More Than Friends: Amizades e amores

Olá, aqui é a Brenda! Hoje tem mais uma resenha de drama, o escolhido da vez é More Than Friends (disponível para assistir no Viki), drama que dividiu opiniões, muita gente amou e muita gente odiou, obviamente tentarei nesse texto escrever quais as minhas opiniões sobre a obra como um todo. Vai ser difícil resenhar More Than Friends, pois ele tem seus méritos e deméritos, eu amei e odiei ao mesmo tempo, afinal, foi uma jornada que entrei sem nenhuma expectativa, só um daqueles “vou assistir e ver no que dá”, então vamos lá conhecer um pouco dessa história.
More than Friends é sobre Woo Yeon que se apaixonou por seu amigo de escola, Lee Soo, ela até chegou a se confessar para o garoto, mas uma viagem para o exterior e a recusa da confissão dela por ele, afastou a possibilidade de romance. No entanto, Woo Yeon durante os mais de dez anos seguintes não deixou de amar o Soo, chorou por ele, ligou bêbada para seu número antigo e autossabotou todos os seus relacionamentos porque não conseguia amar outra pessoa. Depois de anos fora do país, Soo volta para a Coreia a fim de passar um curto período, e como vocês já devem imaginar, tem seu caminho cruzado novamente com a Woo Yeon, que ao vê-lo novamente decide quebrar de vez a maldição desse amor não correspondido e tenta se libertar dos sentimentos por ele.
Como mencionei anteriormente, há pontos realmente irritantes, incômodos e desnecessários em More Than Friends, mas não é um drama de todo ruim, também tem os pontos positivos, as partes que gostei e me fez ver o drama até o final (sou do tipo que dropa facilmente sabe). Pela sinopse acima, fica evidente que a premissa base da história é o amor não correspondido, o kdrama é uma trama de amor não correspondido, a roteirista chega a ter pelo visto uma fixação por isso, todos os personagens estão de certa forma nessa limiar, a diferença é que cada um tem seu amor não correspondido representado de forma diferente, veja só, há um momento que mesmo os amores correspondidos passam a não serem mais. Mas, o amor não correspondido central de More than friends é o entre os protagonistas, a Woo Yeon amou o Soo por mais de uma década, e mesmo que o amor entre eles possam a vim a ser correspondido, a roteirista mostra que ele ainda é um amor não correspondido. No entanto, o que marca esse casal principal é que, como todo casal principal eles deveriam ter sido a parte mais atraente do roteiro, mas, na minha opinião, a roteirista manteve a história do Soo e da Woo Yeon em constante ‘suspensão’, isto é, ela utilizou de muitos elementos que ao invés de agregarem na história, pouco fizeram e, em muitos momentos, foram colocados como uma maneira de ‘enrolar’ o envolvimento dos dois personagens, enquanto estava assistindo o vai e vem na história de ambos realmente me irritou.
Os dois atores principais realmente possuíam uma boa química juntos, mas seus personagens não foram os mais cativantes, ao mesmo tempo que entendo os aspectos da personalidade do Soo e da Woo Yeon que eu não gosto, vejo importância na inserção de personagens imperfeitos em uma trama, acredito que eles poderiam ter sido melhores desenvolvidos. O Lee Soo é um personagem que durante boa parte da história foi simplesmente egoísta com algumas atitudes questionáveis, ele segue a fórmula clichê de muitos protagonistas masculinos de dramas, em muitos momentos não consegui gostar do Soo, pois suas atitudes eram um tanto imaturas e infantis, o roteiro utiliza como justificativa para as atitudes do Soo sua relação familiar conturbada desde a infância, o Soo é um personagem que ao longo do enredo eu consegui aceitar, ele amadurece um pouco, e acredito que a trama não esconde o egoísmo do Soo, ao contrário ele próprio afirma que é assim. Eu gostaria de ter visto de forma profunda os problemas do personagem serem trabalhados, logicamente há na história, superficialmente, um trabalho em torno das relações familiares do Soo, mas ainda existem aspectos que poderiam ter sido vistos com maior profundidade em relação a seus sentimentos, no episódio final do drama essa sensação persiste.
Já a Woo Yeon se mantéu durante anos em uma balsama nas relações amorosas, o amor que ela possui pelo Soo não fez bem para ela, foi uma prisão, ela própria se sentia amaldiçoada, mas foi uma prisão que ela própria criou e alimentou, a personagem tem seus momentos de imaturidade e infantilidade também que foram irritantes, mas também existe a Woo- Yeon que fala o que pensa e põe as cartas na mesa, o grande problema da Woo Yeon é a negação e a fuga, é ela não conseguir se livrar do amor que possui pelo Soo, eu vi também um certo amadurecimento da Woo Yeon do começo do drama para o fim, não o amadurecimento que eu gostaria necessariamente de ter visto, mas teve.
Falando em sentimentos, More than Friends também é um drama que utiliza do nosso conhecido recurso do triângulo amoroso e, como sempre, o terceiro elemento do triângulo é um cara gentil e simpático e tudo de bom, vou sendo direta e sim até metade da história eu shippei a Woo Yeon com o CEO da editora, mas, consequentemente, passei a me irritar e deixei o shippe de lado. Eu não gosto de triângulos amorosos, e não gostei sobremaneira da inserção desse elemento em More than friends, os momentos mais chatos da história pra mim foram os que a rivalidade masculina e o triângulo amoroso estavam presente, ele não é bem trabalhado, empobrece o desenvolvimento dos personagens tanto o CEO da editora – que em muitos momentos é utilizado apenas com essa finalidade -, tanto a Woo Yeon quanto o Soo, eles poderiam terem trabalhado os sentimentos do casal principal ao invés disso, ou até mesmo dado maior profundidade ao triângulo, no fim fica apenas um triângulo amoroso por triângulo amoroso, não há aqui uma real possibilidade do outro personagem secundário se tornar um par efetivo da protagonista, já que o casal já está bem estabelecido, tornando uma grande encheção de linguiça. Assim, mesmo quando o casal principal não nos cativa, o drama cria situações clichês como tentativa de cativar, e a aparição do triangulo amoroso como provação dos sentimentos dos personagens, nada que não vimos antes por aí.
Os principais méritos da história e que me fazem gostar da trama estão presentes na fotografia, gosto muito da fotografia e das Osts do drama, elas conseguem passar o clima certo para o enredo. Além disso, gosto das profissões meio diferentes dos personagens, queria que a jornada da Woo Yeon com a caligrafia fosse até mesmo mais abordada, as profissões dos dois personagens principais estão bem interligadas com a história deles, elas contribuem para o clima reflexivo. E, sim, o que mais me cativa em More than friends é realmente a tentativa de criar uma história reflexiva, não é uma história com grande profundidade, mas é sem dúvidas uma que se preocupa em refletir sobre a vida, o amor, amizade, família, mesmo que levemente. O curioso na história é que cada episódio de More than friends segue a linha de se basear em mitos e contos, como a bela adormecida, o Pinóquio, empregando-as para contar os sentimentos dos personagens secundários e principais perante os acontecimentos, elas são bem colocadas e fazem o trabalho de reflexão bem, tenho muitas frases do kdrama escritas.
Contudo, o motivo central para minha pessoa demonstrar interesse na história foram as tramas dos personagens secundários, elas se mostraram mais atraentes do que a dos personagens principais, a Woo-Yeon possuir duas amigas da vida com ela, inclusive a amizade delas é uma das melhores partes do kdrama também, essas duas têm também suas histórias contadas. A trama que mais me cativou e a mais bem trabalhada no enredo foi a da amiga da Woo Yeon, a Young Hee, a personagem é pobre, guarda e carrega muitos pesos na vida, é fechada e ao longo do drama surgem obstáculos fortes para ela enfrentar que geram emoção – lágrimas da minha parte. É interessante acompanhar também os desafios da relação amorosa da Young Hee com o namorado de longa data, Hyun Jae, eles foram o casal que mais shippei durante o drama, a roteirista utiliza aqui o conceito de amor não correspondido para tratar dos sentimentos em uma relação de muitos anos, que apesar de se amarem, há uma não correspondência em relação a determinados objetivos de vida. Outrossim, também gostei muito da história da Jin-Ju foi uma personagem que uma trama mais leve e fofa, ela é bem sucedida, mas não consegue arranjar um namorado, por mais que procure desesperadamente. É interessante notar os sentimentos não correspondidos do par romântico da Jin-Ju por ela e como ela procurou tanto que deixou de ver certos pontos.
Em suma, eu diria que More Than Friends se propõe a fazer uma abordagem mais realista, vemos isso em vários momentos na história com os desafios presentes na vida dos personagens e as reflexões, o drama consegue fazer essa abordagem em alguns momentos, no entanto ainda existe uma necessidade recorrente de utilizar o clichê como recurso, principalmente no que se refere a trama principal, nesse caso são clichês que mais atrapalham do que ajudam o pleno desenvolvimento da história acarretando em uma sensação de superficialidade em muitos momentos do enredo. O casal principal tem seus pontos altos que foram poucos para mim, mas estão lá, e tem também seus pontos baixos, ambos tiveram sua cota de cenas fofas e divertidas, mas também tiveram seus momentos irritantes e desnecessários, é um casal que pode sim conquistar algumas pessoas. Os casais secundários, ambos são bem cativantes, uma relação mais ‘pesada’ e outra mais leve e fofa, eles carregam o drama nas costas. O desfecho do drama é satisfatório, um final feliz para todos os personagens, gostaria que o desfecho da trama da Young Hee fosse maior, mas gostei.
Por fim, More Than Friends foi uma história que eu pude aproveitar algumas lições, mesmo com os pontos que não gostei, sorri em alguns momentos, chorei e, acima de tudo, me irritei. O drama trouxe reflexões sobre a falta de amor próprio, o quanto alguns sentimentos machucam e quanto você pode permitir eles utilizarem de você, o drama também me fez pensar sobre a zona de conforto de determinados sentimentos, sobre as relações familiares e como elas interferem no reflexo da criança; as promessas não cumpridas e o desgaste das relações; a condição de social de uma pessoa e como ela pode ser um peso; os pesos que criamos para nós mesmos, o quanto colocamos desafios nos nossos caminhos emocionais; as palavras que dirigimos a certas pessoas que machucam e doem; as responsabilidades por seus sentimentos; a forma que o amor se manifesta a sua maneira em cada pessoa, cada pessoa ama a sua maneira; as mentiras que contamos para nós mesmos; a relação entre mãe e filha, as intempéries da doença; as nossas misérias; a forma que olhamos para as pessoas e para a vida; sobre o real significado de um amor reciproco, um amor que não é feito da solidão, mas de receber amor e dar amor também, e como o próprio drama afirma, os fins na vida sempre chegam seja felizes ou tristes, infelizmente ou felizmente, essa resenha chegou o fim.
