Private Lives: Crime, mistério e romance

Olá, aqui é a Brenda. Neste momento, estou em crise me perguntando como vou resenhar “Private Lives”, desafio que pretendo fazer nesse texto que se inicia. Sentada calmamente (ou nem tão calma assim) na sala da minha casa estou tentando absorver a quantidade de informações recebidas e formar uma opinião coerente e clara sobre o drama. De antemão, vou logo dizendo que vocês podem encontrar “Private Life” para assistir na NETFLIX e que esse texto vai ser grande.
Como a tradução do nome do drama já diz, Private Lives é uma história que vem com uma proposta de discutir a cerca da vida privada das pessoas, sejam elas comuns ou políticos, a trama acompanha quatro “golpistas”, pessoas que são acostumadas em ganhar a vida enganando as pessoas, isto é, forjando sua própria vida privada e, em muitos momentos, utilizando os segredos da vida privada das outras pessoas para lucrar. A trama começa a se desdobrar quando esses quatro personagens principais, de uma maneira ou de outra, envolvem-se com o grupo empresarial GK, o grupo possuir um departamento de inovação que tem como propósito vigiar e controlar as vidas dos cidadãos, violando sua privacidade e utilizando tais informações, muitas vezes, para interferir em questões políticas.
Primeiramente, preciso afirmar que não necessariamente esses quatro personagens principais formam um “grupo” com os mesmos objetivos e lutando em favor de uma causa comum, muito pelo contrário, inicialmente em Private Live é difícil distinguir quem está do lado de quem e qual o propósito de cada personagem. Cada personagem em Private Live tem uma motivação própria, um interesse para si próprio. É difícil colocar também esses personagens no espectro do “bem” ou do “mal”, eles carregam partes boas e partes ruins, decisões legais e decisões não tão legais assim. Mas há um vilão em comum, pelo menos um que aparentemente a história insiste em colocar no centro da maquinação, esse inimigo dos personagens no enredo é a GK, o grupo empresarial que está envolvido em acontecimentos da vida dos quatros personagens principais.
Não posso dizer que entendi completamente a essência de Private Live e, por isso surge a insegurança ao escrever essa resenha, eu compreendi os acontecimentos à medida que eles foram acontecendo sim, mas foram uma quantidade grande de informações. Em aspectos gerais, Private Life é um drama que contém política, investigação/ mistério, romance, ação, pitadas de comédia e drama, estou deixando os gêneros bem claros para dizer que quem se aventurar na obra precisa estar ciente de que não é apenas um romance. Todavia, o elemento romântico está presente na história, com isso, ouso dizer que a melhor qualidade de Private Life é os casais, o drama apresenta dois casais e cada ator/atriz tem muita química com seu respectivo par. Melhor dizendo, os atores/ atrizes fazem um trabalho de atuação muito bom, eles são convincentes com seus personagens e cativam (Adorei a atuação do Edward Kim). Senti apego pelos personagens principais, me importei verdadeiramente com o destino deles, e quando terminei senti certa saudade deles, adorei o romance desenvolvido, já que por não ser o foco da trama, o romance é sem frescuras e tem muitas cenas de beijos. Entretanto, nem tudo são rosas nessa história e há também aqueles pontos que a trama deixa a desejar e para contar esses pontos para vocês, decidi voltar ao começo da minha experiência vendo o drama.
Os episódios iniciais (até a metade do drama?) de Private Live foram bastante empolgantes para mim tinha uma certa expectativa para a história e fiquei muito feliz com o desenrolar dos acontecimentos, havia um mistério envolta dos personagens e eu estava interessadíssima para descobrir, bem como o romance entre os dois protagonistas me cativou desde o início. A história apresentou um recurso interessante baseado na abordagem do mistério por meio da perspectiva dos quatro personagens principais, assim no início de cada episódio tomávamos consciência de qual visão sobre a “vida privada” cada um tinha e como isso condizia com o que seria apresentado no episódio. Ao abordar a visão dos personagens alternadamente em cada episódio, o drama também abriu uma brecha para entendermos um pouco do passado deles, mesmo que de forma ínfima. Como disse anteriormente, existe um ponto de questionamento perante os personagens da história (alguns mais do que outros), no sentido que “Ele está do lado de quem? O que ele quer com isso? Qual o intuito dele?” são recorrentes, então conhecer um pouquinho da perspectiva deles foi importante e talvez seja o motivo que gerou certo apego em mim, observar como eles estavam envolvidos amorosamente e conhecer o passado deles foi crucial para meu processo de gostar dos personagens.
Contudo, ao mesmo tempo que essa forma de contar a história foi interessante ao apresentar a visão breve dos protagonistas, acredito também que tenha sido um recurso que veio a tardar o desenrolar da trama e contribuiu para a confusão de informações. Primeiramente, porque não foi fácil entender todos os acontecimentos presentes na narrativa, há uma grande quantidade de informação apresentada em cada episódio e nem sempre é apresentada de forma clara, não peço por um drama mastigado. Porém, à medida que os personagens adentram nos seus propósitos, mais a trama começa a se embaralhar. Na minha visão um fator que caminha lado a lado com esse efeito de embaralhamento que muita gente sentiu ao ver o drama é a quantidade de personagens/protagonistas que a obra precisa trabalhar e, obviamente, o caminho que o roteiro escolhe trilhar.
Além disso, precisamos estar cientes que por ter elementos políticos em um contexto não tão claro assim, o drama se torna mais confuso, o elemento politico já não é por si só fácil de entender. Adicione a isso, uma quantidade de informações não tão bem organizadas, jogadas na história, com a utilização, em alguns momentos, do recurso temporal de passado e presente contribuindo para a dificuldade no esclarecimento de todo o rolê que está acontecendo. Veja só, não estou dizendo que é impossível entender Private Live, não é impossível, durante boa parte da história mesmo ela apresentando muita informação eu pude entender, só que é preciso de paciência, atenção e amor aos personagens, pois a medida que a história vai chegando ao fim parece que ela fica um pouquinho mais confusa.
Outrossim, acredito que o roteiro possuir uma mania de acrescentar informações, que criam sim elementos inesperados e surpresas (reviravoltas), mas são uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que podem ser a cura, atrevo a dizer que podem vir a se tornar a doença. Pois, à medida que o acrescimento de reviravoltas se consolida, há também um aumento das brechas na história, quando chega ao final do dorama fica perceptível que algumas coisas não foram explicadas direito e que existiram momentos que alguns plots foram mal introduzidos, isto é, apesar de fazerem sentido até determinado ponto não foram bem colocados no enredo. Os plots surpreendem, mas não enriquecem muito a história, empobrecem, pois o telespectador sente que há algo errado mesmo não sabendo o quê. Esse acréscimo vai crescendo como uma bola de neve e quando chegamos no final da história, temos um final apressado e aberto.
O Final de “Private Live” fecha um arco, resolve os principais problemas que se propõe, tem uma derrota dos principais “vilões” da história, mas termina abrindo outro arco, a abertura desse outro arco pode vim a ser explicado pois, de uma perspectiva realista, o conflito e mensagem principal da história, o jogo de poder e a luta por ele não termina nunca e continua presente na sociedade. Eu gostei do final? Sinceramente não, acredito que deveriam terem começado a resolver os conflitos que a história apresenta bem antes e não deixado para última hora. Porém, de um ponto de vista mais emocional da minha parte, afirmo que não foi um final ruim propriamente dito, pode vim a satisfazer algumas pessoas.
Acho que me superei na falação nesse texto, continuem comigo (KKKK). Em relação as personagens femininas, o interessante e positivo é a história colocar elas duas como fio condutor de começo dessa história toda, elas vão puxando a história, e são duas mulheres fortes, valorizo muito esse tipo de representatividade feminina. Sobre os quatro personagens de forma geral, na minha opinião são todos bons personagens, com suas nuances, mas que, em muitos momentos, foram mal aproveitados. Há uma frase presente no episódio 16 que se refere ao esquema criado pela GK, mas que pode muito bem se referir a inserção dos personagens no drama, a frase é “Somos só personagens do filme que eles apresentaram”, e sim personagens com grandes potenciais, terminam estando sujeito há um roteiro que confunde e não aproveita bem eles, terminam sendo só personagens obrigados a seguir o roteiro (faz sentido isso que falei pra vocês? Bem, não sei nem se essa resenha faz sentido kkk).
Para finalizar, porque vocês não aguentam mais minha resenha mais doida já escrita, afirmo que Private Live me surpreendeu, seja negativamente ou positivamente ambos aconteceram ao longo da história, seja surpreendeu com as reviravoltas, pois sim eu surtei muito, seja com a inutilização de algumas capacidades não exploradas e a resolução rápida de certas situações que foram prolongadas, mas ainda amo todos os personagens principais da obra (Spy Lee e Joo Eun e Sophia Jung e Edward Kim).
Portanto, gosto que mesmo em meio as minhas muitas reclamações, o drama conseguiu me fazer pensar sobre a privacidade, sobre o quanto nossas informações privadas são importantes, e o véu de segredos que cada pessoa esconde somente para si, foi impossível não me questionar sobre o verdadeiro eu das pessoas, pude refletir sobre até que ponto cada pessoa conhece realmente a vida privada da outra, nesse mundo em que a privacidade se tornou uma mercadoria, que o repasse de informações está mais fácil e rápido, que as aparências importam mais que tudo e em que “as pessoas compartilham suas vidas privadas em nome da felicidade”. Além disso, meditei também sobre os limites do poder, a ambição desenfreada, corrupção e o poder que determinadas organizações podem adquirir possuindo os dados pessoais de outras pessoas, acima de tudo, eu pensei nos desenrolares malucos que um simples livro-caixa pode acarretar.
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