Love Scene Number: uma análise sobre a mulher

Love Scene Number: uma análise sobre a mulher

Olá pessoinhas, como vocês estão? Espero que bem! Bom, hoje eu, Alice, estou aqui para mais uma resenha do Dialogando, como estou na vibe de dramas pequenos e simples, este é um deles. O drama a ser resenhado é o minidrama sul-coreano Love Scene Number, que foi produzido ela emissora MBC, contém apenas 8 episódios (de 60 minutos cada) e está disponível para ser assistido através do Viki Plus e Kocowa. Além disso, este drama possui a classificação de +18, pois contém violência, palavrões e outras coisas.

Este minidrama possui um formato diferente aos outros, os oito episódios são divididos em quatro histórias diferentes (dois episódios para cada uma), e durante essas histórias veremos quatro mulheres em idades e personalidades diferentes, passando pelas turbulências de suas escolhas de ações, e principalmente, as veremos caminhar por seus trajetos amorosos e pessoais. Além disso, o drama trará reflexões por meio das ações delas.

A personagem que comanda os episódios 1 e 2, é Do Ah (Kim Bo Ra), ela é uma jovem de 23 anos que tem dificuldades de lidar com os seus sentimentos e por conta disso tende a fugir e ‘atacar’ quando percebe que algo ‘diferente’ está surgindo em seu coração, ela é uma pessoa um tanto solitária, e por conta disso, está sempre em busca de qualquer tipo de companhia. Como estuda psicologia, resolveu ir em busca de um ‘relacionamento perfeito’, e para ela, essa relação perfeita está presente no relacionamento aberto (acho que ela só esqueceu de contar para os seus parceiros que eles estavam em um relacionamento aberto, já que a meu ver, o que ela fazia com eles era traição). Aos poucos ela consegue reorganizar seus pensamentos e sentimentos, principalmente com o fato que ocorre com ela quando uma foto intima dela é publicada, pois, no momento do acontecido ela vê a verdadeira face das pessoas que estavam a sua volta, enquanto ela os categorizava para ‘ações’ determinadas, acabava se esquecendo de conhece-los a fundo, vendo que além das qualidades, eles tinham defeitos.

Kim Bo Ra em Love Scene Number – Foto: Reprodução/Viki

Através as trajetória desta personagem, que é atrelada a ideia de ‘busca’, uma vez que a Do-ah está em busca da aceitação de seus sentimentos, e através das coisas pelas quais precisa passar, podemos ver que a sociedade em si é ‘suja’, mulheres tentando derrubar mulheres por ciúme, raiva, inveja e/ou qualquer outro motivo, usando sempre o meio mais degradante, por saberem o quanto isso machucaria. Inclusive, a personagem faz uma reflexão interessante sobre como as pessoas tendem a generalizar atos, ela diz a seguinte frase: “(…) como isso é motivo pelo qual falam mal das mulheres? Se acha que fiz algo errado, fale de mim. Se puserem a culpa dos meus atos em meu gênero, só mostrarão o quanto são ignorantes. (…)“.

Já os episódios 3 e 4, são comandados pela Ha Ram (Shim Eun Woo), ela é uma jovem com seus 29 anos, sempre viveu como uma boa filha, se esforçando ao máximo para ser o orgulho de sua mãe, que a criou sozinha, por conta disso, ela acabava guardando muitas mágoas passadas em seu coração. Depois de tanto viver uma vida monótona, fazendo apenas as coisas que ‘eram certas’, ela resolve aliviar sua mente e fugir de todo o peso que ela carregava, de fazer 30 anos no ano seguinte, estar prestes a se casar e formar sua família, o medo dos seus alunos, a sua mãe começar a separar suas vidas, os pesadelos constantes e outras coisas. Com essa personagem podemos ver o quão ruim é não poder desabafar, além disso, seus episódios são simples e íntimos sem ser vulgar até por isso, acredito que por isso ela foi minha personagem favorita do drama -, sua mente confusa demora para se arrumar, no entanto, ela percebe que deveria começar a seguir seu próprio caminho. Sem se importar com o que diriam, ela tinha que se importar com seu próprio bem estar e felicidade.

Shin Eun Woo em Love Scene Number – Foto: Reprodução/Viki

Sua história de amor também é simples e bonita, no início poderia parecer que havia um certo desconforto entre eles, no entanto, aos poucos vamos vendo o quanto o dialogo ajuda em uma relação, a partir do momento que eles passam a expor seus sentimentos, percebem onde erravam, onde acertavam, onde poderiam vir a melhorar, e que se amavam. Além disso, seus episódios trazem uma reflexão interessante sobre o pertencimento e o casamento, em determinado momento, a Ha Ram se encontra com uma mulher chamada Ji Sung (Kim Young-a), que era uma moça despojada, a qual Ha Ram havia observado algumas vezes, e em meio a conversa delas a Ji Sung fala “(…) deixa eu te contar uma coisa. O casamento não é necessários para todos, é óbvio, mas as pessoas parecem não saber disso (…)“.

os episódios 5 e 6, conheceremos Ban Ya (Ryu Hwa Young), uma mulher de 35 anos e que leva uma vida solitária, ela é uma diretora e roteirista de filmes, enquanto estava em sua juventude teve que lidar com um momento muito traumático que a fez passar a ter pesadelos constantes e que os sentimentos de ressentimento e medo se tornaram uma presença forte no seu dia a dia,  denotando que seu verdadeiro medo de si mesma e de sua ambição. A sua história de amor criada na narrativa dela é algo turbulento, pois ambos personagens estavam marcados por esta memória ruim do passado, e além disso, o diretor Hong, que é o seu par, era um homem que ainda estava ‘oficialmente’ casado, apesar de ter pedido o divórcio e vivido longe de sua esposa por oito anos.

Ryu Hwa Young em Love Scene Number – Foto: Reprodução/Viki

Com a Ban Ya percebemos que tudo tem um lado ruim, tanto as pessoas quanto as profissões que nos consome de uma maneira que nos deixa sufocados e com medo do que pode vir a seguir, algumas dessas pessoas são fortes para suportar toda essa pressão, no entanto, nem todas são assim, e acabam procurando meios para ‘descansar’. O que achei interessante em sua narrativa foi mostrarem que nem todo mundo vai conquistar a vida rapidamente, o importante é que, mesmo que você tenha um medo constante, não desista, continue a sua jornada sem menosprezar o seu trabalho, segundo o diretor Hong, em um momento que ele conversava com a Ban Ya, “(…) tudo bem ficar apavorada. Isso faz parte do processo”.

Por último, mas não menos importante, nos episódios 7 e 8, veremos um pouco da vida de Chung Kyung (Park Jin Hee), uma mulher de 42 anos, e que trabalha em uma marcenaria. Ela é casada a vinte anos com o Woon Beom (Ji Seung Hyun), a vida do casal é marcada pelos dias monótonos, antes de namorarem, eles eram bons amigos, então nesta relação podemos ver que além de companheiros a muito tempo, eles são melhores amigos e que conhecem muito bem um ao outro. Em um determinado dia, Chung Kyung descobre algo que ela não sabia sobre seu marido, e com isso, acaba se tornando uma pessoa obsessiva com as ligações e saídas sem aviso dele. Apesar de não ter conseguido me conectar com essa personagem (o que resultou em um parágrafo menor para ela), preciso confessar que gostei muito da forma que trabalharam a relação dela com o marido, mostrando que eles sempre foram companheiros de vida, apoiando um ao outro em todos os momentos.

Park Jin Hee em Love Scene Number – Foto: Reprodução/Viki

Podemos aprender com a Chung Kyung e o Woon Beom sobre o perdão, e também que certas dores não se curam facilmente, o tempo pode passar, mas ela só vai amenizar e que o casamento não é fácil e nem ‘belo’ como fazem parece. Tem uma frase que um amigo do casal disse que me encantou muito, que é “um motivo pelo qual o casamento é entediante é porque quando deixam de ser namorados, para serem casados e viverem como uma família, não tem mais oportunidades para ver racionalmente o qual é interessante”.

Além dessas quatro personagens principais que acabei de apresentar, vamos conhecer um pouco da Ji Sung também, ela é uma escritora famosa que estará presente em todos os episódios da trama e tem sua história desenvolvida um pouco mais nos episódios 5 e 6. Ela é uma mulher intensa e de opiniões fortes, por conta disso, ela será o pivô de muitas ocasiões durante a trama, algumas delas, ela estava comandando e outras que ela estava apenas assistindo e se divertindo.

O que o amor representa em cada fase da vida? Qual são nossas prioridades? O que devemos fazer com as nossas vidas? Posso jogar anos no lixo por conta de ‘fofocas’? O casamento precisa ser sempre feliz? Estes são os questionamentos que o drama levanta e tenta responder da forma mais clara e breve possível. Apesar dele ser curto, ele tem uma proposta bonita de mostrar alguns dos percalços que as mulheres precisam passar em suas vidas, como ser chamada de nomes impróprios, sofrer com a generalização que as pessoas criam, dúvidas sobre a vida, um medo constante, dúvidas sobre o parceiro, a dor da perda e outras coisas, e por mais que tratem de maneira ‘leve’ é um drama que consegue fazer com que a gente reflita sobre os tópicos que levanta.

O drama reuniu um bom elenco que conseguiu realmente transpor os sentimentos e confusões dos personagens, por mais que eu tenha amado todas as atuações, preciso dar uma margem maior para falar da Kim Bo Ra, eu amo essa atriz, acompanho os trabalhos dela há muito tempo, seja ela sendo figurante em Master’s Sun, coadjuvante em Her Private Life ou Protagonista em Touch e neste drama, eu simplesmente adoro essa atriz e achei que ela estava muito boa neste papel. A trama também conseguiu trazer fotografias muito bonitas e uma ótima inserção de ost. Além disso, a maneira que as narrativas foram desenvolvidas me encantaram, eles não deixam a desejar e fazem um bom uso do tempo de execução, fazendo com que por mais que sejam apenas 2 episódios para cada narrativa e que tenham muito o que falar, não ficam assuntos vagos dentro delas. Bom, não tenho muito o que falar a não ser dizer que amei este drama, o fato dele trazer um protagonismo 100% feminino pode ter sido um fator crucial, mas a maneira que eles abordam cada tema, conseguindo que sentisse vontade de sorrir e/ou chorar junto aos personagens, também foi um fato que pesou. Então terminarei esta resenha fazendo um pedido para que vocês assistam a este drama, pois ele é realmente bonito e interessante.

Alice Rodrigues

Estudante de Comunicação social – Jornalismo, e atuando como social media, criadora de conteúdo digital e assessora de imprensa. Além de amar conhecer novas culturas, é viciada em ler e ouvir inúmeros podcast de assuntos variados. Dorameira desde de 2016, adora acompanhar e analisar narrativas e conteúdos que fazem parte da criação de um drama (elenco, filtros usados, fotografia, simbologia das cenas e outros).

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