At a Distance, Spring is Green: amizade, amor e juventude

Oi pessoal, como vocês estão? Aqui é a Alice para mais uma resenha do Dialogando. E hoje a resenha é drama sul-coreano “At a distance, spring is green” também conhecido através do Viki como ‘A distância, a primavera é verde”, este drama contém apenas 12 episódios que estão disponíveis no Viki. Para quem não sabe, este drama é uma adaptação de um webtoon de mesmo nome. Como já disse outras vezes, sinto que perdi a mão como resenhista, então pessoal, me perdoem a péssima qualidade do texto e tenham paciência comigo que um dia a qualidade voltará.
Tenho o hábito de dizer que At a distance, spring is green é um drama sensível disfarçado de drama escolar/juvenil. Nele temos todo o cenário dos jovens com cicatrizes dolorosas de seu passado, que vivenciam seus (re)começos na universidade, entretanto, não é um drama que mostra apenas a parte bela da juventude, na verdade, ele mostra os momentos ruins que chegam junto à juventude dada sua vivência do passado, e como cada pessoa reage a este. Bem como, o drama discorre que a juventude é um momento de incerteza, não podemos agir como adolescentes inocentes, mas também não podemos ser sérios como os adultos, logo, o que é ser jovem? Como aproveitar a juventude sem se focar apenas na ilusão de que todos os dias serão bons? Diante a três personagens principais e alguns secundários, vemos a jornada deles em superar seus momentos ruins e vivências pequenas doses de felicidade advinda das relações. E embora a maioria dos personagens tenha seus problemas e histórias dolorosas, o trio que amamos e apoiamos nesta jornada tem mais semelhanças do que todos os outros. Yeo Jun, Soo Hyun e So Bin compartilham problemas familiares. Embora diferentes e iguais, todos eles passaram por sofrimentos infantis à sua maneira por esses apuros.
Yeo Jun (Interpretado pelo ji Hoon) é um jovem calouro marcado pela violência física, falta de afeto e palavras duras que foram dirigidas a ele enquanto crescia. Logo, ele se torna uma pessoa solitária que se esconde atrás de um sorriso falso, mas que ainda assim, apesar de belo, tem uma notável dor através de seu olhar triste junto ao sorriso (inclusive, aplaudi esse ator, pois eu realmente me senti triste ao vê-lo sorrir tantas vezes de dia, enquanto chorava sozinho a noite). Este personagem é apenas um jovem que se esconde do mundo atrás de um cartão dourado, ao mesmo tempo que ele quer se sentir perto das pessoas, ele não se aproxima demais para não voltar a ser tão ferido quanto foi por sua família. Esse personagem me encantou demasiadamente, sua ânsia por ser feliz, por ser amado por alguém e por ser o amigo/irmão/primeira opção de uma pessoa, vê-lo fazer de tudo para alcançar algo tão simples pode acabar nos machucando no processo, enquanto torcemos para que eles possam ser felizes.

So Bin (Interpretada pela Kang Min Ah) é uma jovem universitária que enfrenta seu segundo ano na universidade, entretanto, sofre por ser ‘mediana’, não tem notas ruins demais ou boas demais, não ganhou prêmios e não se destaca nas turmas, mas ainda assim, é uma pessoa esforçada que deseja ter o sucesso através de sua luta. Ademais, ela possui suas cicatrizes passadas devido a separação de seus pais quando criança, a dor do ‘abandono’ de sua mãe e as diversas ‘perseguições’ que sofreu dos seus amigos de colégio impedem que ela se sinta confortável em ser o centro das atenções ou ser questionada sobre suas verdadeiras opiniões. Diferente do Yeo Jun que se esconde através de um sorriso, a So Bin se esconde em seu hábito passado de gostar do seu melhor amigo de infância, mesmo que saiba de todas as namoradas do seu amigo, ela se sente confortável em continuar no papel de ‘admiradora’ dele, mas aos poucos ela vai aprendendo sobre o que realmente significa amar alguém. Esta personagem é uma que eu realmente pude me identificar, dada sua questão de estar no segundo ano da universidade e ainda não saber o que quer do futuro e ser de classe ‘mediana’. Logo, foi bem mais fácil de me conectar a ela e suas dores.

Soo Hyun (interpretado pelo Bae In Hyuk) é um jovem que batalha todos os dias para um futuro melhor, teve que amadurecer mais rápido após a morte do seu pai e tomou para si o dever de cuidar de sua mãe e do seu irmão mais novo. Logo, vemos ele sempre se privar de construir laços fortes com outras pessoas e até mesmo, dar uma chance para o amor ou para um tempo de descanso. Confesso que tive um pouco de dificuldade para me conectar a este personagem, mas logo consegui compreender quais eram suas dores, e junto a isso, compreender seus motivos para se privar tanto, e ele me deixou com muitos questionamentos, até onde é saudável pegar para si responsabilidades que não lhe cabem? O quão errado é aceitar a ajuda daquele que nos estende a mão quando precisamos? Por que ferir o outro quando você mesmo já está ferido o suficiente?

Yeo Jun e Soo Hyun, são duas pessoas que têm personalidades, questões familiares, rendas e estilos de vida muito contrastantes, mas descobrimos que eles são realmente muito semelhantes, pois carregam suas respectivas lutas e fardos. Eles aprendem a curar através do outro e nós observamos como eles ajudam uns aos outros a crescer como indivíduos. Não é caminho rápido ou fácil, mas eles gradativamente aprendem a apreciar o olhar do outro. At a distance, spring is green é um drama que apresenta de forma realista as lutas pelas quais as pessoas comuns passam todos os dias. Vemos personagens diferentes, cada um com sua história pessoal e cada um carregando um fardo que os faz se sentirem sufocados e como se não pudessem continuar. E é incrível acompanhar como todos esses personagens quebrados se uniram e com tempo, paciência, compreensão e amor eles foram capazes de ajudar uns aos outros a perceber que não estavam sozinhos, que não havia problema em confiar nos outros e que mesmo a vida seja dura, o sol sempre nasce depois de uma tempestade e as pessoas podem superar suas dificuldades.
A representação da amizade neste drama deve ser a mais bonita que eu já assisti, especialmente entre os dois protagonistas masculinos. Especialmente pelo fato de que a amizade deles de tão forte que foi mostra uma quebra de padrão em amizades masculinas, pois, como li em uma resenha recentemente “na sociedade em que vivemos, muitos homens ainda são criados aprendendo que falar sobre sentimentos, ser vulnerável na frente de outra pessoa e mostrar emoções são coisas que não deveriam fazer porque ‘essas são coisas que as mulheres fazem’”. Logo, vemos tantos homens que simplesmente suprimem seus sentimentos e tem dificuldade em confiar em seus amigos sobre questões emocionais, de fato, não é “bem-visto” se eles fazem isso. Então ver o Jun e Soo Hyun ouvindo os problemas um do outro e se apoiando emocionalmente me dá muita felicidade porque eu acho que é isso que os amigos devem fazer, é assim que as amizades devem ser (e nós sabemos que entre mulheres isso é comum, mas entre homens, não é). Então, fiquei feliz em ver uma representação tão saudável e positiva da amizade masculina.

Falando ainda em amizade, eu não poderia deixar de elogiar a criação e desenvolvimento da amizade da Mi Joo e Young Ran, estas são duas personagens com uma ligação pura e amigável, elas não são como as ‘rivais do amor’ que tendem a se tornarem mesquinhas. Essas duas, ambas são personagens femininas fortes que, apesar de suas diferenças e serem totalmente opostas, ainda conseguem se tornar amigas e rivais de apoio quando se trata de amor. Uma incentiva a outra a se declarar, mesmo que caso uma seja aceita, a outra teria que ‘abandonar’ o seu amor. Logo, com esse relacionamento delas é notável a evolução dos roteiristas ao mostrar que amigas de verdade precisam sempre se apoiar e não há espaço para ser egoísta para felicidade prazer próprio.
A amizade é sim a questão principal do drama, mas também temos o crescimento de um relacionamento amoroso fofo e saudável. O relacionamento da So Bin e do Jun é um dos mais bonitos que já assisti, eu gostaria sim de ter visto mais interações e até mesmo mais profundidade, – não que não tenha sido profundo, mas estou acostumada com narrativas que descrevem bastante os relacionamentos, logo, prefiro essas, mas como eu já disse, o romance não é o foco da trama -, mas me senti satisfeita em ver como o relacionamento deles foi gradativo, eram desconhecidos que se tornam amigos e daí avançam mais, e aos poucos, vão conhecendo as fraquezas um do outro e se apaixonando por essas. Gosto muito que eles compreendam o momento de dar o espaço e o momento de estarem por perto, eles entendem que estar perto para as coisas mínimas faz a maior diferença, pois nos dá força para confiar que esta pessoa é alguém com quem podemos contar.
Este drama foi imensamente indicado por muitas seguidoras, e mesmo tendo fé nas indicações de vocês, eu prorroguei esse drama por alguns meses e apenas agora pude assisti-lo e senti que foi no momento certo para este, pude apreciar da melhor forma o sentimento de cada um deles e como era bonito e ingênuo o sentimento da primavera ser como a juventude e a cada episódio este ponto me encantava mais. Pois o drama trabalha com muitas analogias para discorrer sobre a nossa juventude, e uma das maiores analogias é uma que faz referência ao título da obra que é acerca da juventude e da primavera, no sentido que a primavera é algo bem presente, já que eles sempre falam que ‘a primavera está distante’, no entanto, ela está acontecendo diariamente, assim como é na primavera que as flores lindas e vibrantes voltam a nascer, eles criam laços e tem os seus (re)começos. Eu diria que a juventude para eles -e para nós, consequentemente- é como a primavera, é onde há quedas, mas também tem a parte bonita do florescer de sentimentos e relações, é a parte mais bonita da vida, pois ao mesmo tempo que temos uma visão adulta, temos a chance de ter um pouco da ingenuidade da vida. Ademais, não é para todos que o florescer acontece rápido, depende se você deseja viver a primavera no amarelo vibrante ou no amarelo ‘doloroso’.
Gosto de como este drama mostra que não é fácil confiar nos outros e muito menos compartilhar a dor pessoal. Ter uma experiência traumática também pode atrapalhar nossas memórias como forma de lidar com a dor, criamos muros como mecanismo de defesa, só quem chega perto o suficiente para derrubá-los e sustentar a queda é confiável. Eu diria que este foi um dos dramas que eu mais pude me sentir conectada aos personagens, talvez por estar na mesma idade e me identificar fortemente com as questões da So Bin, mas com toda certeza, este é um que entrou na minha lista de favoritos, pois ele é constituído de um conjunto incrível de cenografia. Uma fotografia de tirar o folego (Que é marcada pelo amarelo que mostra tanto no sentido da felicidade, quanto no sentido da tristeza, e do verde no sentido de florescer a juventude), osts impecáveis, mensagens incríveis, quotes que jamais esquecerei (Para vocês terem noção, eu anotei mais de 40 quotes deste drama) e acima de tudo, um elenco que conseguiu me fazer emocionar muito em poucos episódios.

Ademais, por mais que eu tenha favoritado este drama, eu não daria um 10 para ele, devido ao fato que senti que a trama poderia sim ter se aprofundado mais em alguns pontos (eu compreendo que 12 episódios eram poucos, mas ainda assim), não, eu não estou falando sobre a questão do casal secundário (inexistente), estou falando na relação entre o Jun e o seu irmão mais velho, e até mesmo o particular do irmão do Jun, como ele viveu todos esses anos? Como se tornou o relacionamento deles após os fatos terem sido revelados? Acredito que não conseguiriam superar tudo rápido demais visto que o próprio Jun diz que feridas antigas precisam de tempo para cicatrizarem, mas à medida que a verdade vem à tona, eu desejaria ver mais deste relacionamento fraternal. Além deste, queria um aprofundamento maior no Chan Ki e na Young Ran, eles tiveram tempo de tela considerável dada a função secundária dos personagens, no entanto, acredito que eram personagens com narrativa muito interessante para serem pouco trabalhados.
Acredito que eu não tenha sido capaz de mensurar meu tamanho amor por este drama em tão poucas palavras, mas espero que o pouco que foi tenha sido o suficiente para que assistam a este drama, e se sintam tão motivados quanto eu fui. Entrei neste drama com poucas expectativas e saí crendo e ponderando quantas pessoas ao meu redor posso contar e o quanto minha juventude me deixa feliz e me desanima, como dito no drama “A juventude é como uma primavera verdejante, à distância, a primavera é verde. Olhe com atenção e verá que é mais exuberante e deslumbrante. Nossa verdadeira primavera começa agora.”.
Um comentário em “At a Distance, Spring is Green: amizade, amor e juventude”