propriamente feliz digamos assim, ainda senti até o último minuto que faltava algo ali, não houve nenhum grande erro ou deslize na história e em seu final, mas faltou algo, acredito que tenha sido essas explicações, essa maior atenção as questões da ligação passado-presente.

Por fim, a aventura que foi Mr. Queen causou impacto, e como todo bom drama fez sentimos próximos aos personagens, considero o drama muito recomendável para todos porque ele tem um romance de qualidade, muitas gargalhadas e algumas brigas por poder que podem entreter. Acima disso, para mim Mr. Queen mostrou o significado principal de se aventurar, isto é, buscar a si mesmo, através de mudanças que ensinaram os personagens. O drama denotou que a vida é essa soma de acontecimentos incertos que estão por vir, conviver com essa incerteza é o que faz essa aventura grandiosa, que está na pele de outra pessoa não é fácil, mas a partir da alteridade é possível direcionar novos olhares, bem como o fato do cultivo de experiências permitir construção de pessoas melhores. Além disso, cada pessoa carrega uma temporalidade em si e uma pode aprender muito com a outra, o que custa é se permitir. Ao arriscar tudo é possível, no fim todas as partes podres podem não ser retiradas, mas, com certeza, alguma mudança vai ser feita, ações positivas geram mudanças positivas. Dito isso, Mr. Queen nos mostrou uma positividade incrível por meio de cada sorriso, lagrima e luta desses personagens, em meio a um cenário negativo, denotou a elasticidade do tempo e a capacidade de sermos melhores. Envolveu com cada riso e sussurrou para quem estava assistindo que tudo é possível.

Mr. Queen está disponível no Viki e na Netflix.

Brenda Mendes

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