Weak Hero Class 2: a coragem de se deixar atingir

Weak Hero Class 2, lançado em 2025, é a segunda temporada de Weak Hero Class 1, que estreou há 3 anos. O drama conta a história de Si Eun, um jovem solitário e aluno exemplar, ele parece ser somente mais um nerd comum com um jeito reservado e aparentemente frágil, sendo alvo de bullying pelo seus colegas, mas, quando Si Eun (Park Ji Hoon) conhece Ahn Su Ho (Choi Hyun Wook), ele começa a lutar contra a violência dentro e fora da escola.
A primeira temporada de Weak Hero Class mostrou a solidão de Si Eun sendo rompida, ao mesmo tempo, que ele aprendia, pela primeira vez, como era ter amigos. O personagem precisou lidar com algumas de suas dores internas e entender a estratégia e inteligência como uma de suas maiores forças. Conjuntamente a isso, conhecemos Ahn Su Ho, colega de turma de Si Eun, que vai entrando na vida dele e mudando tudo com seu jeito extrovertido e acolhedor.
Com o Su Ho, o nosso protagonista revela novas facetas, aprende o valor dos laços humanos e a preciosidade de ter uma amizade. A química entre os dois personagens é ótima e a forma que a comunicação entre eles ocorre apenas pelo olhar denota perfeitamente a forte conexão criada em pouco tempo.
Outra característica marcante da primeira temporada é o olhar intimista e sensível para os personagens, ela mostrou jovens estudantes emocionalmente abalados, sem apoio familiar e cuidado, e os comportamentos que essa situação desencadeia, principalmente, na sensação de desamparo e solidão. Uma abordagem realista sobre a sobrevivência da juventude em ambientes cheios de crueldade e brutalidade. Assim, a primeira temporada mostra a potência de uma narrativa sobre bullying carregada de cenas de ação e emocionais, que instiga diversos sentimentos no espectador, por meio de uma cinematografia intimista e impactante. Em seu final, o protagonista experimenta o gosto amargo do fracasso.
Na segunda temporada de Weak Hero Class, que é o foco desta resenha, Si Eun muda de escola e se encontra extremamente abalado com os acontecimentos tristes ocorridos na temporada anterior. Afinal, Su Ho não está a seu lado e ele precisa vivenciar cada dia com a dor da culpa, a solidão e a saudade.
Os primeiros episódios carregam um clima bem melancólico, apenas assistir Si Eun como uma casca vazia permeada de dor e que não permite ninguém se aproximar com sua introspecção e frieza, entristece o espectador que viu o personagem se abrindo aos laços na primeira temporada. Ele sente tanta dor que a todo momento é invadido pelas lembranças do passado. Os olhos do personagem tem um aspecto mórbido e cansado, nesse sentido, Park Ji Hoon consegue expressar incrivelmente a complexidade dos sentimentos de Si Eun.
No entanto, ele vai sendo arrastado para situações caóticas dentro e fora da escola, em vista do domínio na região da chamada Associação – uma espécie de gangue – que deseja ter o controle do colégio. Si Eun também se vê envolvido com uma série de personagens carismáticos da sua escola, que aos poucos vão rompendo a barreira criada pelo protagonista, e cultivando uma amizade verdadeira.
A presença de cada um desses personagens que estão sempre puxando Si Eun para estar com eles e que comungam dos mesmos ideais contra injustiças, proporciona cenas de lutas conjuntas, mas também de divertimento. O mais bonito aqui é ver como a fachada séria de Si Eun vai, aos poucos, sofrendo abalos, seja através de um gesto que indica um sorriso (mas ainda não é) ou do sentimento de proteger aqueles que ama.

Porém, não é como se os traumas de Si Eun fossem curados imediatamente, ao longo dos episódios é possível visualizar como, por meio das amizades, os dias vão ficando mais suportáveis para o personagem, mas ele ainda precisa lidar com o medo de fracassar e a culpa.
Esses garotos que formam amizade com Si Eun na nova escola, são: Baku/ Park Hu Min (Ryeoun), ele ganha qualquer briga e por isso todos na escola o respeitam, é um personagem gentil e divertido, que usa mais os punhos do que o cérebro; Jun Tae (Choi Min Young), ele é o primeiro a se aproximar de Si Eun, tem um jeito mais tímido e doce, é aquele personagem do grupo que não sabe lutar, mas tem uma presença reconfortante e o Gotak/Hyun Tak (Lee Min Jae), ele é um personagem carismático com seu charme próprio, é o braço direito do Baku, extremamente leal e corajoso.
O que há de mais precioso nessa temporada é perceber as nuances psicológicas do Si Eun, principalmente em relação a primeira temporada. O personagem já sabe o valor de se abrir para outras pessoas, e os benefícios e malefícios disso, então, formar laços para ele é mais viável do que antes, quando os meninos se aproximam, mesmo querendo se afastar, por segurança e medo, ele ainda deixa aberturas, o que é notoriamente diferente da forma que agia antes.
Si Eun já conhece o que é não ficar mais sozinho, e não à toa, mesmo com resistências, consegue formar laços e ser acolhido. São sentimentos contraditórios que se mesclam no personagem e marcam o amadurecimento dele. Os amigos não só o protegem, mas o ensinam que ele tem sim a capacidade de proteger e cada um com sua personalidade diferente trazem uma dinâmica divertida para a história.
Weak Hero Class 2 mescla o tom melancólico, divertido e intenso como se dor, humor e ação andassem juntos. Logo, temos também cenas de ação muito bem executadas, o que já é uma marca desde a primeira temporada. O drama também está muito mais intenso nesse sentido, as cenas de ação são em maiores quantidades e tem uma gama maior de personagens brigando.
Afinal, a história se propõe a levar a luta para um novo nível, trabalhando com a questão das gangues. Assim como os mocinhos são muitos – o grupo de amigos de Si Eun -, os vilões também são mais de um, contribuindo para o ritmo rápido na trama.
Weak Hero Class 2 é uma história que precisa ser distribuída entre 7 personagens e, como tal, tem seus problemas, enfrentando desafios no desenvolvimento de cada um deles. O diretor disse que fez essas escolhas consciente, mas não posso deixar de apontar o que me desagradou nessa nova temporada e, consequentemente, fez a experiência de assistir o drama um pouquinho mais decepcionante frente às minhas expectativas e ao que foi apresentado na primeira temporada da obra.
Existe aqui uma intenção clara de tornar a nova temporada mais leve e rápida do que a primeira, mesmo com o Si Eun em estado de melancolia, o drama tenta não se aprofundar tanto em emoções mais sombrias. Primeiro, porque não tem tempo para isso, são apenas 8 episódios para desenvolver um material robusto. Segundo, porque a produção parece desejar aliviar o fardo do telespectador e tornar a história mais “maratonável”.
Isso teve o efeito contrário pra mim, porque a primeira temporada já era bastante envolvente por si só, e ao tentar tornar a experiência mais fácil para o público, a segunda não consegue atingir o mesmo impacto. O erro está aí.
A sensação que eu tinha enquanto assistia é que não conseguia me conectar profundamente com os novos personagens apresentados. Eles eram legais, mas, até mesmo quando o drama dava um vislumbre de suas vidas, esses momentos não foram suficientes. Veja bem, Si Eun está em um novo ambiente, conhecendo novas pessoas, e tudo isso faz parte de um processo de amadurecimento do personagem, que não acontece de um dia para o outro. Assim, o pouco tempo para desenvolver as relações fez falta.

E se eu for ser bem sincera — e já estou sendo — eu simplesmente não podia me importar menos com a questão da gangue e tal. Primeiro, porque isso me parecia jogado na história. Estaria mentindo se dissesse que achei bem introduzida ou construída. E isso entra em um ponto-chave: os vilões.
De forma básica, nessa nova temporada, temos cerca de três, mas não achei a construção deles boa o suficiente para que eu me conectasse ou os entendesse minimamente. E, sim, isso é essencial (pelo menos pra mim) quando se trata de vilões. Eles pareciam estar ali só porque tinham que estar, como se, em algum momento, precisassem lutar contra os mocinhos, e sua entrada e saída da história eram abruptas. Atribuo isso, novamente, ao ritmo acelerado da narrativa, que não deu tempo para aprofundar os personagens.
E já que estou jogando tudo na fogueira mesmo, devo dizer que quem mais me interessava nesta temporada era o Si Eun. Ele é o protagonista principal, e a história gira em torno dele. No entanto, até mesmo nos momentos cruciais, ele parecia apagado. E não, isso não é por causa do seu estado emocional; é mais como… uma falta de impacto, resultante da inserção inadequada do personagem na trama.
Contudo, não serei hipócrita ao dizer que foi uma experiência ruim, longe disso. Assistir à segunda temporada foi um percurso dentro da média. Para os fãs da trama, desde que lançou, como eu, essa opinião pode ser influenciada pelas altas expectativas e, claro, pelo amor à história. E como mencionei antes, é sempre bom ver seus personagens queridos de volta e acompanhá-los em seu crescimento diante da vida. E a segunda temporada, de fato, nos proporcionou isso, especialmente no que diz respeito ao Si Eun. Mas, melhor que a primeira temporada? Impecável? Perfeita? Não posso afirmar que foi o caso.
Há também uma clara escolha do diretor de não deixar tudo explícito para o público, ele conta a narrativa por meio de fragmentos de memória e de elementos visuais. Mas, o ponto que eu gostaria mesmo de destacar, antes de caminhar para a finalização desse texto, é o elogio às atuações, Park Ji Hoon, continua excelente como Si Eun, ele me impressiona e é possível perceber o amor e dedicação ao papel. Do mesmo modo, Ryeoun, Lee Min Jae, Choi Min Young, Lee Jun Young, Bae Na Ra, Yoo Su Bin, estão todos muito bem em suas performances.
O episódio final de Weak Hero Class 2 parece sugerir uma nova temporada, ao abrir caminhos para novas possibilidades. No entanto, há quem diga que o material original, de onde o drama é baseado, já foi totalmente adaptado nas duas temporadas, o que me deixa em dúvida sobre a viabilidade de uma continuação. Veja bem, é uma história pela qual tenho carinho especial e não gostaria que fosse prejudicada por algo abaixo da média.
Pela forma como a temporada terminou, já me sinto parcialmente satisfeita. Gostaria de continuar acompanhando os meninos em um novo contexto? Com certeza, tenho muita curiosidade para ver como a relação deles se desenvolveu e acredito que há potencial para uma terceira temporada. O meu maior receio, no entanto, é a forma como isso seria construído. Já ouviu o ditado? “Em time que está ganhando, não se mexe”. Porém, só o futuro dirá o que vai acontecer. Minha intuição diz que, provavelmente, eles farão uma nova temporada, sim.

Por fim, Weak Hero Class 2 é sobre a coragem de se deixar atingir, não somente no sentido físico das lutas presentes no drama. Si Eun também apanhou, também revelou seus limites. Mas mesmo quando esteve prestes a cair por completo, ele tentou resistir, levantar, continuar. No físico, se deixar atingir talvez seja levar um soco para proteger um amigo, ou confiar que esse amigo vai chegar no final e terminar a luta por você.
No entanto, Weak Hero explora também as emoções. O que mais gosto na série é abordar o emocional dos personagens diante das estruturas que os moldam, a família, a escola, a sociedade. Então, aqui, ter coragem para se deixar atingir ganha outro peso: significa ser vulnerável, se abrir, construir laços. É confiar, mesmo quando a dor transborda.
Tem algo muito bonito na forma como Si Eun se abre novamente para o mundo. Ele amadurece, permite que as pessoas se aproximem, se livra de amarras e pesos. E aquela cena perto do final me lembra exatamente porque Weak Hero Class continua sendo uma história especial pra mim: ver o brilho no olhar do Si Eun, seu crescimento, sua ousadia em se deixar atingir e também atingir de volta. Esperar por aquilo que ama. Aprender a receber. E a dar. E se reencontrar com seu passado e poder sorrir.
No fim, Weak Hero Class 2 vangloria a amizade como força motriz e o amor também, e mais uma vez, ele mostra os caminhos distintos que os jovens podem tomar em sociedade, mas como quando estão unidos algo mágico pode acontecer. Ele convida a formar laços, proteger quem amamos e a seguir os rumos de nosso coração, mas, não faz isso de forma cor de rosa, porque se deixar atingir é também lidar com a dor, com as decepções e os socos da vida.