Love All Play: Amor, Jogos e superações

Love All Play: Amor, Jogos e superações

Olá, tudo bom com vocês? Aqui quem escreve é a Brenda. Ultimamente ando com uma preguiça imensa para escrever resenhas, isso explica o fato de minha última resenha ter sido escrita há muito tempo, mas como diz o ditado “quem é vivo, sempre aparece” e aqui estou eu para resenhar o K-drama Love All Play, a obra possui 16 episódios de 60 min cada, transmitida pela emissora KBS2, estrelado por Park Ju Hyun e Chae Jong Hyeop. O dorama está disponível para ser assistido na Disney+ e outros lugares dessa nossa imensa dramaland.

Love all play conta a história de Park Tae Yang, uma jogadora profissional de badminton que, por conta de um incidente, abandona sua carreira no esporte para se isolar em uma cidade litorânea. Três anos depois, acompanhamos Tae Yang retornando ao badminton e encontrando desafios físicos e emocionais para superar. Assim, Tae Yang reencontra Park Tae Jun, um garoto que ela conheceu quando tinha doze anos de idade. Park Tae Jun é um jogador profissional de badminton, ele pensa em desistir de sua carreira no esporte por conta de seus problemas internos e falta de motivação. Mas, ao reencontrar Tae Yang e receber uma oferta para jogar na Yumis, Tae Jun decide aceitar e logo se encanta pela parceira de badminton. Nessa jornada Park Tae Yang e Park Tae Jun se apaixonam, mas precisam superar os obstáculos internos e externos advindos do amor, da vida e do badminton.

Enquanto assistia Love all play fiquei bastante curiosa a respeito do passado da protagonista feminina, Park Tae yang. O drama coloca o incidente relacionado a jogadora de badminton como um leve mistério e vai entregando fragmentos sobre o que realmente ocorreu, o que deixa o telespectador curioso. Afinal, é perceptível desde o inicio da produção que Tae Yang é uma garota com problemas internos fortes, ela se culpa bastante e acha que não é merecedora da gentileza das pessoas ou da vitória. Tae Yang constantemente se priva da vida e tenta se punir por algo, inevitavelmente ficamos ávidos para saber o que fez uma pessoa aparentemente boa como ela chegar ao fundo do poço, desistir de seu sonho e de sua vida. Por outro lado, não apenas a culpa define nossa protagonista, ela é uma pessoa perseverante, gentil, humilde, forte, com uma paixão pelo badminton e por fazer seu melhor em tudo.

Contudo, se Park Tae Yang é uma protagonista feminina cativante e que instiga o telespectador, Park Tae Jun é o meu protagonista masculino favorito do ano. Tenho que exercer um controle para não ficar elogiando o Tae Jun até o final desse texto, pois sou muito rendida por ele. Assim como a Tae Yang, algo parece errado com o Tae Jun, quer dizer, ele é sorridente, engraçado, amoroso, gentil, altruísta, sincero e tantas outras qualidades, no entanto, parece esconder por trás de uma fachada tranquila todos os seus problemas. Aos poucos, vamos notando que Tae Jun sente que o badminton não é para ele, acredita ser inferior e não se esforça o suficiente no esporte por medo dele ser insuficiente, assim, apesar de bastante talentoso, Tae Jun foge e esconde seus verdadeiros sentimentos.

Dessa maneira, quando Tae Jun e Tae Yang se encontram, é uma parceria perfeita, seja no amor quanto no badminton. Tae yang traz para Tae jun a paixão e a perseverança e Tae jun traz para Tae yang o jeito descontraído e sorridente, eles aprendem um com outro como serem mais eles mesmos e como as qualidades do outro podem potencializar suas próprias vivências. A relação amorosa de nossos dois protagonistas se desenvolve até mesmo de maneira rápida, levando em conta outros K-dramas, eles se tornam amigos, engendram várias conversas, jogam badminton juntos e iniciam um relacionamento romântico. Na constituição de ambos como um casal posso afirmar que eles transmitem conforto seja um para o outro ou para quem está assistindo, carregados de suas próprias dores internas parecem entender que no meio da solidão que os dois sentem, um abraço, um ombro e alguém ouvinte seja o que mais precisam.

É por isso que costumo dizer que Tae Yang e Tae Jun construíram uma ligação sólida, em nenhum momento do drama eles duvidam do amor um do outro. E mesmo com os problemas que surgem, eles são sempre sinceros sobre o que estão sentindo sobre tudo. Além disso, nos propiciam muitas cenas fofas e com química, é bonito ver o amor que Tae Jun sente pela Tae Yang, ele prioriza o bem-estar dela e respeita suas emoções, mesmo adorando provocar e testar a paciência de nossa protagonista feminina, já a Tae Yang motiva o Tae Jun e faz acreditar que ele é o melhor, puxando a orelha dele quando necessário e sendo tão teimosa quanto ele. Em outras palavras, Tae Yang e Tae Jun cuidam e amam um ao outro de tal forma que nem mesmo os próprios fazem por si mesmo.

Assim, a jornada de Tae Jun e Tae Yang é sobre amar um ao outro, mas também sobre aprender a amar a si mesmo, sobre amor próprio. Duas pessoas que passam a vida acreditando que não valem o suficiente por motivos diferentes, gradualmente vão aprendendo a acreditar em suas próprias qualidades e a se permitir viver suas próprias qualidades. Eles aprendem que são suficientes, a se aceitar do jeito que são, a não abaixar a cabeça, a enfrentar seus demônios e a se permitir amar e se divertir. Love All Play mostra como romper a solidão e cultivar o amor próprio é importante.

Ademais, o drama possui personagens secundários interessantes e divertidos, porém não é imediatamente que o elenco secundário cativa o telespectador. Inicialmente, a maioria parece digna de ranço, uma vez que tratam bastante mal a Tae Yang. Entretanto, aos poucos a história vai fazendo o milagre de gostarmos deles, começamos a notar suas fragilidades e aceitamos que erraram. Esses personagens secundários que me refiro são basicamente o pessoal da Yumis, já que existem alguns como a mãe do Tae Jun que até hoje não engoli. Enfim, aos poucos nossos personagens aprendem o valor de um julgamento mal feito e a construírem todos juntos um divertido laço de amizade.

Um dos personagens secundários que merecem ser comentados separadamente e que forma casal secundário, é o Junghwa, estrela nacional do badminton. No início, ele é bem antipático, sua maneira arrogante de falar e agir logo tirou minha paciência, gradualmente, ele mostra outras facetas, além de suas características ruins, ele é um menino de bom coração e que teve seu coração partido anos atrás, apesar dos pesares, ele é leal a quem ama e fofo às vezes. Assim, no final do drama eu já estava gostando muito dele, uma vez que passou a me divertir com seus comentários ácidos e sua relação conflituosa, mas amigável com o Tae Jun. Do mesmo modo, também fiquei feliz de assistir o Junghwa superando seus sentimentos, aprendendo a se libertar e recomeçando.

A trama amorosa do Junghwa é uma graça, pois ficamos torcendo para ele fazer casal com a Yumi, filha do treinador de Junghwa, a também jogadora de badminton é uma personagem que merecia ser a protagonista de um drama só para ela. Sincera, determinada e que corre atrás do que quer, sem rodeios, não hesita em dizer para Junghwa o que sente, colocando o moço em uma saia justa. É bom ver como Yumi, é uma mulher decidida e que prioriza ela mesma e seus sentimentos. A meu ver ela e Junghwa são perfeitos um pra outro, afinal, só ela pra aguentar o chato favorito do Junghwa e colocar juízo na cabeça dele. Cenas fofas aqui? Temos bastante! Em resumo, Love All Play contém cerca de três casais secundários que de diferentes maneiras fazem a gente shippá-los, alguns eu fiquei com um gostinho de quero mais.

Ao longo de seus 16 episódios o K-Drama transmite uma sensação de conforto e de tranquilidade, a narrativa é carregada de leveza, mesmo nos momentos mais dolorosos, Love all play sabe equilibrar bem e não deixar de ser leve e gostoso de assistir. Logo, a produção sul-coreana é divertida, mas também capaz de emocionar. É uma história que se inicia no comecinho da estação de inverno denotando as dificuldades dos personagens e a frieza que contém no coração de cada um, mas tem seu episódio final transcorrendo na primavera criando uma trama sobre ciclos e recomeços. Até a paleta de cores do dorama começa mais apagada e aos poucos ganha um pouco de cor na finalização da trama. O drama contém vários jogos de badminton, que não são usados sem propósito, eles são inseridos para marcar a fraqueza ou o crescimento de cada personagem. Dessa forma, acredito que Love All Play se preocupe em criar uma obra preocupada com os detalhes, a trilha sonora do drama é muito boa contendo músicas animadas e tristes. Ademais, apesar de Park Ju hyun e Chae Jong Hyeop serem atores relativamente novos na indústria, eles conseguem entregar atuações cativantes e consistentes, que expressam as dores de seus personagens.

Love All Play é uma história boa e que adorei assistir, mas também apresenta pontos que gostaria que fossem melhores trabalhados, principalmente no que diz respeito a segunda parte do drama, que teve uma queda. Por exemplo, [possível spoiler a seguir] apreciaria se a trama tivesse trabalhado melhor os aspectos a respeito da culpa que a Tae Yang sente, mostrando de forma mais efetiva que ela deixou de se sentir culpada e, acima de tudo, que a Junyoung e sua mãe tivessem uma conversa franca com a Tae Yang, esclarecendo que ela não deveria se sentir assim, pois, no final, pareceu que a Tae Yang teve que implorar tanto pelo perdão e que foi misericordiosamente perdoada. Outro ponto, é que eu gostaria que o casal não tivesse resolvido ficar juntos efetivamente/oficialmente apenas no final, no entanto, não posso reclamar muito disso, pois tivemos muito de Tae Jun e Tae Yang como casal ao longo do drama [Fim do spoiler]. Assim, o episódio final de Love All Play foi satisfatório, gostei de ver os personagens felizes e bem internamente, arrancou um sorriso verdadeiro do meu rosto, transmitiu toda a leveza do drama.

Mesmo sendo um drama leve, Love All Play nos proporciona reflexões. Por vezes me peguei pensando no esforço que estou empregando nos meus sonhos, já que o drama nos mostra que chegar onde se quer é difícil, é uma luta constante conosco. O drama sucinta reflexões sobre se reinventar, nunca é tarde para começa um sonho novo ou para encarar uma nova realidade. A história me remete sobre o poder de acreditar, que somos capazes, que fazemos algo bem e que não devemos nos diminuir. A trama discorre sobre as questões familiares, sobre o abandono familiar, culpa, vontade de agradar, julgamentos.

Por fim, o drama denota perfeitamente a libertação das amarras que nos impomos e que deixamos os outros colocar em nós. O título do drama em coreano traduzido é algo como “A velocidade que vai até você 493km”, 493km, segundo o drama, é o recorde não oficial de Badminton, se referindo aquele momento que a peteca parece superar todas as suas adversidades e voar no tempo-espaço, fazendo o que antes era impossível, o recorde é não oficial, pois não é formalmente reconhecido. Assim, entendo o título e o recorde como uma analogia aos personagens superarem seus problemas, Love All Play é um drama de superação, é sobre o caminho dos personagens se tornando suas versões mais fortes, mesmo que silenciosamente, é sobre ser próximo de alguém, criar seu próprio recorde, vencer suas lutas e amar sem medidas, afinal, o jogo seja o da vida ou do badminton precisa ser divertido.

Love All Play está disponivel no Viki.

Brenda Mendes

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