Goodbye To Goodbye: vida, amores e maternidade

Olá doramigxs, como vão? Aqui é a Alice para mais uma resenha do Dialogando. Depois de muito tempo sem escrever, vos trago minha resenha do drama ‘Goodbye To Goodbye/Adeus ao adeus’, este que é um drama Sul-coreano de 2018, lançado pela emissora MBC e contém apenas 40 episódios (de 27-30 minutos cada) que podem ser encontrados no Kocowa. Para quem não sabe, este drama é um melodrama baseado em um webtoon de mesmo nome, lançado em 2017. Agora, vou tentar descrever meu grande amor por este drama na menor quantidade de palavras possíveis.
Goodbye To Goodbye é um drama que explica a mudança da vida humana, principalmente, a mudança na vida de uma mulher que se torna mãe. Ele discorre sobre a vida e a maternidade, nos oferece uma visão aberta das mulheres e do que a sociedade estabeleceu para elas, sempre se mantendo na ideia de que precisam estudar, achar um emprego, casar, sair do emprego e dedicar-se exclusivamente a seu marido e filho(s). Através da convivência de duas mulheres (Young Hee e Jung Hyo) de faixas etárias diferente, que estão aprendendo a se apoiar uma na outra e aprendendo o que é o amor de uma mãe por um filho e mostrando que os laços que criamos com pessoas que não estamos acostumados pode nos fortificar tanto quanto ter nossos familiares por perto.
Young Hee (Chae Si Ra) é uma mulher que vive separada de seu marido, Sang Jin (Lee Sung Jae), há 3 anos porque ele a traiu e teve uma filha fora do casamento. Por mais que muitas vezes vemos comentários negativos sobre ela vindo do seu filho, marido ou pessoas ao seu redor, Young Hee é uma das mulheres mais sofredoras da trama. Ela é uma mulher que foi consumida pela dor, tanto a dor da perda do seu amor, quanto pela dor da perda, do abandono e da solidão. Tantas pessoas a machucam que ela vai se fechando cada vez mais e se tornando uma pessoa obsessiva até que transforma sua casa em uma espécie de casulo/prisão, prisão está que é cercada de solidão, poeira, escuridão e tédio (podemos ver estes pontos através das cortinas que ela mantem fechadas e tem medo de abrir, os móveis todos tampados, todos os tons cinza e preto da casa e acima de tudo, podemos ver a sua dor na forma que ela se fecha em uma posição fetal e é atingida pelas lembranças do abandono). E ela continua vivendo em sua tediosa prisão, até que um dia, uma jovem gravida aparece em sua porta e consegue fazer com que aos poucos, ela passe a se abrir novamente e comece a caminhar para superar seu presente difícil.
Já Jung Hyo (Jo Bo Ah) é uma jovem brilhante e sorridente que foi abandonada por sua mãe quando tinha apenas 50 dias de vida, entretanto, isso não significa que ela foi menos amada, Jung Hyo sempre pode contar com o amor e o apoio de seu pai e dos seus tios da fábrica. Contudo, a vida dela tem uma virada quando, ainda na faculdade, descobre que está grávida do seu namorado irresponsável, Han Min Soo (Jun). Apesar de muitas pessoas dizendo a ela que a melhor opção para ela no momento era abortar seu bebê, Jung Hyo se mantém forte protegendo seu bebê de tudo e todos, mostrando que a primeira missão de uma mãe, é saber compreender suas responsabilidades. Por não ter crescido tendo uma figura feminina por perto, quando a bravosa Jung Hyo resolve ir morar com a mãe do seu namorado, ela vê um lado que ela nunca tinha vivenciado, poder amar uma mulher adulta que lhe devolveria seu amor com carinho e zelo.
Além delas, temos o elenco de secundários (inclusive, um dos elencos que mais amei) que é composto pelo namorado da Jung Hyo/Filho da Young Hee, Min Soo; o marido da Young Hee, Sang Yi; o pai da Jung Hyo, So Chul (Jung Woong); a amante do Sang Yi, Se Young (Jung Hye Young); A mãe da amante, Ok Ja (Yang Hee Kyung); o seguidor do Sang Yi, Jong Won (Lee San Ho); O melhor amigo do So Chul/tio da Jung Hyo, Bikila (Joel Roberts – gente, eu amo que o funcionário, que é uma pessoa preta, é o melhor amigo do pai da protagonista); E além desses, outros personagens como a filha da Se Young com o Sang Yi, a mãe da Jung Hyo, os amigos de faculdade e a tia. Todos são personagens incríveis que são de alguma forma tocados através do nascimento do pequeno So Myung.
Nesta trama vemos o destacar de responsabilidades, cada um dos personagens da história possui sua própria responsabilidade. Seja a responsabilidade como mãe, responsabilidade como pai, avó, irmã, tio/tia ou outros. Muitos deles, querem pegar ou fugir de suas responsabilidades. Porém, o drama nos mostra como eles tentam lidar com situações sob sua responsabilidade mesmo que isso os deixe desempregados ou sejam chamados de covardes. Logo, um ponto muito positivo da trama é nos apresentar evoluções nos personagens, principalmente, mostrando como uma nova vida pode ajudar uma pessoa a seguir em frente e repensar as coisas negativas que faz durante sua vida, e maneira que se priva de sua própria felicidade.

Jung Hyo e Young Hee foi um dos laços formados mais bonitos que já vi durante todos esses anos como dorameira. Por mais que no início de sua coabitação elas tivessem muitas brigas, elas gradualmente se afeiçoam uma à outra, passando a dar sempre os conselhos quando necessários e um abraço afetuoso sempre. São como mães e filhas que não são ligadas por sangue, somente pelo amor. Elas são como duas pessoas diferentes no início para o final do drama. Vemos a Young Hee que não gostava mais de sua vida ganhar força para recomeçar, passar a ver a vida com brilho e sentido novamente, enquanto com a Jung Hyo vemos ela passar a confiar em outras mulheres, passar a ganhar uma força que não tinha e acima de tudo, vemos ela aprendendo a superar e agradecer pelas coisas que possui. Além delas, também vemos o amadurecimento de outros personagens, como o da Se Young que aprende que o status não significa que será feliz quando sempre se verá com as lembranças dos momentos ruins e difíceis. Vemos o amadurecimento no Min Soo que vê que a vida não é uma brincadeira, todos temos dores e felicidade e é importante ver e compreender a dor daqueles que estão ao seu lado. Também vemos o Sang Yi aprendendo a pedir perdão e deixar ir, assim como o So Chul aprende que pequenas atitudes nossas, pode machucar aqueles que devemos cuidar quando estão mais frágeis.
Em quesito de temas abordados a trama se supera em nos fazer nos questionar eternamente sobre muitas coisas, e acima de tudo, nos ensina muitas coisas sobre as leis coreanas e assuntos pouco comentados em dramas, como: A lei do casamento, uma lei onde a pessoa que trai não pode pedir o divórcio enquanto a pessoa que foi traída é a única que pode decidir pelo divórcio; A lei da saúde materno-infantil, esta lei permite que a mãe faça abortos somente quando a saúde da mãe estiver em situação de grave perigo ou em casos de estupro, incesto ou graves distúrbios hereditários. Essa lei pode proteger a mãe da probabilidade de perder a vida, e também, impedirá a mãe que faz aborto das palavras cruéis das pessoas; A toxemia, também conhecida como pré-eclâmpsia, é uma condição que as mulheres grávidas desenvolvem, é marcada por pressão alta em mulheres que anteriormente não a experimentaram antes. No drama, mostra Junghyo e sua mãe sofrem de dificuldade para respirar. Há alguns sintomas que Junghyo sofre antes de ser diagnosticada com a doença; além desses três citados, também vemos a trama discutir abertamente sobre o aborto de jovens, o abandono maternal, depressão pós-parto e a visão da mulher na sociedade.
Um hábito que tenho (que não é lá um dos melhores hábitos) é de ocasionalmente escolher dramas e assistir sem saber nada sobre ele, não ouvir opiniões, ler sinopse, assistir teaser ou dar aquela pesquisada para ver quando é que vai rolar beijo ou outras coisas. E o escolhido para fazer essa experiência em maio foi Goodbye To Goodbye e preciso dizer, foi uma das melhores experiências, assisti-lo sem criar expectativas e entender o decorrer da narrativa dentro da própria, acredito que este fator influenciou muito no fato deu ter amado acompanhar essa trajetória, mas não foi apenas isso, este drama contém um brilho próprio ao falar sobre as formas de amor e acima de tudo, sobre o superar, deixar ir e também, sobre perdoar aqueles que nos machucaram tanto.
Quando finaliza o drama, você compreende que aprende muitas coisas com as lições de vida, sobre saber perdoar, amar e sobre o relacionamento entre pais e filhos, aprendemos como tentar deixar de lado nossa ganância, tentar entender um ao outro, e acima de tudo, sempre ser grato pela vida que temos. O drama também nos intenciona a nos questionar sobre a vida, o que faríamos se estivéssemos no lugar daqueles personagens, ao menos, para mim que não sou (e nem tenho vontade) de ser mãe é questionador, ficamos nos perguntando “como eu seria como mãe?”, “uma vida é valiosa embora não seja o momento certo?”, “eu manteria ou abortaria a criança?”. Este drama, embora ambientado na Coreia do Sul (um local mais conservador), pode ser aplicado em qualquer lugar do mundo, onde existam mães, especialmente mães solteiras e as dificuldades não creditadas pelas quais passam com trabalho e a maternidade. A trama realmente reflete a dificuldade e beleza de escolher a vida ou a morte, o momento de dar à luz, e o que é realmente ser pai/mãe.
Eu sinceramente não tenho pontos a reclamar da trama, principalmente por este se tratar de um melodrama, temos um final redondo e que acima de tudo, é coerente. Temos uma ost maravilhosa e viciante, atuações que são simplesmente incríveis e emocionantes (inclusive, este se tornou meu drama favorito da Jo Bo Ah e o que me fez perder oficialmente o meu leve r4nço criado em Temperature of love e Sweet Stranger and Me), uma fotografia realmente linda e bem pensada (quem gosta de analisar paleta de cores, este drama é perfeito para isso!), e uma narrativa que é realmente linda. Esse é o tipo de drama que quem é mãe vai se identificar muito com a questão de ‘perder seu nome’, porém, quem não é mãe também pode se identificar com a visão dos filhos de aos poucos perceber o quanto devemos ser gratos pela vida que temos. Por mais que eu não tenha chorado demasiadamente na trama, este foi um drama que realmente conseguiu me encantar e me fazer apaixonar por personagens, me sentir revoltada, feliz e/ou triste. E até mesmo por isso, por vivenciar a experiência doce que a trama traz, eu o deixo aqui como indicação.
Goodbye To Goodbye está disponível no Viki.
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