Vincenzo: Impressão semanal – episódio 3 e 4
Olá pessoal, hoje, como foi decidido por vocês, voltamos com nosso quadro que contemos um amor imenso que são as ‘impressões semanais’, para quem não conhece o quadro, ele é o espaço onde vamos falar sobre o drama em um contexto geral, muitas vezes analisando coisas que ninguém viu (E por conta disso podem ter certas teorias e analogias muito doidas que nossas cabeças criam), durante o texto pode ficar explicito o nosso favoritismo perante alguns personagens, mas sempre os analisando de forma geral suas ações como pessoas (Como visto nas impressões de Start-Up). Além disso, esse também é o espaço para vocês deixarem a opinião de vocês sobre o drama sem se importar com o tamanho do comentário, já que eles sempre serão lidos e respondidos. Vincenzo foi o drama escolhido para esse retorno por inúmeros motivos, ele não é um drama comum e nem está situado em nossa zona de conforto, por sabermos que esse seria um desafio árduo, resolvemos nos arriscar.
Quem assistiu aos primeiros episódios de Vincenzo deve ter percebido algumas características que se destacam. O drama começou muito bem, apresentando um pouco da personalidade do protagonista Vincenzo e do seu emprego, sobretudo, os tipos de métodos e forma de agir que nosso protagonista está acostumado, Vincenzo, por estar associado a máfia, não é o tipo de protagonista regular e bonzinho que vemos por aí, ao contrário, ele constantemente quebra as regras e não vê nenhum problema em seguir os meios ilegais, os primeiros episódios mostram muito do Vincenzo italiano por assim dizer, no sentido que o drama começa a história na Itália, a utilização dessa ambientação inicial nos faz acreditar que provavelmente, no decorrer do drama, a narrativa voltará ou achará um meio de ligar o plot principal com a Itália novamente. Dito isso, há uma razão para o Vincenzo ser italiano, e isso pode vir a ser o ponto de ligação do enredo, mas essa é uma teoria. De forma geral, além das características típicas do personagem, que são notórias nesse primeiro contato com a trama, o que também passa forte impressão é a atuação do Song Joong Ki, que está fazendo um ótimo trabalho falando italiano e estampando muito bem as emoções de seu personagem. Aliás, todo o elenco de “Vincenzo” nos agrada imensamente, as atuações de todos estão muito boas e bem sincronizadas. A personagem feminina (Cha Young) arrasa com suas caras e bocas, o jeito ousado e determinado de ser, nesse primeiro contato algumas de suas atitudes podem incomodar, mas, a maioria causa diversão e risos. Logo, uma coisa que é garantida nesse drama são os risos, esses quatro episódios comprovam que a trama usa muito bem o humor a seu favor, satiriza diversas situações, utiliza humor nas situações mais corriqueiras e que facilmente podem identificar o público que está assistindo. Outro elogio que vai a essa estreia é o bom emprego da trilha sonora, uma ótima sacada ao recorrer a mesma como fonte de humor, toda a adição da música de ópera ao fundo e dos sons dos instrumentos clássicos, dão um ótimo toque de Itália e também servem as diversas situações que a trama propõe ao abordar suspense, tristeza ou humor. De forma geral, Vincenzo é uma estreia divertidíssima, com personagens que prometem e que no decorrer desses quatro episódios nos mostrou muito, manteve um ritmo perfeito e envolvente, mas, acima disso, colocou algumas questões para nós destrincharmos melhor, ainda mais no que se refere aos dois episódios que são foco desse texto, as impressões dos episódios 3 e 4 respectiva.
O mais interessante nesses dois episódios que passaram, o episódio 3 e 4, além das cenas impactantes, da emoção explicita e do humor palpável, é as nuances dos personagens da história, suas aspirações e objetivos, e o que cada um mostra e carrega dentro de si e o potencial de evolução deles. No que diz respeito ao personagem do Vincenzo Cassano, nos primeiros episódios as atitudes dele geram curiosidade para saber mais sobre suas reais intenções, o Vincenzo que conhecemos no episódio 03 é um personagem que consegue se identificar com as emoções de outras pessoas e seus objetivos, isso é evidente com a relação que ele estabelece com o pai da Cha Young, é notório ali que ele nutre apreço pelo advogado e se preocupa realmente com ele. Assim, por mais que sua primeira mascara a ser notada seja de uma pessoa fria e calculista, ele surpreende porque no decorrer evidencia que também possui sentimentos, medos, e também é capaz de estabelecer conexões com as pessoas, a própria questão que ele possui com a mãe que o abandonou e o dilema que ele passa em relação a aproximação ou última conversa com a mulher são marcas disso. O que quero dizer é que o Vincenzo carrega uma dualidade que é a fonte do drama, pois gera humor, reflexão e apreensão, uma cena interessante que comprova isso é quando aquele homem que foi atrás dele para investigar presencia o mafioso proibindo os estudantes/jovens de fumarem cigarro, pode ser óbvio mais as pequenas cenas cotidianas como ele se incomodando com o pombo na janela ou quando a água do chuveiro dá problema, vão denotando ao longo desses episódios o lado humano do personagem e fazendo se correlacionar com ele e gostar do personagem, são bons passos iniciais para a construção dele na trama.
O que ficou evidente para nós em relação ao episódio 03 é também que, sutilmente, ele oferece muitas reflexões e frases interessantes as pessoas que ele se importa, quando ele fala para Cha Young sobre os arrependimentos ou quando ele fala para o pai da personagem que ele pode se machucar, entre outras cenas, o interessante também nesses casos é a postura desesperançosa dele em relação ao mundo em si, percebe-se claramente que ele não espera muito, mas que por mais que tenha determinadas atitudes fora da legalidade por assim dizer, ele segue determinados princípios próprios. O episódio 04 denota bem o outro lado Vincenzo que não mede esforços para atingir o que quer, basicamente os fins justificam o meio, em suma quando ele entra em uma guerra é para vencer, o que gera também apreensão para o que mais o personagem pode vim a tramar, a cena dele colocando medo na promotora foi tudo, além de mostrar que para o personagem é tudo ou nada. Logo, a principal reflexão que o personagem nos traz nesse primeiro momento é acerca da própria concepção de justiça, bem como de bem e do mal, ele não é vilão, mas tampouco é o herói puro que estamos acostumados a assistir.
Assim como o Vincenzo, Cha Young é uma personagem que teve uma mudança considerável entre os episódios 3 e 4, ela é uma pessoa que pode ter causado opiniões contrárias, até o episódio 3, podemos perceber nela uma mulher que tem um jeito ousado e determinado de ser, não abaixa a cabeça para ninguém, gosta do dinheiro, e não vê problema em advogar em prol dele (tanto que há uma cena em que ela conversava com seu estagiário, e dizia a ele que se não há problema em usar dinheiro para resolver problemas), ela constantemente utiliza os meios ‘sujos’ de sua profissão, tais como os subornos, as mentiras e alguns outros. Apesar de possuir uma relação ‘bagunçada’ com seu pai, fica obvio que ela tem um laço extremamente forte com ele, e possui o desejo de provar a ele o quão boa ela é no que faz. As suas cenas até o episódio 3, trazem uma reflexão do que é o certo ou o errado, até onde levamos uma mentira que desejamos transformar em verdade, e quais são os limites dos nossos princípios. Além disso, ela é uma grande fonte de humor para o drama, já que é uma pessoa bem expressiva e fala o que quer, quando quer, sem se importar com quem está ouvindo.
No entanto, a partir do episódio 4, podemos perceber uma mudança nela, quando ela sofre a perda de seu único ‘suporte’, após ter falado tantas coisas que não deveria, o sentimento de arrependimento e o primeiro que aparece, fazendo com que sua armadura comece a ruir, até o momento, ela usava uma mascara de uma pessoa forte, impenetrável e que faria o que precisasse pelo dinheiro, porém, quando o alvo passou a ser sua família, ela percebe o quão duro é ser a vítima, e com isso acaba por mostrar um lado frágil e vingativo, o qual não tínhamos visto até então. Apesar disso, ela não se deixa ser consumida por tais sentimentos de fragilidade e fraqueza, ela alimenta o de vingança, pois foi esse o sentimento que coordenou seu coração após descobrir a ‘verdade’. A partir do momento que ela enxerga a sujeira do caminho a qual ela percorria, ela decide se livrar dele, tanto que ela pede demissão do trabalho que consumia seus princípios e ideais. Sendo assim, essa é uma personagem que encanta por sua determinação, não é ‘pecado’ errar, mas a parti do momento que você continua a andar pelo mesmo caminho sujo após descobrir a realidade, se torna ‘pecado’. Assim como o Vincenzo, ela não será o tipo de protagonista que estamos acostumados a ver, não é uma heroína ou uma vilã, ela é apenas uma pessoa comum.
Vincenzo é um drama que conseguiu em apenas quatro episódios, trazer assuntos variados para discussão e levantar muitas reflexões, principalmente discussões referentes a ética profissional e pessoal, como a dos advogados que advogam em prol do dinheiro ao invés de advogar pela justiça, esse tópico podemos perceber no advogado Hong, que era o pai da Cha Young, e na Promotora Choi. Hong Yoo Chan é um advogado que é admirado por seus clientes e detestado por muitos advogados, ele leva uma vida simples e rotineira (sempre vai ao mesmo bar, vai trabalhar na mesma hora e tudo mais), é o tipo de advogado que defende a quem precisa (mesmo se a pessoa não tiver dinheiro) e faz o máximo que a lei e os seus princípios permitem, para que a justiça seja feita. Apesar de viver em uma país que em suma é injusto com as pessoas, principalmente com as pessoas de menos posses e dinheiro, ele não abaixa a cabeça para essas injustiças, ele faz o que precisa para corrigir isso. No entanto, o jeito que ele leva sua vida, acaba fazendo com que ele sempre crie embates com sua filha, Cha Young, que infelizmente não seguiu seus passos inicialmente, mas ele a conhece a ponto de reconhecer que as falhas que ela tem, e o fato dela perdida nesse caminho por estar deslumbrada com o dinheiro. Além disso, ele é um bom observador e avaliador, pois além de reconhecer o lado bom que habita em sua filha, ele conseguiu ver o lado bom do Vincenzo, que ele tanto deseja esconder, apesar de não ser os mesmos meios, eles possuíam o mesmo objetivo, que é defender aqueles inocentes. Em contrapartida, temos a promotora Choi, ela é uma pessoa que inicialmente podemos confundir como uma pessoa ‘boa’, no entanto, sua maldade é revelada ao vermos o lado da história a qual ela está localizada, que é o lado do dinheiro.
