Vale a pena assistir O Rei Eterno? Analisamos o k-drama dos mundos paralelos!
Em 2020, o retorno de Lee Min Ho e Kim Go Eun aos k-dramas era um dos mais aguardados do ano. Ele acabava de sair do serviço militar; ela voltava à TV quatro anos após o sucesso estrondoso de Goblin. A combinação parecia perfeita: dois atores famosos, um drama de alto orçamento e — pasmem — o primeiro roteiro de Kim Eun Sook depois de Goblin.
Foi nesse clima de euforia e expectativas altíssimas que Rei Eterno (ou The King Eternal Monarch) nasceu.
Mas… será que toda essa expectativa foi correspondida?
Vamos conversar.
A premissa: um rei, uma detetive e o destino entre universos paralelos
A história gira em torno de Lee Gon (Lee Min Ho), o jovem rei do Reino da Coreia, uma monarquia moderna que existe em um universo paralelo ao nosso. Após escapar de uma tentativa de assassinato na infância, ele cresce determinado a descobrir a verdade sobre aquele dia. Anos depois, ao atravessar um misterioso portal, Lee Gon se vê na República da Coreia, um mundo idêntico ao seu, mas sem monarquia. É lá que ele conhece a detetive Jung Tae Eul (Kim Go Eun), uma mulher prática, corajosa e cética. Entre viagens entre mundos, investigações e conspirações, o drama mistura fantasia, política e romance, explorando o que separa e o que une esses dois universos.
Um rei entre dois mundos, uma detetive cética e um amor que desafia a lógica… parece a receita perfeita para prender do início ao fim, não é?
Onde o drama tropeça:
1. O desenvolvimento do casal

Na época do lançamento, muito se comentou sobre a suposta falta de química entre Lee Min Ho e Kim Go Eun. Pessoalmente, não vejo dessa forma. Nos bastidores e entrevistas, a sintonia entre eles é evidente, e até nas cenas mais românticas do drama é possível perceber a entrega. O problema, na verdade, está no roteiro, o relacionamento entre Lee Gon e Jung Tae Eul se desenvolve rápido demais. O público não tem tempo de acompanhar o amadurecimento dos sentimentos, de se envolver com as pequenas interações e torcer pelo casal. Quando o romance “acontece”, parece que perdemos o momento em que o amor nasceu. Falta construção emocional, aquele fio condutor que faz o telespectador sentir junto com os personagens.
2. A trama dos mundos paralelos

A ideia de dois universos coexistindo — o Reino da Coreia e a República da Coreia — é uma proposta ambiciosa e cheia de possibilidades. Contudo, ao longo da narrativa, a execução se perde. O vilão carece de força dramática, e as versões paralelas dos personagens, que poderiam ser um dos pontos mais intrigantes, acabam subutilizadas. O enredo desperdiça o potencial de explorar outros pontos e personagens secundários, deixando brechas.
3. Complexidade ou confusão?

É comum ouvir que o público “não entendeu” The King: Eternal Monarch/ Rei Eterno, como se o problema fosse a falta de atenção. Mas não é bem assim. Há, sim, uma quantidade imensa de informações, conceitos e reviravoltas e isso exigiria uma escrita mais coesa e menos preguiçosa. Em vez de conduzir o espectador por uma trama complexa, o roteiro se torna, em muitos momentos, perdido e disperso, parecendo não saber o que priorizar. O resultado é uma sensação de confusão, não por profundidade, mas por falta de clareza e tempo de execução.
4. Personagens mal desenvolvidos

A falta de profundidade é outro grande tropeço. Kim Go Eun entrega o que pode, mas sua personagem é inconsistente: começa como uma policial forte e decidida, mas logo se transforma em uma donzela em perigo, dependente do herói. Lee Min Ho, por sua vez, é visualmente perfeito para o papel de rei, mas sua atuação carece de intensidade. Seu Lee Gon parece uma mistura de galã clássico e super-herói idealizado, sem o peso emocional.
O que poderia ter sido melhor…
- Romance mais bem construído: o relacionamento entre Lee Gon e Tae Eul acontece rápido demais, sem tempo para o público se envolver emocionalmente.
- Personagens mais consistentes: Os personagens carecem de profundidade e evolução real.
- Vilão mais forte: o vilão é mal explorado e não impõe ameaça; coadjuvantes como Shin Jae e a primeira-ministra também são desperdiçados.
- Trama de mundos paralelos melhor aproveitada: a ideia é ótima, mas a execução é confusa e rasa, sem explorar o potencial dos universos e dos dilemas morais.
- Roteiro acima da estética: por mais bonita que seja a produção, faltou coerência e emoção para sustentar a grandiosidade visual.
Pontos positivos? Tem, sim.

- Apesar dos tropeços no roteiro, O Rei Eterno tem qualidades que merecem ser destacadas. A estética e a cinematografia são impecáveis, cada cena é visualmente deslumbrante, com enquadramentos grandiosos, cenários luxuosos e uma direção de arte que demonstra o alto investimento da produção. É o tipo de drama que impressiona pelos olhos, com cada frame digno de um pôster.
- Lee Min Ho e Kim Go Eun também conseguem entregar boas cenas de beijo e momentos de ternura, que, embora não sustentem completamente o romance, mostram carisma.
- Mas o verdadeiro destaque é, sem dúvidas, Woo Do Hwan. Com uma atuação carismática e cheia de nuances, ele dá vida a dois personagens completamente distintos e ainda consegue ser o coração do drama. É ele quem traz leveza, humor e emoção às cenas, tornando o bromance com Lee Min Ho um dos pontos mais cativantes da série. A química entre os dois é tão boa que, em muitos momentos, supera a do casal principal. Kim Eun Sook realmente sabe escrever um bromance, e aqui isso fica evidente mais uma vez.
- E, claro, para os mais românticos e sonhadores, há um apelo inegável na força do amor de Lee Gon, capaz de atravessar universos paralelos para reencontrar a mulher amada. Mesmo com falhas, O Rei Eterno ainda consegue despertar aquele sentimento de fantasia e devoção que tanto encanta os fãs de histórias de amor épicas.
Mas… isso salva o drama inteiro? Infelizmente, não.

Então… vale a pena assistir O Rei Eterno?
Se você é MUITO fã dos atores, está com tempo sobrando e gosta de histórias com romances fantásticos, alguns dramas e cenas divertidas, há alguns momentos cativantes.
Mas se você busca roteiro consistente, personagens profundos e um enredo bem estruturado, provavelmente ficará frustrado com o romance apressado, os coadjuvantes desperdiçados e a trama confusa dos mundos paralelos.
Para os interessados, O Rei Eterno está disponível na Netflix