How to Make Millions Before Grandma Dies: O preço do tempo e a busca por verdadeiras conexões

How to Make Millions Before Grandma Dies: O preço do tempo e a busca por verdadeiras conexões

O que nos faz querer ficar ao lado de alguém? O que realmente nos conecta, o amor sincero ou o desejo de conseguir algo em troca? How to Make Millions Before Grandma Dies, filme tailandês de 2024, levanta essas perguntas sem pressa por meio de uma narrativa silenciosa, mas profundamente comovente. A obra não se  constrói com  grandes reviravoltas, e sim através de  gestos cotidianos que revelam afeto, arrependimento e humanidade. Ao confrontar o tempo que resta com tudo aquilo que foi adiado, o filme nos faz refletir se é possível construir laços verdadeiros quando eles nascem tarde demais e se, quando o amor finalmente chega, ele ainda tem espaço para florescer?

O ritmo do filme é lento e observador, sua narrativa se desenrola com calma, como quem observa os minutos passarem sem pressa. Ao contrário de muitos filmes que buscam apressar a resolução das tensões, How to Make Millions Before Grandma Dies se concentra nas pausas que a gente não vê, nos olhares trocados entre neto e avó, nas conversas não ditas, nas pequenas rotinas diárias que acabam ganhando mais significado conforme o filme avança. Esse cenário nos dá a oportunidade de refletir sobre a vida de forma mais introspectiva, sem pressões, apenas acompanhando o desenvolvimento de personagens que, assim como nós, estão errando, se arrependendo e aprendendo com o tempo.

A relação entre o neto e a avó é, sem dúvida, o coração do filme. Inicialmente, o neto parece estar mais interessado na casa que poderá herdar da avó do que na pessoa que ela realmente é. Sua busca por “milhões antes que ela morra” reflete a superficialidade que muitas vezes molda nossos próprios relacionamentos, o desejo de conseguir algo de alguém, em vez de dar ou simplesmente estar presente. No entanto, à medida que a história se desenrola, ele começa a perceber que, no fim das contas, o valor das coisas não está no que se pode conseguir, mas no que se compartilha, no tempo que se dedica e na conexão que se cria.

Por outro lado, a avó, com seu jeito calmo e sereno, parece saber mais do que deixar transparecer. Embora suas palavras sejam poucas, seus gestos sempre falam mais alto. Ela representa uma sabedoria silenciosa que, muitas vezes, só se compreende à medida que o tempo avança e a juventude se vai. Sua presença no filme não é apenas de uma personagem idosa, mas de alguém que, ao longo da vida, aprendeu a importância da simplicidade, paciência e dar valor às memórias. Essa dinâmica entre as duas gerações gera uma tensão sutil, onde as diferenças são exploradas sem dramatização, mas com uma sinceridade calma que acalenta.

O filme também aborda a questão do arrependimento. O neto, ao perceber que o tempo com a avó está se esgotando, começa a refletir sobre os anos em que esteve distante, tanto fisicamente quanto emocionalmente, principalmente se vê como os tios, sendo egoísta e ingrato. A produção não oferece uma solução fácil para a culpa que ele sente, mas mostra o peso desse arrependimento, tornando a jornada de redenção mais palpável e seu arco final ainda mais emocionante. Mas a questão que fica é, quando se trata de se reconectar com aqueles que amamos, é possível? E, se for , como encontramos o caminho de volta e quando sabemos que é o momento certo?

Em sua essência, “How to Make Millions Before Grandma Dies” também questiona o conceito da herança. O que deixamos para trás ao partir? O que, de fato, é mais importante, o dinheiro ou as memórias compartilhadas? Embora o foco seja a busca por riqueza, o filme subverte essa ideia ao mostrar que, no final das contas, o verdadeiro tesouro não está em coisas materiais, mas nos momentos genuínos e nas experiências vividas ao lado de quem amamos. O filme reflete, ainda, sobre a natureza do amor e como, apesar de todas as tentativas de quantificar ou “possuir” esse sentimento, o amor não tem comparação. Ele não pode ser medido por dinheiro, status ou conquistas, assim como não pode ser nivelado sobre quem é o mais ou menos valioso em uma família.

A conclusão do filme, longe de ser melodramática, é comovente justamente pela sua simplicidade. Não há um grande final de redenção, mas sim uma aceitação silenciosa do que foi vivido e do que ficou por fazer. O neto, de alguma forma, aprende que o que importa não é o que ele pode ganhar com a avó, mas o que ele pode oferecer de volta em termos de presença e carinho. Isso nos leva a refletir se estamos, muitas vezes, tão focados em buscar algo material que não conseguimos perceber o que realmente está à nossa frente?

O filme não apenas nos leva a refletir sobre os relacionamentos, mas também sobre a passagem do tempo. Como nossas prioridades mudam conforme envelhecemos? O que realmente importa quando olhamos para trás e vemos que o tempo foi o bem mais precioso que tivemos? How to Make Millions Before Grandma Dies oferece uma visão sincera sobre como a vida é feita de escolhas, de momentos, e de como, ao final, o que fica são as memórias e os sentimentos que compartilhamos com aqueles que mais importam.

A riqueza cultural do filme é outro ponto importante. Ao fundo de uma história tão pessoal, há uma representação de uma sociedade que valoriza a família e a herança, mas também questiona as convenções sociais e a relação com o que é material. O filme, sem se tornar didático, mostra como diferentes gerações lidam com esses valores de maneira única, criando uma reflexão profunda sobre as mudanças culturais que estamos vivendo hoje.

Atrelado a riqueza cultural temos a fotografia do filme, que é simplesmente deslumbrante, com cenas que capturam a essência da Tailândia do dia a dia de maneira serena e acolhedora. Cada plano é cuidadosamente construído para refletir o que os personagens estão vivenciando, com uma paleta de cores simples e escura que realça a beleza da paisagem, mas também as emoções internas dos protagonistas. 

As atuações são outro destaque essencial. A sutileza com que os atores entregam suas performances, especialmente a interação entre Putthipong Assaratanakul (o neto) e Usa Semkhum (a avó), transmite com precisão a transformação interna de ambos. Os silêncios e os gestos pequenos falam mais do que palavras poderiam, e isso é um testemunho do talento dos atores, que conseguem dar uma carga emocional imensa a momentos aparentemente simples. É uma abordagem muito mais profunda do que apenas a narrativa, permitindo ao público sentir a evolução de seus sentimentos e mudanças internas.

Entretanto, o filme também não está livre de pontos negativos, enquanto assistia senti uma carência de mais explicações sobre a vida dos personagens, o que aconteceu com o pai de um, o que levou a outra a seguir tal profissão, e outros pontos. Logo, minha crítica se resume apenas na falta de um desenvolvimentos dos personagens e suas histórias.

Por fim, How to Make Millions Before Grandma Dies tem um valor significativo na sociedade atual, onde muitas vezes a pressa e o consumismo nos impedem de viver plenamente as relações mais simples e verdadeiras. Ao tocar nas questões de egoísmo, arrependimento e o significado real da presença, o filme nos faz questionar: estamos dando o valor que realmente importa ao tempo e aos nossos vínculos? Através de sua sensibilidade, a obra nos lembra que o mais importante não é o que acumulamos, mas o que deixamos no coração daqueles com quem compartilhamos nossa jornada.

Assista  “How to Make Millions Before Grandma Dies” na Netflix!

Alice Rodrigues

Estudante de Comunicação social – Jornalismo, e atuando como social media, criadora de conteúdo digital e assessora de imprensa. Além de amar conhecer novas culturas, é viciada em ler e ouvir inúmeros podcast de assuntos variados. Dorameira desde de 2016, adora acompanhar e analisar narrativas e conteúdos que fazem parte da criação de um drama (elenco, filtros usados, fotografia, simbologia das cenas e outros).

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