Link: Eat, Love, Kill: o peso da culpa e a leveza da empatia

Link: Eat, Love, Kill: o peso da culpa e a leveza da empatia

Olá, tudo bom com vocês? Aqui quem escreve é a Brenda. O dorama resenhado hoje é Link: Eat, Love, Kill, uma produção sul-coreana que contém 16 episódios de 1hr 10 min cada. O K-Drama foi produzido pela emissora tvN com parceria dos Studios Dragon, seu direito de reprodução foi adquirido pelo Streaming Disney+ (Star+), no entanto, sua exibição ainda não está disponível para assinantes do Brasil. Assim, vocês podem encontrar a produção sul-coreana para ser assistida nos fansubs que existem por nossa dramaland. Os principais gêneros que englobam o referido K-Drama são: mistério, romance, drama e fantasia, sabendo disso, vamos conhecer um pouco dessa história comigo nesta resenha?

Link: Eat, Love, Kill é sobre o renomado chefe de cozinha Eun Gye Hoon (Yeo Jin Goo), que um dia passa a experimentar emoções aleatórias de outra pessoa. A mulher a qual Gye Hoon compartilha o mesmo estado emocional se chama Noh Da Hyun (Mun Ka Young), uma jovem desempregada que esconde um segredo. Os caminhos de Da Hyun e Gye Hoon se cruzam quando o chefe de cozinha coincidentemente abre um restaurante no bairro da moça. Com isso, Gye Hoon se objetiva a descobrir mais sobre o desaparecimento de sua irmã, 20 anos atrás, mas não poderia imaginar que sua presença no até então pacato bairro despertaria segredos do passado, uma história com um morto, uma geladeira, amor e muitos pratos deliciosos.

Este foi um drama que esperei ansiosamente para assistir, desde que fiquei sabendo da junção de Mun Ka Young e Yeo Jin Goo, bem como do plot curioso, fui atraída pela história. Porém, aconteceu uma coisa que raramente acontece, eu pensava que o drama seria uma comédia romântica pura recheada de momentos fofinhos, vocês imaginam minha enorme surpresa quando percebi que o K-Drama tinha muitas doses de mistério e, mais tarde, notei que possuía um percentual acentuado de sofrimento também. Assim, pela primeira vez em um bom tempo errei do que se tratava o foco de um drama, mas, isso não me abalou a continuar minha jornada por Link, afinal, eu amo um mistério!

Passada a surpresa inicial, a primeira coisa que me chamou atenção na obra diz respeito ao romance presente na trama. A química entre a Ka Young e o Jin Goo é muito boa, eles se conhecem desde a infância (quando atuaram juntos) e transmitem para o casal Da Hyun e Gye Hoon uma química confortável, doce e fofa. Apesar de nosso casal possuir muitos empecilhos na sua história de amor, a conexão que é estabelecida entre os dois por meio do fenômeno “Link” – o compartilhamento de emoções – os tornam um par romântico que não contém os mal-entendidos costumeiros de muitos dramas, pelo contrário, são um casal dotado de empatia para a situação do outro, eles compreendem as dores um do outro, se apoiam e preocupam. E o mais importante, ambos conversam devidamente em todas as situações, obviamente eles possuem momentos de recuos/tentativas de afastamento, no entanto, nunca permanecem separados por muito tempo. Definitivamente amo a maturidade, doçura e cuidado presente na relação dos dois. E gostei demais de como a história construiu o romance dos deles, foi sofrido, mas recompensador, energizante e divertido.

Da mesma maneira que temos em Link: Eat, Love, Kill, um romance empático em que os personagens se abrem um para outro gradualmente e que sentem as emoções um do outro, o drama exala cuidado e empatia ao discorrer sobre as dores dos personagens principais. Eun Gye Hoon é meu personagem favorito na trama, mas também o que mais sofreu na história toda. Ele é o tipo de pessoa que se doa para as outras, em muitos momentos esquece de se colocar em primeiro lugar. Por muito tempo, o Gye Hoon reprimiu a maioria de suas emoções, o fenômeno do Link gradualmente permitiu ele sentir emoções que há muito tempo não ousava experenciar, isso nos proporciona diversas cenas delicadas, por exemplo, quando ele chora profundamente pela primeira vez em muito tempo. Na verdade, Gye Hoon em toda sua vida se culpou pelos acontecimentos do passado e se puniu perante esse sentimento, quase ninguém foi gentil com ele e, desde cedo, tinha um peso enorme em seus ombros.

Assim, foi precioso assistir todo o crescimento de Gye Hoon durante a história, conhecer mais daquela pessoa que parecia chata em um primeiro momento, mas que se mostrou um ser humano maravilhoso, eu só queria guardá-lo em um potinho e proteger da crueldade do mundo. Chorei com as suas dores e sorri com suas vitórias e fofurices. Do outro lado, temos a nossa fofa e doce, Noh Da Hyun, ela é uma personagem que transmite muito bom humor e brilho, a Da Hyun é o sol do drama, pois nos propicia cenas vergonha alheia e possui um coração do tamanho do mundo. Nossa protagonista é uma pessoa sincera e direta, que dificilmente esconde suas verdadeiras emoções, isso faz dela um ser humano espontâneo e divertido. Entrementes, a Da Hyun também tem suas dores e dificuldades ao longo do caminho, a partir da personagem o drama aborda um pouco sobre os sentimentos de uma mulher vítima de violência, bem como denota sobre o poder da empatia, dos laços e do enfrentamento.

Ademais, Link: Eat, Love, Kill  é um drama que contém muitos personagens secundários, afinal, todos os moradores do bairro aparecem, mesmo que seja somente um pouco. Em destaque, temos a mãe e avó da Da Hyun, donas de um restaurante no bairro, elas possuem um laço precioso e bonito, aliás, as duas junto com a Da Hyun formam um trio e tanto, que é sinônimo de diversão para quem está assistindo. Contudo, a mãe e a avó da nossa protagonista também parecem esconder algo.

Além delas, o K-Drama apresenta um casal secundário formado por dois policiais, no passado eles costumavam namorar, contudo, terminaram o relacionamento e se reencontram ao trabalharem juntos na mesma delegacia. Confesso que não são um casal secundário que eu amei, gostaria que a história deles fosse melhor desenvolvida, mas até que acho os dois bonitinhos e fofinhos juntos, só faltou eu sentir uma conexão com o casal. Um dos componentes desse casal secundário é um moço chamado Jin Won Tak, a história dele é muito interessante, pois envolve dor e perdão. Além desses personagens, temos outros que vão surgindo na trama e que não posso citar detalhadamente por motivos de spoiler.

Costumo dizer que fiquei feliz quando Link finalizou, pois enquanto acompanhava o drama em lançamento me senti muito ansiosa e meus sentimentos foram maltratados com a história sofrida dos personagens e com o mistério. Afinal, o elemento central da trama é o mistério envolta do passado dos personagens, todos os personagens secundários da história são suspeitos aos olhos de quem está assistindo, isso fez com que ao longo das semanas o público criasse todo tipo de teoria para desvendar o criminoso e os acontecimentos do passado. Durante boa parte da trama o mistério nos deixa curiosos e prende nossa atenção.

Todavia, existe um momento na segunda metade da história do K-Drama que a roteirista enrola um pouco para o desenvolvimento do mistério e isso termina comprometendo o ritmo da trama. Não que Link fique ruim, mas que a roteirista poderia ter otimizado melhor a história a fim de que pudesse nos proporcionar conclusões mais redondas, já que é uma trama que contém muitos gêneros e personagens a serem trabalhados. No episódio final pude senti a dificuldade da roteirista em resolver tantos conflitos em uma hora, assim, era esperado que não obtivéssemos todas as respostas da forma que queríamos que fossem apresentadas, houve lacunas. A meu ver, a produção do drama tomou um caminho seguro na resolução e conseguiu mascarar com os recursos que tinha alguns dos pontos que faltaram ser esclarecidos. O próprio elemento da fantasia no enredo – no caso o fenômeno “Link” – ganhou uma explicação rápida, denotando que foi utilizado somente para obter a justificativa do encontro e história dos personagens, sem explorar a fantasia por detrás do acontecimento. Mesmo com os percalços no percurso do drama e com a constatação do fato de Link não ser um drama perfeito, o episódio final do K-Drama me satisfez, já que estava sem expectativas e só queria… pausa… isso pode ser um spoiler… ver os personagens felizes.

Por fim, as atuações foram boas (destaque especial para o Yeo Jin Goo que arrasou em todas as cenas, transmitindo com maestria cada dor e faceta do Gye Hoon, já disse que amo Jin Goo chorando? KKK), a trilha sonora impecável (minha favorita foi Your River In Me – O3ohm) e a execução das cenas feita pela direção exalavam sentimento, delicadeza e cuidado, principalmente nas românticas e tristes. Isto é, a produção do Kdrama se preocupou em mostrar os sentimentos dos personagens na própria fotografia, o último episódio com muitos momentos de chuva denotando a turbulência dos sentimentos das pessoas do bairro, o uso de objetos como os guarda-chuvas, denotando que a cor de cada um deles representa os sentimentos dos personagens, por exemplo, o guarda-chuva amarelo que evidencia um sentimento brando que vai virando amor, depois um verde água meio azul que mostra o florescimento dessa paixão, até se tornar um verde escuro, denotando que o amor ali floriu e se faz presente. Além disso, temos as próprias cores dos momentos que eles são atingidos pelo “Link”, que variam entre vermelho (perigo), azul (tristeza) e outras cores.

Quando penso na mensagem central que Link: Eat, Love, Kill proporcionou enquanto eu estava assistindo, duas palavras perpassam na minha mente: empatia e culpa. O drama nos mostrou que todos os personagens carregavam dentro de si uma culpa, denotou como a culpa é corrosiva, mas, sobretudo, como a culpa é humana. E por fazer parte da nossa natureza e nossa fragilidade enquanto seres humanos, não devemos deixar ela tomar conta de nós, não devemos tomar a culpa dos outros para nós e permitir que as pessoas nos culpem. Sentir culpa nos faz humanos, mas também quando não assumimos nossa culpa e voluntariamente ignoramos, ela pode nos tornar pessoas que ignoram a dor do outro, pessoas piores. Devemos tomar responsabilidade por nossas ações, reconhecer o erro e procurar melhorar.

Mas, o que fazer para não sentir mais culpa? Parar de se culpar, parece simples quando empregado em uma frase, mas Link vai nos mostrando que parar de se culpar é se perdoar, se libertar e fazer isso é extremamente difícil. Quando você começa a se culpar, é difícil parar, pois cada vez o sentimento de não merecimento e autossabotagem se torna mais gritante. Veja só, Link nos diz que parar de se culpar não é esquecer completamente do acontecido, mas recomeçar e transformar as dores em experiências doces, tomando as rédeas da sua própria vida.

Assim, Link: Eat, Love, Kill é sobre o sentimento de culpa, mas é também sobre a empatia. Em muitos momentos durante a história notamos o valor de se colocar no lugar do outro, a importância de reconhecer e entender que o outro está sofrendo pode evitar diversos acontecimentos ruins. Talvez, o remédio para não sentirmos culpa, seja sermos mais empáticos?  Se importar em como nossas palavras podem ferir e entender o poder da conexão entre as pessoas, esses pontos são essenciais na mensagem central do drama. Afinal, foram diversas às vezes que o laço empático formado entre Gye Hoon e Da Hyun permitiu que os dois emitissem força um para o outro e anulassem os sentimentos culposos. Quanto a nós, não temos o fenômeno “Link”, para que possamos sentir e entender os sentimentos das pessoas a nossa volta, mas, mesmo sem ele, ainda podemos exercer o poder da conexão, das palavras boas, do agora e da empatia. Para a tarefa do dia, que tal pensar no que o outro está sentindo e se permitir sentir mais emoções? Sem julgamento, sem culpa.

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Brenda Mendes

Historiadora, professora e criadora de conteúdo digital, está sempre em busca de uma nova história para desbravar e aquecer seu coração, apaixonada por doramas de romance e slice of life, é uma leitora ávida há mais de 10 anos.

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