Into the Ring: Uma briga pela justiça

Into the Ring: Uma briga pela justiça

“Pessoas cometem erros e precisam assumir as responsabilidades” – Gong Myung 

Os fóruns de reclamações sobre locais públicos depredados ou com mal funcionamento realmente funcionam na Coreia do Sul? Melhor dizendo, o meio político realmente é justo com quem é o melhor para o povo? Pois bem, é esse o desenrolar que acompanhamos neste k-drama. Contando com 16 episódios, o drama “Dentro do ringue” (Into The Ring) – que foi produzido pela KBS2 – acompanha a história de Goo Se Ra (Nana), uma mulher que após ser novamente demitida, escolhe concorrer às eleições do que conseguir um emprego normal.

Neste drama, em vez de um olhar comum sobre a política, somos apresentados a uma história sobre como o âmbito político pode ser opressor, tal qual, temos uma pitada de um romance e, principalmente, a visão de uma mulher como a ‘super-heroína’. Veja bem, para começar um diálogo sobre Into the ring, precisamos ter noção de que não há apenas um tema acontecendo ali, e sim vários, é uma mistura de emoções na medida certa para não se tornar algo maçante (mas que, ainda assim, tem suas falhas).

Goo Se Ra – Foto: Reprodução/KBS2

Em meio a um cenário político, somos apresentados a Goo Se Ra, uma jovem de 29 anos que tem um espírito forte, uma pessoa que não permite injustiças e tem um senso aguçado de dever. Depois de ter sido demitida inúmeras vezes (na maioria dos casos de forma injusta), ela decide que agora ninguém mais vai demiti-la, então, se candidata a vereadora ao invés de achar outro trabalho ‘comum’. No entanto, ao invés de seguir pelos meios convencionais, a protagonista resolve se arriscar em um meio que – segundo ela – daria a estabilidade necessária, e melhor, não poderia ser demitida: a política. Mas as coisas não saem como o esperado e, sem um partido para apoiá-la, Se Ra passa dificuldades para ser eleita. Mas como ela sempre mostra, sua obstinação faz com que vença a eleição e comece a busca por melhorias na cidade. Entretanto, o que a jovem vereadora não esperava era que a enorme falta de verba e a corrupção fossem atrapalhar seu sonho de resolver as denúncias.

Mostrando ser uma pessoa justa (e obstinada), Se Ra trabalha todo o seu mandato sem receber um real (ou melhor, sem receber um won) do governo (acreditem, isso não foi uma opção para ela) e deu o melhor de si todas as vezes. A cada pessoa que chegava com uma reclamação ou denúncia nova, ela se esforçava o máximo para conseguir resolver, como este é um drama realista, algumas das denúncias acabam não podendo ser resolvidas ou são ignoradas quando são propostas para os outros vereadores.

Go Se Ra, o namorado e sua família – Foto: Reprodução/KBS2

E é neste ponto que acredito que Into the Ring entregou perfeitamente. Nele, não se cria uma narrativa falsa que o âmbito político é perfeito e que as votações da câmara de vereador trará só soluções. Na verdade, mostra que é um meio cruel e, muitas vezes, um meio machista e corrupto. Onde você precisa pisar em ovos, falar com as pessoas certas e tomar cuidado com o que comenta com pessoas alheias.

Para além deste ponto, é interessante como a trama conseguiu trabalhar a história dos personagens e do meio político com um humor peculiar e na medida certa, fazendo aumentar a vibração do drama. A excêntrica Se Ra, sem dúvidas, é um dos grandes pontos positivos da produção, pois por muitas vezes deixava de lado as regras de etiqueta e, sem remorso, fazia o que dava na telha com a única finalidade de chegar ao fim da questão (e ela sempre conseguia).

Go Se Ra e Gong Myung – Foto: Reprodução/KBS2

Por mais que eu ache que o ponto focal desta narrativa é a Se Ra, também tivemos um protagonista masculino, o reservado Seo Gong Myung (Park Sung Hoon), um servidor público que segue fielmente seus princípios, sempre fazendo o que acredita ser o certo (e também é o típico funcionário que chega no trabalho na hora certa e saí na hora certa, nunca faz horas extras ou sai de sua rotina) e quando Se-Ra aparece balançando sua vida, ele começa a se soltar e abrir os olhos para as coisas que acontecem no seu entorno. Esse personagem é interessante não só por sua ligação com a Se Ra, mas pela forma que a trama descasca sua casca apática, mostrando tudo que ele tem a oferecer, como sua perspicácia e facilidade para analisar as situações.

Outro ponto bem desenvolvido neste drama é a amizade da Se Ra com suas duas melhores amigas. É interessante ver que mesmo as ideias mais absurdas propostas pela Se Ra, as duas embarcam de cabeça, mesmo que seja só sair para jantar ou distribuir panfletos para que ela possa se eleger. Realmente amei como tratam a força dessa amizade.

Go Se Ra e as amigas – Foto: Reprodução/KBS2

Que eu amei acompanhar esse drama é um fato, mas ainda assim acho que ele teve algumas falhas na hora de desenvolver sua narrativa, como a falta de exploração do protagonista masculino e, atrelado a isso, o mal balanceamento de personagens na tela, eles ficaram tão centrados na Se Ra, que deixaram os demais de lado.

Para finalizar, quero dizer que Into the Ring é uma ótima pegada para pessoas que gostam de um romance fofo, amizades fortes e mensagens fortes, em certo momento do drama você vai se ver encantada tanto pela família/amigas dela, quanto pelos três patetas, é óbvio que existem personagens que não vamos gostar, porém, esse drama é livre de rivalidade tanto feminina quanto masculina e, o principal ponto, é um drama sobre o dever/poder daqueles que elegemos para nos representar.

Go Se Ra e Gong Myung – Foto: Reprodução/KBS2

Into The Ring/Dentro do Ringue está disponível em streamings como Rakuten Viki e Kocowa.

Alice Rodrigues

Estudante de Comunicação social – Jornalismo, e atuando como social media, criadora de conteúdo digital e assessora de imprensa. Além de amar conhecer novas culturas, é viciada em ler e ouvir inúmeros podcast de assuntos variados. Dorameira desde de 2016, adora acompanhar e analisar narrativas e conteúdos que fazem parte da criação de um drama (elenco, filtros usados, fotografia, simbologia das cenas e outros).

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